Cantinho do Bolo Caseiro

A movimentada região central de Itaquera, bairro da zona leste de São Paulo, tem muitas opções para quem precisa fazer um lanche rápido, mas nada parecido com o que encontramos no Cantinho do Bolo Caseiro. Com recentes 3 anos de existência, o lugar é um diferencial no bairro, com preços acessíveis e sabores de qualidade – uma boa opção de café ou chá da tarde para quem estiver passando pela região ou para quem precisa de um espaço confortável para trabalhar, animado por doses de açúcar e cafeína.

Renata, fundadora do Cantinho do Bolo Caseiro, era fisioterapeuta, mas resolveu mudar de ramo, usando como trunfo algumas receitas de família. Começou preparando, ela mesma, os bolos que vendia e, de um ano pra cá, transformou o lugar numa confeitaria e cafeteria. Hoje, Renata não prepara mais as delícias da casa, mas segue administrando o lugar e vigiando tudo de perto, desde o preparo até o atendimento. As receitas dos bolos, em sua maioria, são de família.

Os destaques são o “Bolo cremoso de milho” e o “Bolo de festa de morango” – que podem ser encomendados inteiros ou comprados em pedaços no salão da loja. O bolo – molhado, cremoso, macio, suavemente doce, com morangos frescos – é o mais pedido para encomendas. Na casa, também são vendidos outros sabores de bolo caseiro como churros, abacaxi e nozes. Eles podem ser levados na hora ou encomendados e entregues até no mesmo dia, dependendo da disponibilidade. Além disso, o local conta com uma lista de bebidas quentes, como café expresso, capuccino e chocolate. Para quem está com fome e precisa de algo salgado, existem as opções de sopa, em determinados horários, e também tortas. Para encomendas de festas, rola a opção de bolo de pasta americana, tudo feito por uma equipe de confeiteiros e ajudantes, ali mesmo – com exceção dos salgados para a festa, que são terceirizados.

O local é arejado, claro e tranquilo. Sua música ambiente quase imperceptível e a disponibilidade de wi-fi livre e tomadas no canto das mesas atrai quem está trabalhando ou em reunião, mas também podem ser encontrados, neste cantinho de Itaquera, casais, grupos de amigos e famílias inteiras.

A decoração é outro diferencial do espaço idealizado por Renata. Existe até um espaço reservado para apresentação e venda de artesanatos como, panos de mesa decorativos e bonecos típicos da cultura mineira. Renata me explica que, pelo menos uma vez ao ano, ela vai até o sul de Minas Gerais para conhecer, conversar e entrar nos ateliês de artesãos locais, de onde traz os produtos para vender, além de usar alguns itens na decoração do salão, trazendo um toque ainda mais caseiro para o Cantinho.

Publicado em janeiro/2017. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

(FECHADO) Cozinha Libertária

Atravessei a cidade de SP rumo a São Miguel Paulista e, no meio das baldeações, uma pequena ansiedade me acompanhava. Não é todo dia que se conhece de perto o trampo dos parça de luta, não é mesmo? Chegando à estação Brás, entrei num trem velho e sem ar condicionado, rumo à estação Calmon Viana, e percebi o quão nítido é como a região determina a qualidade do transporte. Quanto mais quebrada, mais descaso. E a ansiedade, que me acompanhava desde a baldeação na Sé, se tornava mais presente e intensa.

Chegando na estação São Miguel, Ulisses, um dos cozinheiros libertários, me buscou na estação para irmos onde tudo acontece. No zigue-zague das ruas, sobe e desce das ladeiras, chegamos em uma ruazinha com estêncils estampados nos muros, que era o sinal de que havíamos chegado onde nasce e é produzida comida revolucionária.

A Cozinha Libertária surgiu na ocupação “Casa de Permacultura Maria do Espírito Santo”, em janeiro de 2015, que tinha como proposta disseminar o conheci mento de permacultura na quebrada. A ocupa ficava na região da Penha, mas infelizmente não foi pra frente. Entretanto, num ato de resistência, a cozinha ressurgiu como alternativa de pagar as contas da casa e fornecer uma comida vegana, saudável e de qualidade em São Miguel Paulista para geral da quebrada e para os trabalhadores que frequentam a região. A Cozinha trampa num esquema de delivery, então não é possível ir lá, sentar e prestigiar a comida, mas rola colar, trocar uma ideia firmeza com seus produtores e depois levar o prato quentinho pra comer no conforto de casa ou pedir que entreguem na sua goma – um dos bicicleteiros leva a comida pra você e sem poluir a cidade.

Em janeiro de 2016, iniciada a época das jacas, o time de cozinheiros libertários formado por Oneide (mãe de Ulisses), Renato e Vinicius iniciou a produção de coxinhas veganas pra vender em eventos no centro e na periferia pra completar a renda da casa. Com jacas orgânicas colhidas nos arredores da vizinhança, as coxinhas têm um gosto sem igual. O sabor da jaca fresca sempre bem acentuado, coberta por uma massa bastante crocante, me faz lembrar que a anarquia tem gosto bom.

Quando as jacas estão fora de época, os guerrilheiros gastronômicos investem no PF, que é temperado com ingredientes como sal do himalaia, chia e amaranto e custa R$ 10. Rola também o prato do dia, a consultar na hora. Um dos favoritos é um hambúrguer coberto por queijos caseiros da Dona Oneide, que custa R$ 6, e mostra que uma comida de qualidade e saudável, pode ser, sim, barata e acessível para o morador da perifa.

 

Trailer Yakissoba

Um carrinho de comida que vira restaurante não é uma história difícil de se encontrar na quebrada, é o seu Zé que vende churros e abre uma “churreria” ou a dona Ana que faz aquela tapioca, faz sucesso e expande o negócio. A história se repete com protagonistas e sabores diferentes, mas infelizmente não na quantidade de vezes que gostaríamos, seja por motivos que já sabemos que envolvem falta de incentivo e verba para pequenos empreendedores na periferia, ou pelo simples fato de que muitos preferem morrer antes de ver a quebrada vencer.

Mas rolou no Canindé: acompanhada de um amigo, saí do extremo sul rumo ao metrô Armênia e, depois de caminhar pelos labirintos próximos a Av. do Estado, encontramos o restaurante tranquilo, e com azulejos brilhando de tão limpos. Seu Antônio e Dona Cleonice, que são os protagonistas da história do trailer Yakissoba, um simples carrinho saído da Av. Rio Bonito que se transformou num point com clima tranquilo e Itubaína barata, são reservados e até um pouco distantes.

Ao chegarmos, o atendente Bruno nos recepcionou com carisma e teve paciência com a nossa indecisão em relação ao tamanho do prato. Em uma segunda ida ao restaurante, acompanhada por outra amiga, ele a presenteou com um doce Dedo de Moça e um sorriso no rosto. Mas de volta à primeira visita, com o yakissoba de 1kg nas mãos, custando R$22 realidades e podendo alimentar aproximadamente 4 pessoas, sentamos ali mesmo e mandamos ver. Comemos muito bem e obviamente não conseguimos terminar tudo. Pedimos para embrulhar pra viagem e meu amigo levou para casa, jantou e almoçou no dia seguinte.

Feito na hora, o yakissoba vegetariano tem legumes brilhantes a dar de sobra e com aspecto de terem saído direto da feira e caído no meu prato, banhados com caldo suficiente para cobrir e temperar todos seus componentes. Falando em tempero, uma variedade considerável de molhos fica a disposição pra dar aquela tunada no prato, com molhos como o de alho e gergelim, mas com medo de estragar o que estava bão demais, decidimos deixar eles de lado. Os carnívoros não ficam de fora! A opção “normal” de yakissoba conta com carne ou frango, ou os dois, se você preferir. E também tem o chiquérrimo yakissoba de camarão, que é um dos sucessos da casa.

O rolê valeu a pena: das pistas da Av. Rio Bonito para as mesas quadradas do Canindé, a quebrada manda a ideia de que comida é resistência porque também diz sobre sobrevivência.

 

(FECHADO) Baba Hassum

Um cliente chega invadindo a cozinha e pede por 5 esfirras. Sua mãe corre desesperada tentando impedir o filho, um garoto de 5 anos, de se jogar nos braços do simpático Hussein que se abaixa e recebe o garoto num abraço de urso.

Hussein, que aprendeu as artimanhas da culinária em solo libanês e na não concluída faculdade de gastronomia, é o cozinheiro e faz-tudo do nosso achado. Perdido na rua Rio Grande do Sul, o Baba Hassum é um estabelecimento pequeno e bem aconchegante, com azulejos brancos nas paredes que registram um antigo desejo de ser um açougue. A decoração delicada e simples foi feita por sua esposa brasileira Marcela. Ela conta que não é raro ver clientes sorridentes servindo uns aos outros, cobrando e ajudando o marido, que cria um clima família com sua energia contagiante e animada.

Após ter passado por lugares como os Emirados Árabes Unidos, o Kuwait, e claro, o famigerado centro de São Paulo, Hussein se encontra em São Caetano do Sul, no corre de uma vida melhor, acompanhado por Marcela, seu amor, que está ao seu lado há quase 4 anos. Cerca de um ano atrás, a brasileira o ajudou a abrir o pico no solo do ABC (DMRR) Paulista. Com um sotaque que não esconde suas raízes, Hussein fala entusiasmado sobre as comidas que vende, conhecimento que é herança de família: pão libanês, bolinho de carne moída ao ponto (também conhecida como kafta), rodelas de tomate, alface, homus (uma pasta de grão de bico e tahine), uma pasta de gergelim – tudo feito pelas mãos do dono.

A carne da kafta, assim como todas as carnes presentes no restaurante, é Halal, o que significa que o boi foi abatido de acordo com as normas muçulmanas, com respeito, e de cabeça pra baixo fazendo com que todo o sangue escorra e que ele morra com menos dor, tornando sua carne mais saborosa e livre de impurezas. À primeira dentada, a kafta é churrasco de gente diferenciada, porque o gostinho de alho permanece, mas, ao invés de vinagrete, vem o gostinho do tahine, que não é amargo, nem sem sal; é algo que fica ali, num meio termo e aliado ao homus toma um rumo macio e úmido lembrando um patê. O curioso é o acompanhamento. Além de mais uma porção de pastas árabes, o rango vem traz a miscigenação com o mundo ocidental em forma de batatas fritas; tanto dentro do lanche, como na bandeja ao lado do combo. Aliás, o combo, que é o item mais caro, custa R$ 28, alimenta duas pessoas e é o suficiente para só querer comer depois deste banquete um halawi (“raleu”) – doce árabe de consistência dura, mas que aparentemente é mole. A contradição é o tom dessa história.

 

(FECHADO) Casa da Lagartixa Preta “Malagueña Salerosa”

A Casa da Lagartixa Preta era como um esconderijo para mim. Uma extensão da minha casa que só eu sabia como chegar; um bauzinho cheio de conhecimentos, vivências e gente gostosa pra se confiar e transbordar o que era mais íntimo. Ainda é um espaço de desconstrução; foi lá que deixei toda a roupa velha que me foi vestida pela sociedade, foi lá que me despi de máscaras, apresentei meus monstros, minhas angústias e minhas belezas, e permaneci assim. Depois de ter conhecido esse lugar, passei a me vestir de algo mais sincero, mais orgânico, mais eu e ainda permaneço assim.

A Casa da Lagartixa Preta “Malagueña Salerosa” é laboratório de vivências e práticas libertárias que fica no meio da babilônia santo andreense e que resiste há exatos 12 anos, onde acontece, também, a noite de pizzas veganas mais roots e barata da região. A casa carrega esse nome pela quantidade de lagartixas pretas que habitam o local, e o “Malaguenã Salerosa” foi uma homenagem ao vizinho Seu João que cantava essa música todas as manhãs.

Gerida pelo coletivo anarquista Ativismo ABC, a Casa da Lagartixa Preta não é um restaurante e, portanto, não tem funcionários. As pizzadas acontecem com a colaboração de todos e têm como objetivo pagar as contas da casa (como aluguel, luz, água, etc). O pessoal da casa cobra apenas R$ 18 por pizza revolucionária à vontade. O espaço é muito aconchegante e mesmo nos dias de pizzada mais lotados todo mundo fica bem confortável.

O rolê oferece atividades culturais, políticas e outros eventos bacanudos durante todo o mês, futebol de duas bolas (onde o objetivo é bugar geral), oficinas pro conserto de bikes pras minas, grupos de estudos, debates y otras cositas más estão inclusos.

O espaço se encontra na rua Alcides de Queirós, uma ruazinha tranquilex que atravessa o bairro Casa Branca e que tem uma vizinhança tranquila e amistosa. Pra chegar na casa, basta seguir as pixações anarcas da Av. Arthur de Queirós. Ao chegar na rua, não é muito difícil encontrar a casa, que tem muros estampados com frases e símbolos de luta e resistência.

 

Dr. Naturalle

O setor de restaurantes vegetarianos vem crescendo na cidade de São Paulo. Segundo uma pesquisa do IBOPE, de 2012, cerca de 792.120 de paulistanos se dizem vegetarianos. Mas, apesar disso, poucas são as opções nas periferias da cidade. Por isso a procura pelo Dr. Naturalle é grande. Ele fica na Rua Agenor de Barros, na Vila Ponte Rasa, Zona Leste. O pico, que antes dava lugar a uma loja de produtos naturais, hoje também se tornou um restaurante vegetariano.

Aberto em julho de 2015, o Dr. Naturalle atende, principalmente, os trabalhadores da região – por estar localizado em uma área comercial da Vila Ponte Rasa. Professores de escolas próximas costumam comer por lá, mas para ganhar tempo, optam pela marmita. “Pedem tanta marmitex que quase não damos conta.”, conta Gabriela, 27 anos, filha dos donos, que é vegetariana desde que nasceu. Hoje Gabriela trabalha na cozinha do restaurante dos pais e lembra de quando a mãe Marilene, também vegetariana, a levava para comer em lugares muito distantes – por não terem essa opção perto de onde moram, na Patriarca. Ela conta que às vezes iam em restaurantes não focados no vegetarianismo e pediam algo sem carne: “Daí a atendente dizia ‘mas não é carne; é só presunto, é só frango, é só patê…’, o que indica que muitas vezes as pessoas não tem conhecimento sobre o vegetarianismo”.

Abner, marido de Marilene, e também dono do restaurante, não é vegetariano mas admira o movimento e considera importante ter pessoas vegetarianas no comando do fogão diariamente. “Por exemplo, temos a Jô, que também é vegetariana e trabalha com a Gabriela na cozinha. Já a Simone, de 32 anos, é atendente e também é vegetariana”” explica. Para Simone, que mora em Guainases, a existência de restaurante vegetariano na quebrada, aproxima as pessoas do movimento, que ainda é muito desconhecido por lá – e também no bairro onde mora.

A maioria de funcionários da loja não é vegetariana, mas a Gabriela disse que como eles comem lá sempre, acabaram se atentando mais para a alimentação saudável. “Eles curtem o movimento e isso acaba atingindo a vida pessoal deles também”, comemora.

Dr. Naturalle conta com cardápios que variam conforme os dias da semana e você pode comer a vontade por R$ 14,90 nas segundas-feiras. Nos demais dias, o valor é R$ 19,90. O destaque é a lasanha de berinjela que, segundo a Gabriela, é o que mais sai e o que mais atrai a curiosidade da galera, juntamente com os refogados de legumes.

 

Maia Salgadinhos

Quem entra, num dia da semana qualquer, normalmente no horário de saída das escolas da região, entre 12:20h e 13:00h, na primeira quadra do Maia, Vila Iolanda II, vê uma aglomeração de jovens e adultos, em uma rua estreita e pouco movimentada. Se a pessoa segue se aproximando, consegue ouvir os gritos famintos de: “Ô, moçaaaaaa!”, jeito como a galera costuma chamar a Ana Paula, dona do estabelecimento. Com suas senhas na mão, todo aquele povo aguarda ansiosamente o momento em que a “moça” irá trazer seus salgados e churros quentinhos e recém-fritos.

A primeira quadra do Maia, antes era conhecido por um antigo e já fechado estabelecimento, a Tia Carmem da Fogaça, e hoje carrega o peso de ter outro cantinho popular entre os moradores: O Maia Salgadinhos. “Agora vem gente de escola, professora, diretora, vem gente até de Suzano, de Mogi, só pra comprar aqui. Você tem noção disso?”, se espanta Ana Paula sobre a fama de seu PRÓPRIO estabelecimento. A Dona Ana Paula, de 55 anos, teve que deixar seu apartamento e ir para a 1ª quadra do Maia vender seus famosos mini-salgados, há 3 anos. “Ficou pequeno pra tanta demanda!”, conta.

A fama de seus quitutes começou quando o seu filho, Rai Eduardo, na época com 9 anos, saiu de casa com um saquinho de salgados, que seriam servidos na festa de aniversário dele, que não aconteceu por dificuldade financeiras. Ele dividiu os salgados com os amigos e eles ficaram maravilhados com a qualidade e pediram para a Ana Paula começar a vender. Quando esgotaram todos os salgados que eles tinham na geladeira, Ana Paula começou a fazer mais, tudo manualmente, e sem ter noção do sucesso e do impacto que aquele simples ato teria em sua vida. Hoje a cozinheira mora em um casa alugada e o Maia Salgadinhos ocupa o primeiro andar inteiro da casa. Lá, ela possui 5 máquinas que empanam os alimentos, fazem a massa e modelam até 2 mil salgadinhos por hora. Ela trabalha com duas funcionárias fixas: sua neta e sua filha.

Os mais vendidos são as coxinhas, que custam R$1,00 a quinzena, e os churros, com os sabores de doce de leite, chocolate e goiabada, que são vendidos por R$2,00 a quinzena. “Não é qualquer pessoa que é capacitada para isso,
não, porque muita gente fala assim: eu vou comprar uma máquina dessa e vender também’. Mas se for assim achando que já ganhou, vai quebrar a cara. Você tem que ter perseverança, pique e acreditar. Tem que ter aquilo no sangue”, diz Ana Paula. Ela até deixa dicas para quem quer começar nesse ramo: “Muita gente faz salgados, né? Você tem que ter o diferencial, ir atrás de novos sabores e estar sempre aberta para mudar”.

Publicado em janeiro/2017. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

(FECHADO) Rei da Batata

Orégano, cheddar, bacon, calabresa, mostarda, ketchup, filé de frango, barbecue, queijo parmesão, Catupiry, churrasco, molho da casa e, como acompanhamento pra tudo isso, funk. É assim que os frequentadores do Rei da Batata podem fazer seus pedidos: combinando um, dois, três ou todos os ingredientes. Se você for vegetariano, pode pedir uma porção com: orégano, cheddar, mostarda, ketchup, barbecue, queijo parmesão, Catupiry e molho da casa. Caso seja vegano, pode tirar os queijos e ainda assim se deliciar com o mar de tempero e molhos.

E se você for com a galera e quiser compartilhar um prato, vale provar a super batata com azeitona, ovo de codorna e camarão. Ela é gigante e serve bem 10 pessoas. Vem inclusive numa caixa de pizza – pra vocês terem uma ideia do tamanha da parada.

Sempre que você for comer por ali, vai notar a presença de um… Menino. O nome dele é Lucas Alves – mas não necessariamente você vai notá-lo, porque ele é um jovem de 18 anos, muito tímido, quase não fala. Anota os pedidos dos clientes com um sorriso leve no rosto e logo vai conversar com o Rato, que é o cara que cuida da chapa. Lucas é, na verdade, o dono do estabelecimento. Foi ele quem, há um ano, pra suprir necessidades financeiras da família, decidiu abrir, no seu bairro, o Jardim Marilu, na Zona Leste de São Paulo, o Rei da Batata. Hoje, o lugar se tornou popular entre os moradores. O estabelecimento fica na antiga garagem da avó de Lucas, dona Albertina, de 60 anos. O lugar foi criado pelo xovem, mas hoje é administrado pela família quase toda. Na garagem do Rei, todo mundo põe a mão na massa. A mãe, a tia e o Lucas fazem de tudo, menos o Rato – o Rato é só o cara da chapa.

Os jovens são clientes fieis. Tem a galera da escola, César Donato Calabrez, a 2 minutos dali, que estuda no período noturno, e que sai 23h e vai direto para o Rei, especialmente às sextas-feiras. Tem também uma turma que vai sempre no final de semana, já que ao lado do Rei da Batata existe o Espeto da Vila, uma tabacaria que complementa o rolê.

O Rei da Batata, com seu cardápio lotado de opções e com um ambiente simples, mudou a cara do quarteirão da Praça William Alexandro Dias Vaz, que é apelidada de rua de lazer pelos próprios moradores. Ao lado do estabelecimento, por exemplo, tem uma praça que antes ficava vazia e hoje, de quarta a sexta, das 17:00h às 01:00h, horário e dias de funcionamento do Rei da Batata, é possível ver famílias reunidas e até crianças usufruindo do parquinho. “Eu gosto desse trabalho porque a gente reúne diversas pessoas de estilos diferentes pra não só comerem, como estarem juntas”, orgulha-se o chapeiro Rato, de 33 anos, que é primo do Lucas.

As batatas simples custam entre R$5,00 e R$25,00 e podem vir acompanhadas de bacon, calabresa e qualquer um dos 13 acompanhamentos listados no inicio do texto. Já as batatas para compartilhar com a galera, custam de R$35,00 e R$50,00 e podem vir com ovo de codorna e camarão. Além das batatas, rolam também lanches com hambúrguer artesanal. Você tem a opção só lanche ou combo, que vem com a batata e refri junto.

Maria Bonita

Parque do Rodeio, Cohab Inácio Monteiro, Zona leste de São Paulo.

– Oi, moço, onde tu comprou essa marmita aí?
– Comprei no restaurante seguindo a rua aqui, aquela casa do norte

Diálogo direto e reto. Mas foi assim que eu descobri a Casa do Norte Maria Bonita.

Ninguém nota um movimento muito significativo quando passa na Rua Cachoeira Morena de manhã ou de noite, mas no horário de almoço, entre 12h e 14h, não tem jeito: é notável o constante fluxo de pessoas. O pessoal disputa avidamente uma das oito mesas – ou uma marmita – na Casa do Norte Maria Bonita. A dona do local não se chama Maria, se chama Areta Camargo, tem 31 anos, e também mora no bairro onde se encontra o restaurante, Cohab Inácio Monteiro, um lugarzinho entre Cidade Tiradentes e Guaianases. Areta abriu o, até então, Bar Maria Bonita, em 9 de julho de 2008, junto com seu marido Michel Paulino, de 34 anos. Era pra ser só um bar, mas aí… “Os clientes começaram a pedir comida e, dois meses depois, nós começamos a vender os pratos do norte mais famosos: arrumadinho e baião de dois.”, conta.

O prato mais pedido é o que dá nome ao restaurante, o Maria Bonita, porque foi elaborado pela galera que trampa ali. Ele inclui arroz com jabá, feijão fradinho, costela frita, carne seca desfiada, queijo coalho e vinagrete e custa R$17,00, a menor porção, e R$32,00, a maior. A coisa é bonita mesmo e não tem miséria. Mesmo a porção pequena, vem um montão.

Se você estiver com menos fome – porque pra comer no Maria Bonita tem mesmo que ter espaço no estômago – rola uma feijoada mais leve do que a tradicional, a feijoada light, que vem sem pé e orelha, e custa R$25,00, a porção pequena, e R$36,00, a grande. Os pratos mais baratos têm preços que variam de R$12,00 até R$26,00, e tem desde macarrão até picadinho. Os mais caros têm preços que variam de R$18,00 até R$36,00, e têm desde as duas opções de feijoada – a tradicional e a light – até parmegiana de filé de frango ou de bife. Comida boa e com sustância, o Maria Bonita acabou se tornando uma referência para as famílias do bairro. Também sai muita marmita para os professores e funcionários da escola que fica no final da rua, E.E. Cohab Inácio Monteiro. É ao lado dessa escola, que fica o Parque do Rodeio, onde os jovens e as famílias da redondeza se encontram, fazem festas nos quiosques, andam
de bicicleta, skate e patins – e de quebra ainda rola aquele futebol entre as minas e os manos.

 

Sorveteria Sabrina

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

“Flocos, napolitano, morango e coco são os sabores tradicionais que mais saem na Sorveteria Sabrina”, diz Sérgio, dono e responsável pelas mudanças que rolaram no estabelecimento, em 2005. Mas são as cores, que parecem ainda mais vivas através dos vidros brilhantes dos freezers, e os sabores inusitados que mais chamam a atenção de quem passa na Rua Adolfo Campos de Araújo, saindo da estação de metrô Vila das Belezas – entre Campo Limpo e Vila Andrade.

“Parece que estamos comendo a fruta fresca do pé”, conta um cliente sobre o sorvete de jaca. Dá pra gastar horas se aventurando entre os 36 sabores inventados na fábrica, em Embu das Artes, onde uma consultoria foi contratada só pra inventar e testar novos sabores – que são distribuídos nas filiais da marca. A dica, pra quem vai pela primeira vez e quer ousar no pedido, é experimentar os lançamentos recentes, como kiwi, mousse de uva, tapioca, caipirinha, blue ice, chiclete e Sonho de Valsa. Os dois últimos são sucesso entre os mais jovens – um pelas cores e gosto característico de “chiclete da Barbie”, daqueles que vinham com adesivo ou tatuagem, e o outro pelos pedaços suculentos de bombom.

Apesar de toda inovação, o ambiente tem cara da típica sorveteria de bairro: paredes em amarelo vibrante, pôsteres de milkshake e banana split espalhados e um self-service a R$2,99 por 100 gramas – que servem mais ou menos duas bolas. E como não podia faltar, oferece de acompanhamento farofinha de castanha de caju, granulado, calda quente de chocolate e as tradicionais balinhas Fini.

Peça o sorvete na cestinha para comê-la ao final, enquanto observa o movimento na rua, as crianças de uniforme saindo da escola, com o sertanejo universitário e o pagode como trilhas sonoras. Dá até pra voltar no tempo.

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