Império do Açaí e Casa de Cultura Candearte

Escolher a montagem do pote pode ser uma tarefa divertida para quem vai ao Império do Açaí, no número 168 da Rua Doutor Carlos Siqueira Neto, em Taboão da Serra. Além dos cremes de açaí e cupuaçu, são oferecidos os de banana caramelizada, chocolate belga, leite em pó, paçoca, creme branco trufado e iogurte grego. As combinações são variadas e é possível adicionar frutas. Os valores variam entre R$ 8 e R$ 16.

José de Assis, 44 anos, dono do Império do Açaí, conta que as pessoas se surpreendem quando chegam. “É que o pessoal não conhece os outros cremes”, conta.

“Sou apaixonada pelo creme de avelã. É maravilhoso. O diferencial é que não é só o açaí e o cupuaçu. Você consegue fazer um mix diversificado e tem também os acompanhamentos”,  confirma Luana Cozzani, de 28 anos, vizinha e frequentadora do lugar.

Para Vanderlei de Souza, 42 anos, morador do Parque Pinheiros, as opções no bairro têm que ser valorizadas. “Se você não valorizar o comércio do seu bairro, ele acaba, né? A gente estava ao lado do McDonald’s e eu falei: ‘vamos comer lá [no Império do Açaí], que lá eu sei que tem um cachorro-quente gostoso, minha filha conhece, já comeu aqui. O ambiente é bom, é limpo, organizado.’ É um lugar em que gostamos de estar juntos”, ele conta.

O Império também oferece lanches e salgados. Aos sábados, se quiser comer uma feijoada, é só ligar e reservar. O prato é preparado lá mesmo. Pode ser uma ótima pedida para quem chegar para a roda de coco da Casa de Cultura Candearte, vizinha do estabelecimento. De longe dá para reparar na Casa, que tem na parede uma arte festiva. De lá é um pulo para chegar ao Império do Açaí. A roda é realizada no segundo sábado do mês, sempre às 19h. 

Na cocada, os participantes cantam em coro e batem palmas em uma roda. Os dançarinos, sempre em dupla, são convidados a entrar no círculo. Os movimentos dos pés acompanham a batucada, com muita personalidade no jeito de pisar. Apesar de características tradicionais, cada um compõe a dança como quiser.

“Eu sempre digo, na minha música, que pra dançar coco não precisa ser bailarino. É só você sentir a energia e dançar do seu jeito de dançar”, afirma Geraldo Magela, idealizador do grupo artístico Candearte. A palavra “candear” significa “conduzir carro de boi”. Magela conta que deu esse nome ao projeto porque desejava candear, guiar um carro de boi com muita poesia, música, cultura popular… com arte.

Casa de Cultura Candearte: Rua Marcelino Corrêa de Melo, 1 – Parque Maraba (https://www.facebook.com/CulturaCandearte/) – Evento Gratuito.

MC’Sapé e Dub do Sapé

O X-Tudo é a grande atração da lanchonete Mc’Sapé, localizada na favela do Sapé, na Zona Oeste de São Paulo. O lanche vem em um pão com gergelim macio, com ovo frito de gema mole que causa explosões na boca, bacon crocante, hambúrguer suculento, presunto, queijo e salada fresca. Um clássico, mas melhor, porque custa apenas R$ 11.

A lanchonete é administrada por uma família que mora na região e funciona há mais de dez anos dentro de uma garagem. Durante a noite são colocadas mesas na calçada para os clientes ficarem confortáveis, criando um ambiente agradável – especialmente se o clima colaborar.

Para os amantes de doce, merecem destaque os bolos de pote caseiros. O mais pedido é de chocolate com morango. A massa molhadinha é acompanhada de brigadeiro e frutas. No verão (ou inverno, para os mais ousados), é possível pedir sorvete de acompanhamento.

“Frequentamos a lanchonete há muitos anos. Costumamos ir antes da Dub para dar energia pro rolê, mas também vamos em outros dias com a família toda. A rua da lanchonete é bem tranquila, então meus sobrinhos e filha mais nova sempre ficam brincando enquanto dividimos as porções – que são bem grandes”, comenta Daniela da Silva, de 38 anos.

A Dub que ela menciona acontece a poucos passos da lanchonete, em uma praça em frente à Escola Brasil Japão. É um evento com grandes caixas de som, onde as pessoas se reúnem para dançar remixes de músicas jamaicanas. Por ser organizado por jovens e acontecer no fim da tarde, o evento é visto como um rolê juvenil, mas Daniela discorda. Para ela, é um espaço onde a família toda pode ir. “Quem quer dançar costuma ficar perto das caixas de som, mas tem os bancos e mesas da praça onde as pessoas ficam conversando também. E dá para levar até crianças, que ficam brincando na rampa de esqueite e na quadra de futebol”, conta.

Daniela faz questão de levar a filha, Ana Caroline, de 18 anos. “A Dub me lembra muito a minha juventude. Eu gosto de ir com a Carol para mostrar outras culturas para ela. Além de passarmos esse tempo juntas, consigo contar como era aquela época por meio das músicas.”

DUB DO SAPÉ: Praça Brasil Japão – Sapé (https://www.facebook.com/OESTEMUSicSS/) – Evento Gratuito.

Publicado em novembro/2019. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

A Barca

O creme da frutinha roxa, típica da Amazônia, espalhou-se por todo o Brasil. Mas aqui, na capital paulista, é raro encontrar o fruto sendo servido como é comido no Pará: salgado. Não é o caso do food truck A Barca. Há mais de seis anos, Marina da Silva, de 46 anos, faz questão de manter a tradição passada de geração a geração em sua família paraense. Serve o açaí puro, sem açúcar e com farinha de tapioca.

Além da experiência gastronômica, Marina também se preocupa em transportar o cliente para outro universo. Seu food truck conta com cadeiras e um lugar tranquilo para bater um papo, ainda que em meio às agitações da cidade de São Paulo, no Rio Pequeno, Zona Oeste. “A gente não quer só vender, mas proporcionar um tempinho de sossego às pessoas”, diz.

A clientela é diversa e, para agradá-la, o local oferece, além do açaí tradicional (a R$ 15), um cardápio vasto com outras opções, como brigadeirão, sorvetes e lanches. Tudo, no entanto, é servido em pequenas barcas (para honrar o nome). É possível variar as combinações do açaí. Para quem prefere comer a fruta doce, pode-se combinar com duas bolas de sorvete, cobertura e seis acompanhamentos que vão desde a tradicional paçoca e granola até Ovomaltine, Kit Kat e frutas como morango, banana, cupuaçu e manga (R$ 30).

Para Kelly Yuki, de 22 anos, ir ao food truck é o momento de pausa no qual ela pode estar a sós com seu companheiro. “A gente sempre vai lá, não só pelo açaí ser o melhor, mas por ser um lugar onde conseguimos ter um momento sem as crianças”, diz.

Publicado em novembro/2019. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

Restaurante e Lanchonete Amizade

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

O Restaurante e Lanchonete Amizade é um espaço destinado aos amantes de feijoada e samba. O local, próximo ao Rio Pequeno, na Zona Oeste da cidade, tem decoração que remete à cultura do agreste. Como prato principal, todos os sábados, serve a versão nordestina da feijoada.

Para acompanhar, há sempre uma roda de samba ao vivo, composta por cinco músicos que variam entre o samba-canção, com ritmos lentos e letras românticas, e o pagode moderno, com uma agitada percussão.

Cristina Augusto, 52 anos, dona do lugar, afirma que a ideia de abrir o negócio vem da vontade de unir as famílias da comunidade, de oferecer um espaço a onde as pessoas possam ir e ouvir boa música, juntas. “Cada vez menos você encontra lugares para sair para comer, se sentar ou levar as crianças. Por isso, junto com meu irmão e com a ideia de manter a tradição de feijoada com roda de samba que acontecia aos sábados na nossa casa, criamos o restaurante. A feijoada é uma receita caseira de família e por isso se torna única. Tem esse nome para ser um lugar de fazer e aprofundar amizades”, diz.

A famosa Feijoada da Amizade tem diversos cortes de carne, costelinha e pé servidos com um suculento feijão-preto e acompanhados de toucinho, arroz e couve. Dá para até três pessoas e sai por R$ 37.

Patrícia Alves, 28 anos, mora em Taipas, Zona Noroeste da cidade, e se desloca todos os sábados com seu companheiro para comer o prato, o que para ela é uma viagem no tempo até a comida de sua avó e às origens de sua família pernambucana. “A comida aqui é bem temperadinha e caseira, mas a feijoada é de longe o melhor prato da casa e a melhor que já comi. O ambiente é bem acolhedor”, conta.

“Você vem aqui uma vez e gosta da comida e das pessoas; na segunda, já se sente em casa. Eu sempre procuro trazer meus filhos, pois é um espaço onde sinto que eles querem estar comigo e fico perto deles”, afirma Walter Ferreira, quarenta anos.

Durante os outros dias da semana, os clientes podem escolher a música que querem ouvir em um jukebox – uma máquina de música em estilo antigo –, que pisca luzes coloridas e toca desde um pagodinho até um rock mais pesado. O restaurante também agrada jovens e fãs de fast food, com lanches e porções de batatas e mandiocas fritas.

Espaço Clariô de Teatro

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

O Grupo Clariô de Teatro, localizado em Taboão da Serra, cria sob a perspectiva da periferia para a periferia. Descentralizando as produções culturais, a programação do galpão tem encontros para todas as idades, como atividades de teatro, música, shows, literatura, dança e oficinas. 

 É um lugar frequentado por famílias da quebrada de Taboão, a galera da Zona Sul de São Paulo, artistas, crianças e quem gosta de teatro, já que o grupo foi premiado diversas vezes por suas montagens. O Clariô é referência na região e conta com parcerias de variados movimentos das quebradas, que realizam temporadas no galpão.

Uma das parcerias do grupo é com Elisabete Belo dos Santos, de cinquenta anos, diarista, cozinheira e vizinha do Espaço Clariô. É ela quem proporciona comidas e lanches deliciosos com valores camaradas que podem ser ótimos acompanhamentos para as vivências nos eventos do teatro. Ela prepara lanches que abrem o apetite, como o pão com carne maluca (pão francês com carne de panela), em um molho encorpado produzido durante o cozimento da carne, que é vendido por R$ 5. 

 A família da Bete é vizinha do Clariô desde a fundação do grupo. Seus filhos sempre frequentam as atividades no galpão. Convidada pelo grupo, Bete começou a preparar os lanches em casa para vender nos eventos do teatro. Ela monta o cardápio com variedades de doces, caldos, lanches, tortas e a carne maluca. O caldo verde é o coringa do cardápio, porque pode ser vegetariano ou com pedaços de linguiça. A escolha é do freguês.

  Toda última quinta-feira do mês, às 20h, acontece o QuintaSoito, evento promovido pelo Grupo. Os encontros são abertos ao público. Pra quem chega, sempre tem uma sopa, de graça, feita pelos próprios integrantes do Clariô. O sabor é sempre uma surpresa deliciosa. Cada pessoa que se dispõe a cozinhar faz sua receita. 

 Nas segundas segundas-feiras de todo mês, a atividade acolhida pelo Clariô é o Sarau do Binho, um dos pioneiros dos saraus nas periferias. “No Sarau do Binho, você vai ter poesia, música, apresentação de vídeo, de cinema. Acaba sendo um grande encontro de amigos; mesmo que você não conheça ninguém, as pessoas vão te cumprimentar, vão fazer que você, de certa forma, sinta-se parte do sarau”, conta Sheila Signario, 33, fotógrafa e moradora da região. 

 Para quem vai de São Paulo visitar o espaço taboanense, basta pegar um ônibus que siga pela Estrada do Campo Limpo, descer no ponto do Largo do Taboão e seguir até a Rua Santa Luzia, 96.

Restaurante Lu e Boy

Lu e Boy reformaram os cômodos da própria casa para receber, semanalmente, moradores da Vila Aurora, na Zona Noroeste, para o famoso espetinho de churrasco. O restaurante de Lúcia Helena da Silva, 52 anos, e de seu companheiro, Elson Martins, 44 anos, ferve aos fins de semana. E a casa, que conta com três cômodos, se adapta para receber a clientela.

Na garagem, uma mesa de sinuca convida grupos maiores a se reunirem para comer, jogar e ouvir música. Na sala, um espaço para quem prefere um encontro mais reservado. Já a área superior da casa se transforma em um point para quem quer paquerar ou não está a fim de burburinho.

Boy cuida dos espetinhos de churrasco e Lu, dos acompanhamentos. Os espetos são assados no ponto que o freguês desejar. A carne é macia, suculenta e bem-temperada. Além de carne bovina, o local serve espetinhos de asinhas e coxas de frango, lombo assado e linguiça. Para vegetarianos, há a opção de espetinhos de queijo.

Lu conta que a sua maior preocupação é fazer pratos com preços acessíveis e de qualidade. Por isso, todas as refeições custam até R$ 12,99. Os espetos são acompanhados por uma porção de arroz, feijão-carioca, farofa com pedaços de linguiça e bacon e uma deliciosa maionese caseira feita pela própria Lu

Se espetinho não for a sua praia, o restaurante também oferece pastéis e pizzas (médias e grandes) − feitas por Boy. Se não quiser comer no estabelecimento, o restaurante vende marmitex. Elas podem ser entregues em casa ou retiradas no local.

Agência Solano Trindade

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

Funciona na Agência Solano Trindade o primeiro armazém de alimentos orgânicos da quebrada de São Paulo. Foi criado em 2017 pela própria galera da Agência, a partir do entendimento da existência de desertos alimentares na cidade, que faz com que as pessoas andem muito para encontrar produtos in natura.

No espaço é realizada a Feira Organicamente, às quintas e sextas-feiras, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h (acompanhe as redes sociais para a confirmação da feira na semana). É possível saber a origem do que você irá comer pela proximidade com quem cultiva. Os alimentos orgânicos são fornecidos por produtores locais de São Lourenço, Parelheiros e Embu das Artes. Há como reservar uma cesta de alimentos que pode ser entregue por toda a Zona Sul. Tudo fresco. 

Na maior parte dos eventos que acontecem na Agência, quem prepara a comida é Cleonice Maria de Paula, 55, a tia Nice. O destaque é o Pastel de PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Entre outras opções, tem o pastel de capuchinha com alho-poró, de berinjela e de coração da banana com almeirão. Os valores variam entre R$ 5 e R$ 8. Vera Lucia Pires, 69, aposentada, mora na mesma rua da Agência Solano Trindade. “Comi um pastel PANC (nunca havia experimentado) e gostei. Em outra ocasião, comi um ravióli – se não me engano de ricota com espinafre, ao molho sugo – divino”, conta.

Além do pastel, tia Nice prepara refeições como o nhoque de mandioca artesanal, que fica entre R$ 20 e R$ 30. Tudo é feito com alimentos sem veneno, de produtores locais ou da própria horta da Agência.

Quem quiser provar a comida da tia Nice pode colar na Agência Solano Trindade, na Vila Pirajussara, ou entrar em contato por meio das redes. A casa fica próxima do Terminal Campo Limpo: basta atravessar a rua do terminal, passar pela praça que dá acesso à rua Batista Crespo e ir até o número 105. 

É uma ótima opção para quem escolhe uma alimentação mais saudável para a família toda. “Enquanto em muitos lugares determinados agrotóxicos são proibidos, aqui no Brasil é tudo liberado. Então, a gente de fato não sabe o que está ingerindo”, reflete Roseli Ezzy, 42 anos, professora de inglês e moradora do Jardim Umarizal. “E eu tenho filho pequeno. Acho que para uma criança em desenvolvimento é ainda pior consumir essa quantidade grande de veneno. Quando você começa a consumir o produto orgânico, você consegue sentir a diferença no sabor”, conta ela. 

“Você vai para os polos mais centrais da gastronomia e é caríssimo ter acesso a uma capuchinha, ora-pro-nóbis, a um peixinho”, conta Alex Barcelos, 39 anos, articulador e produtor cultural da Agência Solano Trindade, ao se referir às PANCs. “Essa riqueza temos aqui. A tia Nice, minha mãe e outras mulheres periféricas têm esse resgate do histórico da cultura alimentar. São coisas que eram tradicionais dentro da periferia. Antigamente, as nossas senhoras, nossas griots, sempre tiveram taioba e outras plantinhas no seu quintal”, explica.

Pastel da Jani e Batalha da Rubi

A barraca de pastel da Jani já virou rota garantida aos que frequentam a movimentada Batalha da Rubi, evento de MC’s e poetas que se reúnem às quintas-feiras, em frente à estação Vila Aurora, na Linha 7-Rubi, da CPTM, Zona Noroeste de São Paulo.

Alagoana, Jani Cleide, 39 anos, está há vinte anos na cidade e mora em Pirituba, na Zona Norte. O negócio existe há um ano e teve a clientela multiplicada após o vínculo com os jovens MC’s.

“É gratificante saber que sempre que eles saem da batalha, passam e ficam aqui comendo pastel. Nunca tivemos
uma relação de clientela, sempre fomos amigos”, diz Jani, com um sorriso permanente no rosto.

Frequentador assíduo da competição, João Vitor, 23 anos, mais conhecido como Jay Luckee, morador do Jaraguá, conta que a Barraca da Jani é onde a batalha realmente termina. O evento acontece às quintas-feiras, entre 20h30 e 22h30, em frente às saídas da estação. “Fizemos até um cartão fidelidade. Ela sempre dá pastel pro campeão da batalha”, conta. Comendo os pastéis é que eles comentam sobre cada edição e sobre as melhores e piores rimas, assim como inquietações e angústias da vida.

De forma geral, o público da barraca é sempre muito diversificado. Os pastéis custam R$ 6 e medem cerca de 25 centímetros. São feitos, como Jani diz “sem miséria e sem espaço para o vento”. Uma das inovações da barraca é o pastel de lasanha, que deixa a boca salivando.

Panelarte e Sarau Urutu

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

Lanche de casca de banana, quibe vegano de farinha de pão amanhecido e coxinha de jaca. É com esse tipo de comida – usando e reaproveitando alimentos – que o Panelarte, um coletivo cultural criado em 2014, entende e respira a gastronomia nas quebradas. As amigas Bianca Souza e Rafaela Souza, ambas com 28 anos, fundadoras do projeto, acreditam que a comida é uma forma de olhar para a cultura de uma comunidade.

“O Panelarte trabalha com opções para todos os gostos e bolsos. Não se trata apenas de comida. É uma rede de apoio para quem busca uma alimentação diferente, seja carnívora, vegana ou vegetariana”, diz Bia. O projeto faz oficinas na Zona Leste de São Paulo para apresentar às pessoas como a alimentação do dia a dia pode ser saudável e sustentável.

Quer experimentar o que elas produzem? Tem que correr atrás da agenda no Facebook (Panelarte). As comidinhas do coletivo estão presentes em saraus e encontros culturais da região. Nos eventos, são vendidas diferentes opções de salgados e doces veganos. Entre os mais vendidos estão a torta de abobrinha, o lanchinho de casca de banana e os quibes, feitos de trigo, farinha de rosca ou pão, hortelã, limão e pimenta-do-reino. O recheio é escolhido pelos clientes: berinjela, alho-poró e abóbora são os mais populares. O coletivo também tem opções para quem não tem restrições à carne. O canudo de frango é um dos mais pedidos.

Entre os eventos parceiros do Panelarte está o Sarau Urutu, um encontro de artistas e moradores que acontece todo segundo domingo do mês na rua Urutu, no Jardim Matarazzo, Zona Leste. O evento surgiu em 2015 como resposta à notícia de desapropriação de um terreno para a construção de uma nova estação de trem da CPTM. Além de poesia, o sarau também recebe grupos de teatro e dança. A programação ainda conta com o Cine Urutu, onde são exibidos filmes e documentários.

Páginas do Sarau Urutu: Facebook | Instagram

 

Pastelaryka

PARA MATAR A LARICA

A Pastelaryka é uma pastelaria localizada na favela São Remo, na Zona Oeste de São Paulo, e existe há mais de dez anos dentro da garagem de uma família evangélica. O nome, inusitado por conter uma gíria frequente em meios alternativos, é referência à vida pregressa dos donos Josefa Gouveia, de 34 anos, e Jeferson Candido, 28 – hoje evangélicos.

Nos dois andares do espaço, o cliente pode escolher entre comer no balcão ou se sentar em uma das mesas. Uma TV grande exibe os clássicos do futebol. Os pastéis são fritos na hora e o que diferencia a Pastelaryka das demais é que você pode montar seu recheio. Então, se quiser se arriscar em diferentes combinações, vá em frente. “A gente faz os pastéis bem recheados para servir nosso público bem”, conta Jeferson. O público do estabelecimento é variado: de pastores da igreja a jovens procurando uma comidinha para matar a larica pós-baile funk.

“Aqui tem o melhor pastel. Ele é grande, muito recheado e a massa é crocante. O atendimento faz a experiência se tornar muito especial, já que as pessoas são bastante acolhedoras. É um dos poucos espaços da quebrada em que me sinto bem em ir com a minha namorada”, conta Bárbara Miranda, de 18 anos.

O local é a prova de que existe harmonia entre quem pensa diferente. Giulia Burk, 21 anos, namorada de Bárbara, analisa a fórmula: “Além de ter os melhores pastéis de queijo, você pode ser você. As pessoas não só te atendem, mas conversam. É um espaço para levar as pessoas especiais na sua vida”.

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