Pantcho’s House Burguer

Cheddar, presunto e anéis de cebola empanada cobertos por molho de mostarda e mel no pão australiano artesanal: esse é o Chico Cheddar, o hambúrguer mais pedido da casa. Na cozinha, os hambúrgueres são feitos pelo Ricardo, o Pantcho, que descobriu ter talento pra coisa depois de muito ao assumir a cozinha nas reuniões entre amigos que fazia em casa, junto com a companheira Regiane.

Entrar no Pantcho’s House Burguer é como estar em um filme do Tarantino. Parece uma lanchonete americana dos anos 80, com luz baixa, sofás, vinis e pop-art. “Vocês estão no lugar errado”, já ouviu Ricardo, certa vez, de um cliente. Mas o casal escolheu abrir seu negócio no Grajaú justamente por perceber que não tinha nada parecido na quebrada onde moram. Os dois tocam o dia-a-dia do lugar e fazem questão de tornar tudo muito pessoal. Todos os nomes dos hambúrgueres são referências aos seus bichinhos de estimação e pessoas importantes para eles. O Chico Cheddar, por exemplo, é uma homenagem ao pai da Regiane. Tem também o Gato Rei, que acompanha carne bovina, uma “exagerância” de bacon, queijo prato, cebola e maionese especial no pão artesanal, e custa.

O Clássico 70 é o mais barato da casa, mas a Regiane garante que não deixa a desejar para os outros: hambúrguer bovino, coberto com fatias de queijo, acompanhado por tomate e cebola sob uma camada de maionese especial no pão artesanal. E, ah, para adicionar fritas ou anéis de cebola empanado ao seu burguer, você paga mais R$ 4,50. Como opção de bebida, o Choco Kit Kat, feito com um sorvete que é receita de uma confeitaria local, têm pedaços de chocolate, palitos de Kit Kat. O atendimento é atencioso e você pode explorar o cardápio pedindo aos funcionários dicas sobre seus lanches e acompanhamentos favoritos. Na trilha sonora não podia faltar Criolo, um dos muitos artistas do Grajaú que fazem parte da identidade da hamburgueria. PS: dê atenção especial ao desenho da capa do cardápio, também, obra de outro artista local.

Aqui, casais jovens, idosos e grupos de amigos se encontram em plena quinta-feira à noite, num clima de conforto e descontração. Muita gente chega ao Pantcho’s por meio da página do Facebook, que tem uma identidade visual profissa. É que a Regiane é designer e aplica muito do que aprendeu pra alavancar o negócio, que antes era delivery e há dois meses tem local fixo na região.

AVISO: A hamburgueria fecha às 23h. Mas existe o risco do Tim Maia no vinil não deixar você querer sair. Os funcionários que me perdoem, mas precisei dançar.

 

 

A Coxinharia

Enquanto eu pensava no meu pedido, as atendentes da Coxinharia começaram a cochichar sobre a minha presença, suspeitando que eu fosse uma dessas pessoas contratadas para avaliar o atendimento e responder questões predefinidas pelo proprietário de restaurantes – provavelmente, pelo caderninho de anotações e pela grande quantidade de perguntas que fiz para confirmar as informações do estabelecimento. Peço por recomendações, elas me sugerem um “cone misto”, que eu aceitei e esperei ficar pronto. Quando o recebi, lhes entreguei a paçoca: Não, não é cliente oculto não. Eu sou jornalista, vim pegar umas informações e tal.

Os olhos das duas cresceram e elas começaram a me entrevistar: queriam saber de onde eu era, pra quem eu trabalhava, se eu fazia faculdade, onde… Senti que o jogo tinha virado e questionei por que aquele interesse
tão grande: “A gente quer aparecer, ué!”, “Nunca saiu a gente no jornal”, “Só a loja de Pinheiros aparece, faz a matéria aqui com a gente!”

Enquanto conversávamos, o rango chegou. O que Maiara e Lara me entregam é um cone que vem com doze pequenas coxinhas de sabores variados. Experimentei a coxinha de frango, a de pizza, a de queijo, a de calabresa, a de carne e o quibe. Outros sabores estão disponíveis, como carne louca e milho, mas naquela terça-feira, bem perto do final do expediente, esses dois sabores já estavam esgotados.

As meninas me contaram que, por se localizar na avenida central do bairro Tucuruvi, a maioria dos clientes são estudantes das escolas dos arredores, afinal, o preço é firmeza e a quantidade de coxinhas é grande – além do ambiente, meio retrô, ser aconchegante para se recostar no balcão e trocar uma ideia sobre os tititis da vida escolar. Se você curtir uma opção doce, os mini-churros de doce de leite são muito saborosos, e, cobertos de açúcar, lembram aqueles bolinhos de chuva da vovó que eram fritos na hora, no final de tarde. Os mini-churros saem também pelo mesmo preço das coxinhas: R$ 4 por 12 unidades, R$ 8 por 30. A Coxinharia é um fast-food da quebrada, suas iguarias saborosas e quentinhas rapidamente estarão em suas mãos para seu deleite – ali ou no rolê. Um sucesso entre os jovens da região e com fartas porções para todas as idades, a rede Coxinharia cresce bastante. Sua primeira filial foi inaugurada, também, bem próxima do metrô Tucuruvi, na Rua dos Ferroviários. Como o negócio anda acelerado, Márcio, criador da ideia, já está expandido o negócio da quebrada para Pinheiros, região mais central da capital.

Quando eu deixei a loja e segui o caminho de casa, não só levei comigo a barriga cheia e o sabor das coxinhas na memória, mas também o sorriso que a Maiara e a Lara me deram por, finalmente, aparecerem em uma reportagem.

Publicado em janeiro/2017. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

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