De Torta em Porta

Aos 21 anos, após adotar um gato e construir com ele uma relação de afeto, Vanessa Galvão entendeu que, apesar de as pessoas normalmente não terem tanto contato com vacas, porcos e galinhas, esses animais também estabelecem entre si um tipo de afetividade. Assim, se tornou vegetariana. E hoje, aos 24, é vegana.

Estudante de biologia, sua preocupação em preservar o meio ambiente se voltou também aos hábitos alimentares. “Você muda a empatia com o mundo através dos alimentos que come”, diz.

Vanessa estudava em uma faculdade particular, mas teve que trancar o curso. A falta de grana e a vontade de disseminar o veganismo levaram-na até às tortas veganas que começou a vender na USP, onde faz iniciação científica. As vendas deram certo e, com a ideia de expandir, ela criou o De Torta em Porta. O negócio no Facebook vende, além das tortas, salgados como coxinha (massa de batata doce com recheio de jaca; berinjela e legumes com mandioqueijo), croquete de soja, bolinho de queijo de batata e risole de palmito.

Entre os ingredientes dos produtos, estão matérias-primas que ela mesma cultiva em Itatiba, interior de São Paulo, onde vive. Para se aprimorar , Vanessa faz pesquisas, lê livros e assiste a filmes que focam no veganismo – além de alimentação acessível. Seu objetivo é divulgar o simples, que aproxime as pessoas da vida real.

Apesar de morar no interior de São Paulo, suas vendas e entregas acontecem nas diversas estações de metrô da capital. O De Torta em Porta é um meio pelo qual a vegana reafirma suas convicções: a mudança do modo como as pessoas se alimentam para uma existência mais saudável. “Meu corpo foi de um cemitério para um jardim”, conta com um sorriso no rosto.

Publicado em agosto/2018. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

Açaí Conquista

Quase todo mundo sabe o que é um bom açaí: batido, cremoso, servido com frutas e granola. À primeira vista, o açaí servido no Açaí Conquista, em Diadema, não difere muito dos outros. Mas um paladar mais atento consegue perceber que, em cada copo, há também o sabor de todo o Sudeste.

É que a massa feita com a frutinha amazonense leva também frutas frescas compradas em diferentes estados da região. A dona do local, Angélica, é casada com um caminhoneiro. Por suas andanças, ele tem contato com diferentes culturas regionais: músicas, danças, artes, lazer, comidas locais e… frutas.

A Grande São Paulo (região metropolitana com mais de 39 municípios vizinhos da capital paulista) possui uma população de cerca de 21 milhões de habitantes. Em contrapartida, existem somente 17 sacolões municipais, o que reduz o acesso ao alimento fresco, principalmente nas regiões periféricas. E vem daí o diferencial do Açaí Conquista: em meio à pouca distribuição de frutas e outros gêneros in natura nos grandes centros urbanos, você tem a oportunidade de experimentar frutas frescas de todo o Sudeste dentro de um copinho.

Prove o morango de Minas, as bananas do Rio, ou o abacaxi plantado em São Paulo, além da massa do açaí, claro. Em cada copo há o sabor das frutas de toda a região.

A massa do açaí é feita de maneira artesanal por amigos de Angélica. A fabricação em pequena escala faz com que o Açaí Conquista seja diferente dos servidos na região. Seu gosto é acentuado e não há aquele sabor artificial típico dos açaís industrializados.

O preço varia entre R$ 5 (300 ml) a R$ 20 (1,5 l) – você mesmo monta o seu açaí e decide o quanto do Sudeste quer provar.

O estabelecimento foi inaugurado em novembro de 2016 e está cada vez mais conquistando a população do bairro. Toda semana são vendidos cerca de 100 copos de açaí. A ideia de Angélica, que surgiu como tentativa de se livrar do desemprego, foi além: tornou-se também uma tentativa de levar algo novo para o bairro, que é a mistura do seu açaí com o amor pelo o que faz.

E se você também é amante dessa frutinha maravilhosa, ou dessas misturas de frutas e grãos combinados à massa, talvez o Açaí Conquista te conquiste como me conquistou.

Rock It

O município de Itapevi (na Grande São Paulo) tem vários bares, mas desde 2015 o Rock It supera em originalidade muitos bares de lá e tantos outros da capital paulista.

Quem entra no bar itapeviense se depara com discos de vinil nas paredes, sofás e chão xadrez, lustre de fitas cassete, mesas de sinuca e pôsteres de Elvis e de pin-ups. Parece um bar de rockabilly ou rock clássico. Mas não é só isso.

Francine Motta, a proprietária, afirma que, desde o começo, a ideia era abrigar todas as tribos, algo que ela mesma buscava. “Se quiséssemos fugir da rotina, as opções eram ir pra Barueri ou para o centro de São Paulo. E é um saco ter que ir pra longe para se divertir.”

Quem reclama de mesmice não tem problemas no Rock It. Cansou de rock? A próxima noite é de reggae. Tá a fim de dançar? Tem a de pop.

Não está no clima para ouvir música? Tem sinuca e fliperama. Quer só conversar e comer com a galera? O Rock It também serve pra isso – e muito bem.

A comida é tão caprichada quanto a sua decoração e programação musical: tem porções, pastéis e lanches, quase todos com opções veganas. Até a comida é ideológica, como tudo no bar que tem Primeiramente, Fora Temer em descrição de evento no Facebook e festas girl power só com mulheres discotecando. “Como muita gente se torna vegetariano ou vegano por questões ideológicas – em defesa dos animais ou da natureza –, a gente optou por oferecer a opção de substituir a carne em qualquer item do nosso cardápio”, explica Francine. Dá para pedir pastel, quibe, coxinha e qualquer um dos lanches de hambúrguer artesanal na versão soja – o preço é o mesmo.

Quem fica na cozinha é a mãe de Francine. No começo, Dona Edna achou estranha a ideia de largar o emprego para abrir um bar, conta a filha. Hoje conhece toda a galera que cola lá eprepara os lanches nas noites de festa ou em eventos, como os Flash Days de tatuagem, saraus, bazares e encontros de carros antigos.

E, se ainda não estiver convencido de que vale a pena atravessar São Paulo pra curtir o Rock It, Flávia Teodoro, moradora da Brasilândia, diz que faz mais sentido fazer uma viagem de 26 km até lá do que uma de 8 km até a Vila Madalena. “Tô de saco cheio de bar blasé.”

O bar, criado para evitar ter que ir para o Centro se divertir, está trazendo gente de toda São Paulo para Itapevi.

Mundi Batataria

Quando alguém para de comer carne, um dos maiores desafios é comer em fast-food. Não dá para ir aonde todo mundo vai e, ainda assim, comer muito. Nada de McDonald’s, Burger King ou KFC. Mas na Mundi tudo é possível. O foco deles é a batata. A Mundi Batataria é uma marca criada em Itapevi (município a oeste de São Paulo) pelo empreendedor Wellington Rabelo, quando este percebeu, junto a seus sócios, que faltava algo gostoso, barato, chamativo e que funcionasse para todos os públicos gastronômicos.

“O nosso público vai desde criança pequena até idoso. Todo mundo gosta de batata frita”, foram as palavras do fundador da marca, orgulhoso ao dizer que o primeiro quiosque da Mundi, inaugurado em 2011, fez muito sucesso logo no primeiro mês. A primeira lanchonete Mundi disputa a atenção dos fregueses com pastelarias, sorveterias e até mesmo um Subway (que em 2010 se tornou a maior rede de fast-food do mundo), e é um dos poucos lugares que nunca está vazio. Das 10h30 às 22h30, sempre tem alguém fazendo seu pedido e desfrutando das batatas Mundi.

Quadrados e com a aparência de uma casinha de desenho animado e com o mascote da marca (uma batata frita com chapéu de chef) no telhado arroxeado, os quiosques já viraram pontos de referência. Seja pelos folhetos com imagens de batatas com rosto, pelas bandeirinhas colocadas nas porções, ou até mesmo pelo jingle que vez ou outra toca na rádio dos quiosques da batataria, existe muita identidade envolvendo a marca Mundi.

São três tipos de batata – palito, rústica e xadrez. Você ainda pode escolher entre nove coberturas para as batatas (ou, se quiser, comer as nove todas de uma vez): molho barbecue, cheddar cremoso, alho e ervas, molho caseiro, mostarda com mel, bacon, mussarela, catupiry e calabresa. Toda essa variedade também está disponível para cobrir outras porções de salgados.

“As batatas ainda são nosso foco”, diz Wellington defendendo o nome e a proposta original da marca. “Tanto que adicionamos coxinhas e açaí ao cardápio, mas junto vieram dois novos tipos de batata.”

O que a batata da Mundi tem de diferente das batatas de tantos restaurantes fast-food e bares que existem pela cidade? Eles usam a batata europeia com a coloração da polpa e o sabor mais fortes. O especialista explica que a maioria dos restaurantes preza por batatas de sabor menos acentuado e de corte mais fino porque, nesses lugares, elas são o acompanhamento de um lanche ou prato. Lá, elas são o prato principal.

Samambaia Bar & Lanches

Quem caminha à noite pelo Tatuapé já deve ter notado a quantidade de barzinhos na região, que mais parecem cópias dos da Vila Madalena e do centro expandido. Esses bares atendem ao público jovem da região, que sofreu um boom imobiliário e tem atraído cada vez mais pessoas de outros lugares.

Aparentemente despretensioso, o Samambaia Bar & Lanches é a união do saudosismo bairrista com as paixões de Carol e Tiago, ambos criados no Tatuapé. A dupla decidiu abrir um negócio após terminar a faculdade de ciências sociais. Tiago queria ver no bairro o antigo movimento, com pessoas que se conhecem e estabelecimentos que fortalecem a cultura local.

O som ambiente é gerado por uma vitrola, alimentada pelos mais de 300 discos que eles têm na casa. “Aqui não tem reprodução automática. Nós temos que parar o que estamos fazendo e ir trocar. E isso acaba nos trazendo de volta pra realidade”, falou Carol. “Para nós, os algoritmos não servem para nada. Preferimos o fator humano”. Sempre que possível o bar promove “atividades extracurriculares”, como flash tattoos e projeções de filmes independentes.

A casa tem um cuidado especial com as bebidas, privilegiando a variedade e os pequenos produtores. Há muitas opções de cachaças, separadas por regiões do Brasil. Se preferir algo gelado, aposte nos chopes. Sempre com pelo menos duas opções, as bebidas são trocadas semanalmente, oferecendo maior variedade e marcas menos conhecidas. Tiago pode dar uma aula sobre cervejas, basta solicitar. Toda segunda-feira tem chope em dobro.

Para comer, o carro-chefe é um clássico de boteco: moela. Comprada da avícola mais antiga do bairro, é cozida na cerveja preta, temperada com especiarias e servida em uma cumbuquinha com salsinha (colhida da horta do próprio bar) e uma cesta de pães. “A ideia é servir um prato que é muito conhecido entre os mais velhos, mas com uma cara nova para a geração atual”, conta Rafael, mestre-cuca do bar e amigo de longa data dos donos. A porção pode ser dividida entre duas pessoas numa boa. A ideia do cardápio é combinar elementos da culinária contemporânea aos gostos dos donos e à proposta do ambiente. Entre as opções estão desde ovos coloridos a pratos mais sofisticados.

Um dos resultados dessa mistura – e o preferido de Carol, vegetariana –, é o lanche vegano de legumes marinados no pão ciabatta. O pão, feito com farinha orgânica e com fermentação natural, produzido e entregue no bar por uma amiga da Carol, é recheado com abobrinha e berinjela seladas na chapa, acompanhadas de rúcula e tomate confit. É de lamber os dedos literalmente: você vai lamber o tempero que ficar em seus dedos e rezar para o sabor não ir embora jamais.

Novos Veganos

Inaugurada em 26 de agosto de 2016, a hamburgueria Novos Veganos chegou na zona leste de São Paulo para atender uma demanda de veganos-vegetarianos-simpatizantes carente na região. O local fica perto de uma Avenida movimentada e seu entorno é animado e cheio de gente atraída por diversas opções de comida e bebida vendidas na mesma rua.

Trazer essa opção de comida sem crueldade animal para a quebrada se tornou a missão dos proprietários-namorados-veganos jornalistas Natalia Cirillo e João Steves, quando perceberam que não havia algo do tipo na ZL. As opções de vegetarianos que eles conheciam, como consumidores, não eram acessíveis nem em matéria de local, nem de preço. Criativos, batizaram cada lanche com um trocadilho, em menção a algumas personalidades que lutam ou lutaram por causas sociais ou pelo divulgação do vegetarianismo. Como por exemplo, o Eddie Vegger – em homenagem ao cantor vegetariano e líder do Pearl Jam, Eddie Vedder.

Para a criação das receitas e opções dos lanches, eles reuniram um grupo de, nas palavras do João, “monstros da culinária”. Cada um ficou encarregado de criar um sabor de hambúrguer, de pão ou queijo (lembrando que eles trabalham com opções de queijos vegetais). Todos estes “monstros sagrados” são pequenas empresas, como o Morrones, um food truck de comida vegana a preços acessíveis.

O preparo dos pedidos é revezado entre João e Natália, alternando os dias. Um dos mais pedidos é o Grande Vegano, monstro com três hambúrgueres de quinoa com soja, catupisalsa, vegarela, catupiveg, rúcula, alface, tomate, cebola roxa, bacon vegetal tudo servido no pão de cebola. Outra opção um pouco menor é o Bnegrão de Bico. De acompanhamento, você encontra no Novos Veganos batata frita tradicional e uma batata frita da casa, com
queijo e bacon de soja, e também as onion rings – cebolas empanadas e fritas. O combo vem com refrigerante e quem quiser ficar alegrinho pode experimentar as opções de cervejas artesanais.

O ambiente é jovem e ativista, com público composto de grupos de amigos ou famílias e casais preocupados com questões ambientais, sociais e políticas. O clima da casa é descontraído, com música alta, de preferência rock. O atendimento e serviço ainda está em processo de adaptação, por conta do pouco tempo de funcionamento, mas os dois sócios-namorados, João e a Natallia, são atenciosos e comunicativos. Como João me disse, “todas as pessoas envolvidas no projeto Novos Veganos, não querem apenas vender lanches, mas fazer do mundo um lugar melhor, sem crueldade ao animais. Fazer do veganismo algo acessível a mais gente”.

 

Como chegar

Contato
Tel: 
Facebook

Horário de funcionamento

Destaque 

Preço médio 
R$30

Formas de pagamento 
Dinheiro, cartões de débito, crédito e VR

dsc_0074b

[template id=”870″]

Flor de Liz

“O melhor vegetariano de Osasco”, assim me foi apresentado o Restaurante Vegetariano Flor de Liz, localizado no centro comercial da cidade da região oeste da Grande São Paulo. Com tamanha propaganda, decidi que o vegeta de Oz tinha que entrar no nosso guia gastronômico das quebradas e fui conferir a qualidade do seu rango. Colando no local, no entorno da Praça Duque de Caxias, pouco depois das ruas do centro comercial, damos de cara com uma área com mesas ao ar livre, vista para a praça, muitas árvores, pássaros, crianças e alguns senhores(as) mais “experientes”. O restaurante é arejado e espaçoso, tem algumas paredes de madeira e é bem amplo. O ambiente é tranquilo e silencioso, com uma música baixa, quase imperceptível.

E como a parada começou? Lizandra Meira, vegetariana, tinha dificuldade de encontrar bons picos para comer, em Osasco, com preço acessível e que não incluíssem crueldade animal em suas receitas. Para encontrar comida sem carne, fora de casa, ela tinha, invariavelmente, que se deslocar até São Paulo. Se Liz não queria mais ir até a montanha, resolveu fazer a montanha vir até Liz e montou, há 2 anos e 9 meses, seu próprio restaurante, o Flor de Liz, para atender a demanda vegetariana e vegana da cidade.

O esquema no Flor de Liz é o “coma à vontade por valor fixo”. Ele oferece uma variedade de opções em seu serviço, como arroz integral, feijoada vegana, proteína de soja, diversos vegetais, legumes, saladas, pizza vegana e torta vegana. Para sobremesa as opções incluem: bolos, doces e canjica. Faz parte do pacote, ainda, opções de suco que variam durante a semana.

Aos finais de semana o preço é um pouco mais salgado, mas a variedade aumenta: yakisoba, tempurá de legumes, legumes salteados, festival de salgados e kibe de forno são algumas das opções que o consumidor encontra. A comida é fresca, levemente temperada e saborosa. Pra quem come pouco ou quer gastar menos, além do self-service, é possível fazer marmitex.

O Flor de Liz é uma opção para uma refeição completa, agradável, acessível para os vegetarianos/veganos que moram – ou estão de rolê – por Oz.

Dr. Naturalle

O setor de restaurantes vegetarianos vem crescendo na cidade de São Paulo. Segundo uma pesquisa do IBOPE, de 2012, cerca de 792.120 de paulistanos se dizem vegetarianos. Mas, apesar disso, poucas são as opções nas periferias da cidade. Por isso a procura pelo Dr. Naturalle é grande. Ele fica na Rua Agenor de Barros, na Vila Ponte Rasa, Zona Leste. O pico, que antes dava lugar a uma loja de produtos naturais, hoje também se tornou um restaurante vegetariano.

Aberto em julho de 2015, o Dr. Naturalle atende, principalmente, os trabalhadores da região – por estar localizado em uma área comercial da Vila Ponte Rasa. Professores de escolas próximas costumam comer por lá, mas para ganhar tempo, optam pela marmita. “Pedem tanta marmitex que quase não damos conta.”, conta Gabriela, 27 anos, filha dos donos, que é vegetariana desde que nasceu. Hoje Gabriela trabalha na cozinha do restaurante dos pais e lembra de quando a mãe Marilene, também vegetariana, a levava para comer em lugares muito distantes – por não terem essa opção perto de onde moram, na Patriarca. Ela conta que às vezes iam em restaurantes não focados no vegetarianismo e pediam algo sem carne: “Daí a atendente dizia ‘mas não é carne; é só presunto, é só frango, é só patê…’, o que indica que muitas vezes as pessoas não tem conhecimento sobre o vegetarianismo”.

Abner, marido de Marilene, e também dono do restaurante, não é vegetariano mas admira o movimento e considera importante ter pessoas vegetarianas no comando do fogão diariamente. “Por exemplo, temos a Jô, que também é vegetariana e trabalha com a Gabriela na cozinha. Já a Simone, de 32 anos, é atendente e também é vegetariana”” explica. Para Simone, que mora em Guainases, a existência de restaurante vegetariano na quebrada, aproxima as pessoas do movimento, que ainda é muito desconhecido por lá – e também no bairro onde mora.

A maioria de funcionários da loja não é vegetariana, mas a Gabriela disse que como eles comem lá sempre, acabaram se atentando mais para a alimentação saudável. “Eles curtem o movimento e isso acaba atingindo a vida pessoal deles também”, comemora.

Dr. Naturalle conta com cardápios que variam conforme os dias da semana e você pode comer a vontade por R$ 14,90 nas segundas-feiras. Nos demais dias, o valor é R$ 19,90. O destaque é a lasanha de berinjela que, segundo a Gabriela, é o que mais sai e o que mais atrai a curiosidade da galera, juntamente com os refogados de legumes.

 

Restaurante da Marlene

Cambuci: a palavra que nomeia o bairro do Centro de São Paulo veio de uma fruta nativa da Mata Atlântica. Sua origem é o termo “kãmu-si”, ou “pote d’água” em tupi-guarani, devido à sua semelhança com o formato dos vasos de cerâmica que os índios produziam. O fruto – da família das goiabas e jabuticabas – está diretamente ligado à história do estado de São Paulo, pois, originalmente consumido pelos índios, passou a ser consumido pelos bandeirantes curtido na cachaça.

Apesar da importância histórica e ambiental, pouca gente conhece a fruta e a espécie chegou a ser ameaçada de extinção. Hoje esse quadro vem mudando e o cambuci se tornou um símbolo de preservação da Mata Atlântica, graças a estratégias como a Rota do Cambuci, um festival que teve sua primeira edição em 2009. Parelheiros, no extremo sul da capital, faz parte dessa rota. A 37km de distância do Marco Zero da cidade, na Sé, a região, com seu clima de interior e cercada por toda parte pelo verde da Mata Atlântica, foge completamente do perfil caótico e cinza do resto de São Paulo. É lá que estão localizadas as duas unidades do Restaurante e Pizzaria Marlene, que certamente possuem a melhor e mais sustentável comida caseira da região.

Aberta em 1989, pela Dona Marlene, a primeira casa era inicialmente um bar. Em 2006, ela passou a desenvolver receitas com frutas nativas, que deram tão certo que três anos depois passaram a fazer parte da Rota do Cambuci. O restaurante self-service muda o cardápio todos os dias, de acordo com a qualidade e preço dos produtos na semana. Ainda assim, alguns pratos são verdadeiros clássicos, como a moqueca de peixe, o peixe à milanesa e a espetacular costelinha de porco no molho agridoce de cambuci, que desmancha na boca e combina perfeitamente com o sabor ácido e adocicado da fruta. Vale ressaltar também que todas as ervas e folhas são orgânicas, compradas de produtores da região. O preço é muito camarada e para acompanhar a comida, nada melhor que o suco de cambuci, também ácido e adocicado na medida certa. Uma paleta de cambuci com leite condensado é perfeita para fechar o almoço. Outras delícias caseiras feitas com a fruta também podem ser encontradas no restaurante, como geleias, musses e cachaças.

“Quando comecei, Parelheiros era bem menor, mas não cresceu tanto econômica e culturalmente falando. É preciso de muito trabalho para que os moradores daqui tenham mais contato com as nossas frutas”, diz a simpática Dona Marlene, que abriu a segunda unidade do restaurante em 2015 e também dá oficinas culinárias sobre as frutas nativas em diversos pontos da cidade. Com sua rica simplicidade transmitida tanto na fala, quanto na comida, ela se tornou uma figura importante na divulgação da região. É daquelas pessoas com um jeito gostoso, que dá vontade de colocar dentro de um potinho, ou de uma compota, e levar para casa.

 

 

Bar do Berinjela

O Bar do Berinjela teve início em 1964, quando o pai do Zé Berinjela (atual proprietário), decidiu trocar sua barraca na feira, onde vendia berinjelas, por um bar tradicional. Zé Berinjela herdou de seu pai, o apelido, o bar e toda a tradição no cuidado com o preparo das receitas. Tradição que vai desde as entregas vindas do Ceasa, trazendo as berinjelas e outros produtos frescos ao menos duas vezes por semana, até o momento em que o cliente saboreia seu prato e recebe a atenção dos próprios donos, que além de preparar os pedidos, conversam e querem sempre saber se realmente gostamos ou não do que foi servido. São usados em torno de 100 a 120 kg do legume por semana no preparo dos pratos, que incluem os bolinhos de berinjela e também uma berinjela à parmegiana feita na chapa.

Dentro de suas paredes roxas – mais uma homenagem ao ingrediente principal do lugar – o Bar do Berinjela propicia um ambiente familiar aconchegante com música ambiente baixa e decorado por bandeiras de times de futebol e recortes de jornais e revistas onde o restaurante foi destaque. “Aqui é pra trazer a vó, não tem barulho”, explica Dona Débora, esposa do Zé e companheira de trabalho no bar desde 1991. Ela é quem prepara os pedidos e também elabora receitas para renovar o cardápio ou para algumas ocasiões especias como feiras ou concursos. Foi ela quem criou a receita do destaque Surpresa do Berinjela, um bolinho de berinjela e calabresa com recheio de parmesão. A delícia tem tamanho generoso, em comparação aos bolinhos vendidos em outros estabelecimentos, com uma crosta fina e crocante, massa equilibrada com o sabor característico da berinjela e um tempero leve. Completam a receita a calabresa, acrescentando suculência, e o parmesão derretido no meio.

São servidos com um picante molho caseiro de pimenta. Essa receita, aliás, venceu o concurso Comida de Boteco em 2013 – o que aumentou bastante o movimento do pico. Outra receita original do bar, é o quibe de berinjela, feita por Lívia, filha do casal. Além da berinjela, é possível experimentar uma diversidade de bolinhos, como o bolinho de arroz, de carne, de bacalhau, de alheira (um embutido da culinária portuguesa) e de camarão.

A imagem que o bar deixa é de algo preparado, pensado e administrado por uma família que te convidou para conhecer suas receitas tradicionais em casa. “Nós gostamos mesmo do que fazemos!” garante o casal Dona Débora e Zé Berinjela.

 

Pular para o conteúdo