(FECHADO) Korova Music Bar

“É um momento de descontração só nosso”, descreve Célio Andrade, 31 anos, ao relembrar as vezes em que sai com sua esposa Daphne Sousa, 21, para passar o fim de semana no Korova Music Bar – um bar de rock em Ferraz de Vasconcelos, região metropolitana de São Paulo. Daphne é uma mulher trans e se sente confortável em frequentar o local. “Lá não precisamos fingir ser quem não somos por medo de preconceito”, comenta Célio.

O bar oferece shows de bandas covers de rock ao vivo e, na cozinha, os clientes têm sua porção favorita: a mandioca frita. A porção pode vir acompanhada de bacon e queijo derretido. Célio e Daphne pedem sempre a porção mista, com batatas e mandiocas fritas – bem sequinhas – cobertas com queijo derretido e acompanhadas por uma salada de cenoura, pepino, repolho e alface. O local também serve espetinhos variados para quem é fã de carne.

A comida é feita por Bruna Ribeiro, de 28 anos, estudante de nutrição, cozinheira e dona do bar. “O diferencial das porções é o carinho com que elas são feitas. Além de satisfazer a fome, conforta a alma. A galera gosta muito”, diz.

Casa Verde Bahia

O Restaurante Casa Verde Bahia, mais conhecido como “bar verde”, se tornou um ponto de referência quando o assunto é variedade e boa comida em Heliópolis, zona sul de São Paulo. O cardápio começou servindo lanches, mas hoje, atendendo à demanda, oferece também refeições completas.

A estrela do cardápio é o lanche Casa Verde. O hambúrguer é servido no pão francês acompanhado por alface, tomate, churrasco, queijo, bacon, catupiry e requeijão cremoso (R$ 9,50). O X-Frango Bacon também não fica muito atrás. Além de levar a fama de matar qualquer fome, esse monstro dos ringues vem no pão francês com alface, tomate, filé de frango, bacon, maionese e muito cheddar (R$ 9,00).   

Se a fome for por refeição, o camarão à parmegiana (R$ 34) vem acompanhado por arroz, salada, purê e batata frita. Já aos sábados, o destaque do cardápio fica para a costela com mandioca (R$ 16) e para a saborosa feijoada da casa nas opções grande (R$ 27) e pequena (R$ 22).

Lais Cristina, de 27 anos, diz ser muito difícil escolher o melhor prato da casa. “Eu gosto de todos, mas o camarão à parmegiana é o mais delicioso para mim”. Ela e o namorado Isac Souza, de 18 anos, frequentam o restaurante há mais de um ano.

Depois de se fartar no Bar Verde, vale à pena dar uma olhada na programação do Cine Favela – a 150 metros do restaurante, na mesma rua. Desde 2004, o projeto oferece cursos para moradores da região e exibe filmes, com direito a pipoca crocante e refrigerante gratuitos, às quartas e sextas-feiras.

As oficinas trabalham em especial com o público infantil e com a terceira idade. Além de aprenderem a trabalhar com cinema, os frequentadores também produzem filmes. Quando prontos, os trabalhos são exibidos no Cine e as famílias dos alunos são convidadas a assistir as produções em sessões especiais. A sala é simples, mas comporta e aconchega todos. 

Nas sessões das quartas-feiras, entre às 19h e às 20h30, são exibidos filmes infantis e nas de sextas-feiras, no mesmo horário, o público alvo dos filmes são os adultos. Ambas as sessões são gratuitas. 

Tô Fritis e Sarau do Infinito

É inevitável passar pela rua Mendes da Rocha, no Jardim Brasil (Zona Norte), e não sentir o gostoso aroma de uma das cozinhas mais cobiçadas da região. No Tô Fritis, a especialidade vem em barcas. Se você pensou em sushi, pensou errado. Aqui são os hambúrgueres artesanais e o frango frito que dominam o cardápio.

O pedido mais famoso é o Barca Big Blend, servido com dois sanduíches artesanais de carne bovina, frango frito sem osso bem crocante e batatas fritas sequinhas com cheddar. Os petiscos são sempre acompanhados pelos molhos da casa, como o de alho, o agridoce e o ketchup. 

Para quem prefere hambúrguer de frango, tem a versão Barca Chicken, que traz dois sanduíches e os mesmos acompanhamentos que o Big Blend. Outro destaque do cardápio é o Barca Kids, servido com um mini-hambúrguer artesanal  e acompanhado por uma porção de batatas fritas com ketchup. 

As barcas fazem sucesso e têm clientela cativa. Luana Maria Ferreira, 31, e Wellington de Paula, 39, cresceram no Jardim Brasil e encontram ali o destino certo quando procuram descontração. 

O casal frequenta o Tô Fritis desde quando a hamburgueria ficava numa praça, embaixo de uma tenda. “Sempre fomos muito bem-atendidos! Além de gostarmos muito da comida que eles servem, o dono do espaço já nos conhece e sempre pergunta o que achamos das suas novas ideias para o cardápio. Gera esse laço de afetividade entre quem vende e quem compra”, conta Luana. 

A Casa no Meio do Mundo, a poucos passos dali, completa o rolê. É um espaço cultural onde rolam diversas atividades. Entre elas, o Sarau do Infinito, que acontece às quartas-feiras, com muita poesia, shows, discotecagens e intervenções. “Toda vez que tem o sarau, nós fazemos essa ponte dos rolês. Do sarau para o Tô Fritis, ou do Tô Fritis para o sarau”, conta Wellington. “São os momentos em que conseguimos conversar e descontrair juntos. É muito bom para a nossa relação”, completa Luana.

Sarau do Infinito: Rua Itamonte, 2.008 Vila Medeiros
https://www.facebook.com/infinitosarau – Entrada gratuita.

Bar do Portuga

No número 655 da avenida Jaçanã está o Bar do Portuga. Existente no bairro desde 1975, fundado pelo pai de Fabrício Adelino, atual dono do espaço. Foi naquela década que a família Adelino veio do norte do país lusitano, da província Trás-os-Montes, para habitar os solos brasileiros. Belarmino, pai de Fabrício, tinha 12 anos e começou a trabalhar em uma padaria local. Com o passar do tempo, quando beirava os 17 anos, montou o Bar do Portuga.

Hoje com 44 anos de existência, o bar é frequentado por gerações de famílias. “Eu venho aqui desde que tinha oito anos, em 1995. Meu pai me trazia sempre que queria tomar uma gelada. Eu ficava comendo doces e hambúrgueres. Faz oito anos que ele faleceu e até hoje frequento porque faz parte da minha história e gosto de tirar um lazer”, conta Pedro Zanella, de 31 anos. 

Como de costume, a decoração do ambiente é inspirada na bandeira portuguesa, com as cores verde, vermelha, branca e amarela estampadas por todos os cantos. Nas paredes, é possível se inteirar sobre as promoções da casa pelos quadros informativos e lousas. O combo de café da manhã (um salgado e um refrigerante de duzentos mililitros), por exemplo, custa R$ 5,50.

O lugar tem 28 mesas espalhadas. Se for reunir toda a família para comer até não aguentar mais, é permitido juntar mais de uma mesa. Com preços que variam entre R$ 5 e R$ 40, dá para escolher diversas opções de porções, salgados e lanches que vão do misto-quente ao X-Tudo. Tem pastéis bem crocantes, bolinho de carne, coxinha, pão de batata, rissole e porções de calabresa, mandioca, contrafilé e batatas fritas (que servem até quatro pessoas por pedido). 

“Venho com o meu pai aqui sempre que dá para tomar umas geladas e comer a porção de calabresa com cebola que eles fazem. É uma delícia e saímos um pouco da rotina para curtir um momento pai e filho”, afirma Pedro Vinícius Neres, de 22 anos.

Aos fins de semana, a programação musical é direcionada para aqueles e aquelas que gostam de dançar. É ideal para casais que queiram curtir uma baladinha com os filhos. Às sextas acontece o samba ao vivo, que vai até a meia-noite. É o dia preferido de Marcus Schaefer, 35, para frequentar o bar. 

“Vou no Bar do Portuga porque é um lugar acolhedor. Sempre fui bem- -atendido e fico satisfeito com as comidas”, conta ele. “Quem frequenta normalmente são pessoas que já moram no bairro, e toda vez encontro alguém que conheço com seus familiares e paqueras. É uma ótima oportunidade para levar alguém especial e se divertir.”

Feira Noturna de Barueri

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

Já faz alguns anos que em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, ir à feira já não significa mais só comprar as verduras e frutas para a semana – e comer um bom pastel com caldo de cana. Agora, você também pode comer temaki, comprar artesanato ou experimentar uma fruta superexótica.

A feira, que acontece à noite (entre às 18h e 23h) e em apenas dois dias da semana (às terças, no centro de Barueri; e às quintas, no Jardim Silveira) reúne cerca de trinta negócios, segundo a prefeitura de Barueri.

Alan Marques, de 29 anos e Lídia Molivia, de 23, moram juntos há três meses e são frequentadores assíduos do rolê. “É engraçado porque a gente vai mostrando um pro outro barracas que não conhecíamos ou à qual nunca fomos”, diz Alan. E completa: “A parte mais legal da feira é que se você andar um pouco tem lugar pra todo mundo. Lá na ponta tem escorregador inflável para as crianças e, logo à frente, uma barraca de chope de vinho!”.

“Aqui você encontra de tudo. Quer comida japonesa? Mais à frente tem uma barraca. Quer comer lanche árabe? Tá logo ali. Mas se o que você quer é comer um pastel bom, tem que comer em todas essas barracas aí pra decidir”, comenta Anderson Lima, 37 anos, sobre a variedade da feira noturna.

As famílias divididas entre vegetarianos e carnívoros também podem ficar tranquilas. Com a variedade de barracas dá para todo mundo comer, ter um ótimo passeio e, com sorte, até encontrar uma proposta que agrade ambos, como o shawarma. “Eu sou vegetariana e o Alan adora carne, então, geralmente temos que ir a mais de uma barraca pra todo mundo ficar bem. Mas semana passada resolvemos esse problema numa barraca de lanches árabes que serve de tudo”, conta Lídia.

O lanche árabe demora apenas alguns minutos para ficar pronto. Envolvido por um pão sírio crocante e quentinho, o recheio de tiras de carnes mistas bem-temperadas vem acompanhado de molho de alho. Mesmo adaptada, a receita segue os princípios da tradição e não abre mão de uma boa combinação de verduras e picles.

A opção vegetariana não decepciona: tem recheio de repolho branco crocante, alface e cubos de pepino e tomate, acompanhados por queijo adyghe e um creme azedo temperado com curry, sal, açúcar e alho. Uma releitura que não perde em nada para a sua versão tradicional.

Raptors Burguers & Tacos

O Raptors Burguers & Tacos é um restaurante localizado no bairro Quitaúna, em Osasco, zona metropolitana de São Paulo, que vende lanches artesanais e tacos preparados pela família Prat.

O nome faz referência a um dinossauro que caça em equipe, o que casou bem com o estilo dos funcionários, já que todos são da família e colaboram para garantir um bom atendimento.

Há 15 minutos de ônibus da estação Quitaúna da CPTM, a Raptors funciona no horário noturno e lota principalmente aos fins de semana. Cláudio Coelho, de 56 anos, é frequentador do local desde a abertura e elogia o estabelecimento. “O ambiente é muito agradável, bonito e familiar. Eu também gosto do atendimento de lá, pois todos são atenciosos e muito simpáticos. Os alimentos são de primeira, muito gostosos”, diz.

O prato Velociraptors é o queridinho da casa e custa R$ 15,99. O sanduíche acompanha cebolas caramelizadas, maionese caseira especial, bacon e cheddar que derrete por todo o lanche. Assim que o sanduíche chega o cheiro do bacon abre o apetite e a primeira mordida estala na boca.

O restaurante também vende várias opções de tacos, entre elas: carne, linguiça e frango. O mais vendido é o Taco 3, que faz cada mordida ser mais gostosa pela combinação de carne picada, massa de trigo, maionese especial, muito bacon e pedaços de picles.

“Adoro levar a minha família: vai filho, neto, genro, sobrinha, todo mundo gosta de lá”, comenta Claudio. Os locais mais utilizados são as mesas da calçada, onde as crianças podem ficar à vontade para brincar e correr.

Frutaria 24 horas

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

A Frutaria Continental, no Parque Continental, Zona Oeste de São Paulo, é um dos poucos lugares que priorizam produtos como aquela fruta fresquinha que pode ser saboreada a qualquer hora do dia.

O estabelecimento, que funciona 24 horas, é a primeira opção de muita gente, mesmo estando ao lado do Shopping Continental, o segundo mais antigo da capital, aberto em 1975, e que conta hoje com mais de duzentas lojas e uma ampla praça de alimentação.

Para quem frequenta a frutaria, não é necessário pagar estacionamento. Além disso, como explica Douglas Carvalho, 47 anos, um dos motivos para preferir os lanches de lá em vez das opções do shopping é a oferta de uma grande variedade de opções em um único local.

“No shopping, você vai ter as opções separadas: uma loja que vende suco natural e outra que vende o lanche. No final, vai sair muito mais caro”, explica ele, que frequenta rotineiramente o local há mais de 15 anos. “A Frutaria é mais povão, como a gente. Acho bem Prato Firmeza mesmo”, diz.

Érica Carolina, 18 anos, é sobrinha de Douglas e sempre que pode acompanha o tio para saborear algum lanche e os sucos, claro. “Aquece meu coração toda vez que eu me lembro do meu tio me trazendo aqui. Hoje eu posso até vir sozinha! Saber que a frutaria não fechou, nem tem pretensão de fechar, me deixa muito feliz. Espero mesmo que nunca feche. Ela é simples, mas especial”, diz a jovem.

Do cardápio, Érica diz já ter provado e aprovado quase tudo. “A gente já pediu o açaí, que é maravilhoso, os lanchões que vêm com tiras de bacon  bem fritinhas. Até a salada é gostosa!”, diz. O Prensadinho, lanche servindo o prato com muito catupiry, milho, tomate e três fatias de filé de frango assadas no pão de lanche, é o seu predileto. “Nada supera!”, diz empolgada.

Os sucos, as especialidades da casa, podem ser feitos com água ou leite e custam, em média, R$ 10. José Osmar, funcionário do estabelecimento, explica que todas as frutas são selecionadas em primeira mão e compradas no Centro Estadual de Abastecimento (Ceasa).

Preparados na hora, os clientes também podem escolher as frutas que ficam expostas na vendinha ao pedir o suco. “O legal de lá é que quando você pede um suco natural, eles saem da banquinha e pegam a fruta direto da frutaria. Você vê como a fruta está antes de o suco ser feito. É tudo fresquinho”, comenta Érica.

Império do Açaí e Casa de Cultura Candearte

Escolher a montagem do pote pode ser uma tarefa divertida para quem vai ao Império do Açaí, no número 168 da Rua Doutor Carlos Siqueira Neto, em Taboão da Serra. Além dos cremes de açaí e cupuaçu, são oferecidos os de banana caramelizada, chocolate belga, leite em pó, paçoca, creme branco trufado e iogurte grego. As combinações são variadas e é possível adicionar frutas. Os valores variam entre R$ 8 e R$ 16.

José de Assis, 44 anos, dono do Império do Açaí, conta que as pessoas se surpreendem quando chegam. “É que o pessoal não conhece os outros cremes”, conta.

“Sou apaixonada pelo creme de avelã. É maravilhoso. O diferencial é que não é só o açaí e o cupuaçu. Você consegue fazer um mix diversificado e tem também os acompanhamentos”,  confirma Luana Cozzani, de 28 anos, vizinha e frequentadora do lugar.

Para Vanderlei de Souza, 42 anos, morador do Parque Pinheiros, as opções no bairro têm que ser valorizadas. “Se você não valorizar o comércio do seu bairro, ele acaba, né? A gente estava ao lado do McDonald’s e eu falei: ‘vamos comer lá [no Império do Açaí], que lá eu sei que tem um cachorro-quente gostoso, minha filha conhece, já comeu aqui. O ambiente é bom, é limpo, organizado.’ É um lugar em que gostamos de estar juntos”, ele conta.

O Império também oferece lanches e salgados. Aos sábados, se quiser comer uma feijoada, é só ligar e reservar. O prato é preparado lá mesmo. Pode ser uma ótima pedida para quem chegar para a roda de coco da Casa de Cultura Candearte, vizinha do estabelecimento. De longe dá para reparar na Casa, que tem na parede uma arte festiva. De lá é um pulo para chegar ao Império do Açaí. A roda é realizada no segundo sábado do mês, sempre às 19h. 

Na cocada, os participantes cantam em coro e batem palmas em uma roda. Os dançarinos, sempre em dupla, são convidados a entrar no círculo. Os movimentos dos pés acompanham a batucada, com muita personalidade no jeito de pisar. Apesar de características tradicionais, cada um compõe a dança como quiser.

“Eu sempre digo, na minha música, que pra dançar coco não precisa ser bailarino. É só você sentir a energia e dançar do seu jeito de dançar”, afirma Geraldo Magela, idealizador do grupo artístico Candearte. A palavra “candear” significa “conduzir carro de boi”. Magela conta que deu esse nome ao projeto porque desejava candear, guiar um carro de boi com muita poesia, música, cultura popular… com arte.

Casa de Cultura Candearte: Rua Marcelino Corrêa de Melo, 1 – Parque Maraba (https://www.facebook.com/CulturaCandearte/) – Evento Gratuito.

Espaço Clariô de Teatro

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

O Grupo Clariô de Teatro, localizado em Taboão da Serra, cria sob a perspectiva da periferia para a periferia. Descentralizando as produções culturais, a programação do galpão tem encontros para todas as idades, como atividades de teatro, música, shows, literatura, dança e oficinas. 

 É um lugar frequentado por famílias da quebrada de Taboão, a galera da Zona Sul de São Paulo, artistas, crianças e quem gosta de teatro, já que o grupo foi premiado diversas vezes por suas montagens. O Clariô é referência na região e conta com parcerias de variados movimentos das quebradas, que realizam temporadas no galpão.

Uma das parcerias do grupo é com Elisabete Belo dos Santos, de cinquenta anos, diarista, cozinheira e vizinha do Espaço Clariô. É ela quem proporciona comidas e lanches deliciosos com valores camaradas que podem ser ótimos acompanhamentos para as vivências nos eventos do teatro. Ela prepara lanches que abrem o apetite, como o pão com carne maluca (pão francês com carne de panela), em um molho encorpado produzido durante o cozimento da carne, que é vendido por R$ 5. 

 A família da Bete é vizinha do Clariô desde a fundação do grupo. Seus filhos sempre frequentam as atividades no galpão. Convidada pelo grupo, Bete começou a preparar os lanches em casa para vender nos eventos do teatro. Ela monta o cardápio com variedades de doces, caldos, lanches, tortas e a carne maluca. O caldo verde é o coringa do cardápio, porque pode ser vegetariano ou com pedaços de linguiça. A escolha é do freguês.

  Toda última quinta-feira do mês, às 20h, acontece o QuintaSoito, evento promovido pelo Grupo. Os encontros são abertos ao público. Pra quem chega, sempre tem uma sopa, de graça, feita pelos próprios integrantes do Clariô. O sabor é sempre uma surpresa deliciosa. Cada pessoa que se dispõe a cozinhar faz sua receita. 

 Nas segundas segundas-feiras de todo mês, a atividade acolhida pelo Clariô é o Sarau do Binho, um dos pioneiros dos saraus nas periferias. “No Sarau do Binho, você vai ter poesia, música, apresentação de vídeo, de cinema. Acaba sendo um grande encontro de amigos; mesmo que você não conheça ninguém, as pessoas vão te cumprimentar, vão fazer que você, de certa forma, sinta-se parte do sarau”, conta Sheila Signario, 33, fotógrafa e moradora da região. 

 Para quem vai de São Paulo visitar o espaço taboanense, basta pegar um ônibus que siga pela Estrada do Campo Limpo, descer no ponto do Largo do Taboão e seguir até a Rua Santa Luzia, 96.

Agência Solano Trindade

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

Funciona na Agência Solano Trindade o primeiro armazém de alimentos orgânicos da quebrada de São Paulo. Foi criado em 2017 pela própria galera da Agência, a partir do entendimento da existência de desertos alimentares na cidade, que faz com que as pessoas andem muito para encontrar produtos in natura.

No espaço é realizada a Feira Organicamente, às quintas e sextas-feiras, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 12h (acompanhe as redes sociais para a confirmação da feira na semana). É possível saber a origem do que você irá comer pela proximidade com quem cultiva. Os alimentos orgânicos são fornecidos por produtores locais de São Lourenço, Parelheiros e Embu das Artes. Há como reservar uma cesta de alimentos que pode ser entregue por toda a Zona Sul. Tudo fresco. 

Na maior parte dos eventos que acontecem na Agência, quem prepara a comida é Cleonice Maria de Paula, 55, a tia Nice. O destaque é o Pastel de PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Entre outras opções, tem o pastel de capuchinha com alho-poró, de berinjela e de coração da banana com almeirão. Os valores variam entre R$ 5 e R$ 8. Vera Lucia Pires, 69, aposentada, mora na mesma rua da Agência Solano Trindade. “Comi um pastel PANC (nunca havia experimentado) e gostei. Em outra ocasião, comi um ravióli – se não me engano de ricota com espinafre, ao molho sugo – divino”, conta.

Além do pastel, tia Nice prepara refeições como o nhoque de mandioca artesanal, que fica entre R$ 20 e R$ 30. Tudo é feito com alimentos sem veneno, de produtores locais ou da própria horta da Agência.

Quem quiser provar a comida da tia Nice pode colar na Agência Solano Trindade, na Vila Pirajussara, ou entrar em contato por meio das redes. A casa fica próxima do Terminal Campo Limpo: basta atravessar a rua do terminal, passar pela praça que dá acesso à rua Batista Crespo e ir até o número 105. 

É uma ótima opção para quem escolhe uma alimentação mais saudável para a família toda. “Enquanto em muitos lugares determinados agrotóxicos são proibidos, aqui no Brasil é tudo liberado. Então, a gente de fato não sabe o que está ingerindo”, reflete Roseli Ezzy, 42 anos, professora de inglês e moradora do Jardim Umarizal. “E eu tenho filho pequeno. Acho que para uma criança em desenvolvimento é ainda pior consumir essa quantidade grande de veneno. Quando você começa a consumir o produto orgânico, você consegue sentir a diferença no sabor”, conta ela. 

“Você vai para os polos mais centrais da gastronomia e é caríssimo ter acesso a uma capuchinha, ora-pro-nóbis, a um peixinho”, conta Alex Barcelos, 39 anos, articulador e produtor cultural da Agência Solano Trindade, ao se referir às PANCs. “Essa riqueza temos aqui. A tia Nice, minha mãe e outras mulheres periféricas têm esse resgate do histórico da cultura alimentar. São coisas que eram tradicionais dentro da periferia. Antigamente, as nossas senhoras, nossas griots, sempre tiveram taioba e outras plantinhas no seu quintal”, explica.

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