Chubiba Bar

Quem passa pela avenida Hebe Camargo, principal via de Paraisópolis, logo repara nas pessoas circulando em suas calçadas, que fazem da avenida um verdadeiro local de lazer e ponto de encontro. Um dos principais points da região para saborear deliciosas refeições é o Chubiba Bar, bar e cozinha que tem trazido o sabor nordestino à comunidade. Luiz Pereira, 45 anos, e Evandro Bezerra, 38, são sócios desde 2016. Juntos, decidiram abrir um bar e servir comida nordestina.

Luiz é cearense, trabalhava como porteiro, mas como sempre gostou de cozinhar, assumiu a parte de fazer os pratos que seus clientes adoram. Evandro, pernambucano, passou a vida toda trabalhando de garçom, outras vezes de ajudante cozinha; como não poderia deixar de ser, ele é o responsável por atender e servir os clientes. Uma das refeições mais pedidas é a tilápia frita inteira, acompanhada de salada e baião de dois, que custa apenas R$ 30. Também há sarapatel por R$ 15 além de outras opções como a galinha caipira temperada com sabor baiano, marinada no vinho. Seu principal segredo é deixar a galinha descansando nos temperos de um dia para o outro ainda congelada e, para ficar mais saborosa e com o sabor da roça, é servida acompanhada de pirão.

Atualmente, Luiz também trabalha como jardineiro na parte da manhã, pois o atendimento no Chubiba Bar só começa, de segunda a sexta, às 17h e, nos finais de semana, com a rotina mais  pesada, inicia às 10h. As entregas são feitas somente aos sábados e domingos, no bairro de Paraisópolis e arredores.

Ele conta que, em um dia, vende em média 60 peixes e que, de vez em quando, surgem surpresas, como uma família com cerca de 30 pessoas que, após um batizado, foi comemorar lá por saber da comida deliciosa. Sem aviso prévio, ele teve que se virar para atender as 30 pessoas e mais as entregas que não paravam. O local da alimentação é ao ar livre, com mesas e cadeiras em frente ao estabelecimento. A cozinha é aberta para que todos os clientes vejam como a comida é preparada. O perfil dos fregueses é, em sua maioria, de famílias que se reúnem a fim de comer uma boa refeição. Amigos também se encontram depois do trampo para beber uma breja, jogar papo fora e, claro, aproveitar as refeições e porções generosas.

Luiz e Evandro gostam do que fazem. E fazem com o aprendizado que ganharam na época em que viveram no Ceará e em Pernambuco, estados que têm em comum o sabor da típica comida nordestina.

(FECHADO) Ateliê Vegfit

Do café da manhã ao jantar, Ariadne e Susana ficam no Jabaquara. Elas abrem às 7h e fecham às 19h. Susana vai para a barraquinha na saída do metrô Conceição, onde só cabe ela e a geladeira com marmitas e salgados. Enquanto isso, Ariadne abre a cantina na Academia Sport Center, onde vende marmitas para os clientes do estabelecimento. Durante a tarde elas se revezam, fazem entregas por delivery e, à noite, Ariadne estuda nutrição. Juntas, cozinham para o outro dia. Nenhuma das duas se incomoda com tanto vai e vem ou com tantos pratos e salgados feitos diariamente.

Elas gostam do trabalho e fazem isso desde 2015, quando Susana decidiu montar seu próprio negócio e chamou sua amiga. “Chamei, abraçamos a causa e estamos aqui”, relembra. E desde então elas vendem salgados na saída do metrô. Ali é vendida a inacreditável esfiha de carne – suculenta e com recheio equilibrado – que vale por uma refeição.

Mas o trabalho da dupla é maior. Além dos salgados, elas começaram a vender marmitas em fevereiro de 2017 – que são hoje o destaque da dupla. O interesse pela culinária vegana foi para o próprio consumo: Ariadne queria alternativas à carne, pesquisou coisas novas e experimentou receitas. Susana também se arriscou a provar e a demanda surgiu. Os clientes passavam e perguntavam o que elas estavam comendo e, aos poucos, a galera foi degustando, curtindo e novos pratos foram incorporados ao cardápio. Todos os pratos são feitos com muito amor e o próprio tempero de Ariadne: pimenta do reino, manjericão, alecrim e ervas finas – sem nada industrializado.

No Instagram da dupla (@ateliervegfit) você encontra mais de 20 opções de marmitas: vegetariana, vegana e low carb (dietas com pouco carboidrato para pessoas que querem emagrecer). Com certeza você irá se perder entre os purês de abóbora e mandioquinha, as lentilhas

refogadas, o grão-de-bico e o escondidinho de batata-doce. Ariadne se empenha para garantir o preço acessível e a diversidade – é isso que, para ela, fará com que mais e mais pessoas experimentem uma culinária diferente. “Não dá pra comer só arroz, feijão e batata. Você não vê muita variedade em pratos vegetarianos ou veganos. E, como todo mundo acha que é caro, acaba preferindo comer carne”, diz.

Para pedir no Ateliê, basta ligar ou mandar mensagem no WhatsApp. As entregas são feitas todos os dias a partir das 12h. Hoje, além das marmitas, o Ateliê também conta com uma linha variada de sucos detox. Tem de cenoura com maçã, laranja e gengibre, e chá verde com abacaxi, maçã e chia; estas opções entraram no cardápio depois que Ariadne começou a estudar nutrição e quis ampliar seu conhecimento na área.

Pastel Gigante

Quando você entrar no mercado de Santo Amaro, vai dar de cara com placas do Elvis Presley e, ao som de Beatles, poderá se deliciar com um pastel de 30 cm por R$ 14,50. Sim, galera, o sonho é real. E, se os 30 cm não forem suficientes, não se preocupe: tem pastel maior ainda. Até porque “quando gostamos de uma coisa gostosa, não queremos parar de comer”, diz Priscila, a dona da pastelaria Pastel Gigante, sobre suas criações.

O Pastel Gigante não é uma pastelaria comum. “O nosso foco não é um pastel de feira. É sem vento, para servir como uma verdadeira refeição. O recheio vai de ponta a ponta, podendo pesar até 400 g e dá até para dois”, diz Paulo, dono de outra unidade, em Santo Amaro. São 45 sabores de pastéis, entre eles o de costela, que é o carro-chefe; cordeiro, que é quase uma iguaria, já que as pessoas ainda têm receio de experimentar; mas o campeão de vendas ainda é o de carne com queijo. Também há a opção de montar o seu próprio pastel.

O tempero utilizado na pastelaria é o mesmo que o casal de donos, Priscila e Gilberto, utilizam em sua própria cozinha. Priscila gostava de cozinhar e fazia pastéis em casa até que, em 2008, mudou seu ramo de trabalho. Analisou as chances com seu marido e montaram o negócio perto de casa no Jardim São Luís. O cardápio sempre foi variado, já que gostam de oferecer coisas diferentes do que as pessoas estão acostumadas a experimentar. O teste do pastel é feito em casa: preparam antes, provam e, só depois, levam ao restaurante.

Desde de 2008, o Pastel Gigante tem a mesma família cuidando do negócio. Eles fazem cerca de 300 pastéis por dia em duas unidades. Paulo, sócio do casal, é amigo de Gilberto desde a infância e já tinha uma pastelaria. Se juntou para  ajudar a alavancar os negócios e assim nasceu o pastel gigante e super-recheado da nova unidade no mercado de Santo Amaro. Lá, o público é diverso com estudantes que saem das escolas da região, executivos de empresas e moradores da Cohab e do Campo Belo.

O sucesso não é por acaso. Há cuidado especial em todo o processo de produção: alguns dos ingredientes são comprados ali mesmo no mercado de Santo Amaro e a massa dos pastéis é especial e mais grossa para aguentar o peso dos recheios. “Quero poder comprar do melhor para oferecer o melhor por um preço viável. O cliente está disposto a pagar mais por qualidade”, afirma Paulo.

Bar do Lopes

Criado na década de 1940, o Bar do Lopes nasceu simples, um barzinho comum de bairro, nada de servir refeições completas. Mas assim como seu bairro (Jardim da Saúde), acompanhou o crescimento da região e foi se sofisticando até se tornar um bar e restaurante com mais de 75 opções no cardápio. O almoço por quilo tem mais de 20 tipos de pratos quentes e 20 de saladas. A noite, o cardápio à la carte conta com 25 opções de pizza e 13 de lanches. O destaque é o Bar do Lopes, que vem no pão de hambúrguer ou francês, com lombinho, queijo fresco, tomate e orégano.

Aqui, tradição não significa sempre pertencer a uma única família. O Bar do Lopes foi tocado por diferentes donos, sem perder o nome de seu fundador e as características que abraçam os clientes.

O lugar é ponto de encontro para filhos, mães, pais, avós, amigos… Para diferentes vontades e experiências. “E isso vem de pai pra filho”, conta Pedro, gerente do bar desde 1997. O Bar do Lopes serve tanto pra encher a pança como pra quem quer colocar o papo em dia. Atende bem e da mesma forma quem frequenta há mais de 15 anos ou novas clientes como eu.

Na mesa, são entregues dois cardápios. Um com refeições completas – desde o tradicional filé à parmegiana a um saboroso prato de bacalhau – e outro com uma variedade de 35 tipos de porções, que passeiam entre batata frita, pizzas e uma ampla variedade de frutos do mar. Para beber, 79 tipos de bebidas: sucos naturais, refris, cervejas, chopes, conhaques, vinhos, aperitivos, caipirinhas, destilados, aguardente…

Com o prato escolhido, fiz o pedido ao Seu Rufino, um garçom que trabalha no Lopes há vinte anos. “Sinta-se à vontade. Se precisar é só chamar”, diz sempre que passa pela nossa mesa. Depois de cinco minutos, chega lula à dorê, um prato farto de encher os olhos, com um aroma que te faz querer provar aqueles petiscos dourados o mais rápido possível.

O ambiente me faz esquecer o movimentado bar ao lado, já que é dia de futebol. Com uma amiga, nem percebemos o tempo passar.

Comemos e bebemos à vontade, querendo ficar mais uma ou duas horas ali. Mas já era quase 23h30, o bar ia fechar e tínhamos que pegar um ônibus. Sorte nossa que o ponto ficava ao lado, ali mesmo na avenida do Cursino.

Pedacinho da Bahia

Um sonho trouxe Josi, a rainha do acarajé de Heliópolis, direto da Bahia para São Paulo. Batizada como Joanice Leandro dos Reis, teve uma vida repleta de dissabores. Por diversos problemas, quando criança a baiana teve que sair de casa. “Dormia nas varandas alheias e pedia comida nas ruas”, conta.

Ainda na infância, trabalhou em troca de comida e moradia. Era empregada doméstica e, entre uma folga e outra, observava sua patroa cozinhando e prestava atenção em como ela temperava a comida. Além de aprender como se preparava um acarajé, nascia também o gosto por cozinhar.

Aos 21 anos, Josi decidiu que iria para São Paulo realizar o sonho de viver do acarajé. O início não foi fácil: chegou com apenas R$ 23 no bolso. Morou em albergue e pensões e chegou a ouvir do dono de uma delas: “Volta pra Bahia!”.

Enfrentou assédio sexual e humilhações, mas resistiu em permanecer na cidade. Com menos de um mês na terra da garoa, conseguiu dois trabalhos. Um de panfletagem e outro num restaurante, que, juntos, rendiam R$ 250. Assim, se mantinha e ajudava seus dois filhos, que ficaram na Bahia. Semianalfabeta, Josi contava com a boa vontade alheia para conseguir sobreviver na cidade. Após se matricular em uma escola, um professor a ajudou na criação de um currículo, que a fez conseguir um emprego melhor. Com o primeiro salário, comprou o tacho, a colher de pau e alguns ingredientes para começar. Depois de quatro meses, conseguiu montar sua barraca de acarajé no Museu do Ipiranga.

Ela se dividia entre vários trabalhos: durante a semana, em uma tecelagem e em um bar; o acarajé era feito aos finais de semana.

A restrição para a venda de alimentos na rua a expulsou do Ipiranga e Josi, então, seguiu para Heliópolis. Lá conseguiu alugar uma casa, mas a restrição para ambulantes chegou à comunidade e Josi passou a cozinhar num restaurante local, vendendo o acarajé em quermesses.

A comida ficava cada vez mais conhecida na quebrada e, com o sucesso do tempero e a força de amigos, ela alugou um espaço para montar o Pedacinho da Bahia.

Hoje, Josi produz aos finais de semana cerca de 60 acarajés tradicionais e no prato, além dos caldos, lanches, pastéis e sua também famosa feijoada. Você pode chegar, pedir e partir ou, se preferir, pode aproveitar para sentar, comer e observar o fluxo da quebrada.

Josi tem o dom do tempero que agrada das donas de casa à galera do funk – não é a toa que, aos finais de semana, o Pedacinho da Bahia fica a noite inteira aberto.

(FECHADO) Akemi Açaí

Dividindo seu tempo como empresário e grafiteiro, Alex Oliveira tenta colocar um pouco da sua vida em seu estabelecimento, o Akemi Açaí. Alex começou com o grafite em 1996, na região do Jardim Ângela. Depois de mais de 20 anos grafitando muros em São Paulo, ele percebeu que faltava um point em seu bairro: algo natural, sem bebida alcoólica, comum nas regiões centrais. Sem pretensão e com uma grana emprestada, surgia o Akemi Açaí.

O sucesso foi gradual. No primeiro ano, o local só servia açaí e sucos. Aos poucos, o público foi aumentando e o espaço também. Hoje, o destaque são os lanches “especialidades do chef”, feitos com hambúrgueres artesanais e servidos com maionese caseira feita no próprio restaurante. Há um cuidado para que os lanches sejam montados sempre da mesma forma e o cliente saia sempre satisfeito.

O lado grafiteiro está nas paredes, renovadas todos os anos, e nos lanches, batizados com nomes das lojas que já pintou, como Twister e Tornado.

Alex tem vontade de abrir mais lojas, mas também gosta de ser aquele comerciante à moda antiga, que faz amizade com os clientes e se senta à mesa para conversar e ouvir opiniões sobre o estabelecimento. Ouvindo uma série de reclamações dos clientes, mudou a forma de atendimento: os modernos palmtops deram lugar aos bons e velhos bloquinhos de anotações.

No Akemi Açaí a galera divide espaço com famílias inteiras – inclusive o pessoal da igreja. O som é uma preocupação: MPB, sertanejo e pagode garantem a democracia sonora pra agradar todo mundo que frequenta o local. A ideia inicial, de criar na quebrada um espaço tranquilo para que os moradores frequentassem sem se preocupar com o trânsito caótico, deu certo.

E, para isso, Alex nem precisou abrir mão de sua outra paixão: ele ainda continua no grafite. Sábados e domingos são dedicados 100% à loja, mas no meio da semana ele continua fazendo sua arte em lojas e muros da região.

Dona Fran

Sabe aquela cheirosa e saborosa comida de vó? Preparada com bastante alho picadinho, temperos naturais, nenhum condimento industrializado e todo amor e carinho? Em Paraisópolis tem. E a boa notícia é que Dona Fran, a cozinheira, resolveu abrir as portas da sua casa para cozinhar para a comunidade.

Francisca Macedo dos Santos, 46 anos, é maranhense. Trabalhou durante muitos anos como empregada doméstica, e, nesse meio tempo, sempre esteve em contato com a cozinha. Seu desejo era que as pessoas experimentassem sua comida. Quando deixou o trabalho doméstico, chegou a ser camelô e a vender açaí, mas os negócios não deram certo. Dois amigos, encantados com seu tempero, a desafiaram a abrir um restaurante – assim surgia, no ano de 2010, o Restaurante da Dona Fran.

Todos os dias ela levanta às 7h para começar a preparar o almoço. O trabalho, no entanto, começa bem antes: as carnes ficam descansando no tempero de um dia para o outro. Não há muita variação no cardápio. A base sempre é composta por arroz, feijão, salada, macarrão e farofa de bacon. O que varia são os tipos de carne, sempre três à escolha do cliente. Frango à milanesa, coxa de frango assada, costela e feijoada são algumas das opções. Com R$ 27, duas pessoas comem muito bem.

O restaurante, em si, não é exatamente um restaurante. É a sala da casa da Dona Fran. Os clientes compartilham as mesas e podem ver Fran em ação, já que a cozinha fica logo ao lado. O local fica aberto para o almoço, mas o horário é flexível: ela conta que, em alguns dias, clientes aparecem para comer às 5h da tarde.

Apenas Dona Fran e sua sobrinha cozinham. Elas cuidam do almoço, servido de segunda a sábado, e também das encomendas. A comida da cozinheira já circula por toda Paraisópolis em entregas a pé, e sua fama já ultrapassou os limites da quebrada. Dona Fran conta que já recebeu pedidos no Portal do Morumbi, mas não pôde atendê-los por conta da distância.

Agora, o que ela quer é comprar uma moto para agilizar suas entregas e continuar colocando em prática o que sempre desejou: fazer com que mais pessoas possam experimentar o seu tempero de vó.

Publicado em agosto/2018. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

Espetinho Heliópolis

Alagoano, Leandro Santos saiu do Nordeste em 1998, aos 18 anos, com o desejo de vencer na vida. Chegou em São Paulo sem dinheiro, mas com vontade de trabalhar. “Quando a gente sai do Nordeste, sai para vencer e ganhar dinheiro… ser empresário”, conta. Mas o início não foi fácil.

Leandro trabalhou em diferentes restaurantes da cidade. Houve dias em que não tinha dinheiro para pagar uma passagem de ônibus e já precisou caminhar 10 km para chegar ao trabalho. Passou por dificuldades até para provar sua honestidade, quando foi acusado de roubo por uma cliente.

Mas todos os problemas que enfrentou não foram capazes de impedi-lo de caminhar com as próprias pernas.

No último restaurante em que trabalhou, antes de se tornar um empreendedor, Leandro encontrou um antigo amigo do interior de Alagoas, Cícero Costa, 40, hoje seu sócio. Juntos adquiriram experiência para que pudessem alçar voo. E, assim, aos 25 anos, ele sabia que estava pronto para gerir o próprio negócio.

Muitos desacreditaram por ser uma aposta na periferia, mas em um intervalo de quatro anos ele precisou mudar para um espaço maior. E foi no novo restaurante que aplicaram o padrão de qualidade que tanto prezavam.

“Para você ser empreendedor, não é só ter dinheiro, tem que saber trabalhar”, diz Leandro, que está atento a todos os aspectos envolvendo o Espetinho Heliópolis, desde a limpeza dos banheiros à qualidade do produto final. A ideia dele é levar para a periferia o padrão de qualidade dos restaurantes do Centro – e tem dado certo.

O bar-restaurante oferece 16 opções de espetinhos entre tradicionais e especiais: salmão, carne de sol, chuleta gaúcha, picanha e três tipos de costelas (todos com acompanhamento). Também há oito opções de pratos rápidos que servem de uma a três pessoas, caldos, saladas, porções, petiscos, guarnições e sobremesas. Para beber, cervejas 600 ml (R$ 9) ou long neck, sucos, refrigerantes e outros drinques.

“Nós temos o essencial para o cliente vir, gostar e voltar”, diz Leandro com orgulho.

Acarajé da Baiana

Quem passa pela movimentada avenida Carlos Lacerda, no Jardim Rosana, divisa com Capão Redondo, não imagina que, em meio à lojas e mais lojas, exista uma baiana vendendo acarajé. Uma dica é ficar atento ao aroma caracterísco, já que a baiana não está caracterizada como de costume, com roupas brancas, guias e turbante. Mas é impossível não saber quando Dona Meire frita os bolinhos feitos de feijão selecionado no seu original tacho de alumínio. “Até mesmo quem não gosta, vem experimentar e volta”, conta a baiana que mora e vende acarajé há 20 anos em São Paulo, sempre na mesma calçada.

Foi por causa da religião que Dona Meire escolheu não se caracterizar para trabalhar. E sua escolha acabou aproximando o público evangélico, além do baiano. Ela já perdeu as contas de quantas vezes o lugar proporcionou o reencontro de familiares e amigos que vieram da Bahia. Tem vezes que a conversa fica tão boa que falta lugar pra sentar e espaço em volta do fogueiro da Dona Meire. Mas não que isso seja um problema: a barraca oferece marmitas para os clientes, dando conforto para quem quiser levar o acarajé para casa.

Foi com 20 anos de idade que Meire começou no ramo do acarajé, ainda em Itabuna, sua cidade natal, no sul da Bahia. Começou por necessidade e sobrevivência. Sua vinda para São Paulo foi causada pelo desemprego do marido, José Cássio – e, desde então, o casal segue servindo acarajé na cidade.

As quatro filhas e o filho mais novo decidiram seguir outras carreiras. O principal vínculo familiar que ela tem em seu espaço de trabalho é com o marido e o neto, que ajuda o casal. Para a avó, essa é a forma de Wesley Jonas entrar no mercado de trabalho. E para o neto, a barraca é uma forma de perder a timidez e fazer amigos.

Quando o assunto é concorrência, a baiana se diz tranquila. Disse que já trabalhou ao lado de várias baianas e nunca houve brigas por vendas. Porém, o marido afirma que existe uma diferença no mercado baiano e paulistano: “Na Bahia é mais união e amor, aqui é mais rivalidade e negócio”.

Meire diz que há muitos boatos no mercado do acarajé e que muitos começam a vender objetivando o lucro. Mas garante que com ela é diferente: foi por “precisão” e amor. Ela afirma que se não tiver essa combinação, o comércio não vai pra frente. E ela sabe sobre o que está falando. “Quem faz acarajé há muito tempo carrega isso como um dom”, diz a baiana que faz acarajé há 36 anos (a mesma idade da minha mãe!).

Publicado em agosto/2018. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

De Torta em Porta

Aos 21 anos, após adotar um gato e construir com ele uma relação de afeto, Vanessa Galvão entendeu que, apesar de as pessoas normalmente não terem tanto contato com vacas, porcos e galinhas, esses animais também estabelecem entre si um tipo de afetividade. Assim, se tornou vegetariana. E hoje, aos 24, é vegana.

Estudante de biologia, sua preocupação em preservar o meio ambiente se voltou também aos hábitos alimentares. “Você muda a empatia com o mundo através dos alimentos que come”, diz.

Vanessa estudava em uma faculdade particular, mas teve que trancar o curso. A falta de grana e a vontade de disseminar o veganismo levaram-na até às tortas veganas que começou a vender na USP, onde faz iniciação científica. As vendas deram certo e, com a ideia de expandir, ela criou o De Torta em Porta. O negócio no Facebook vende, além das tortas, salgados como coxinha (massa de batata doce com recheio de jaca; berinjela e legumes com mandioqueijo), croquete de soja, bolinho de queijo de batata e risole de palmito.

Entre os ingredientes dos produtos, estão matérias-primas que ela mesma cultiva em Itatiba, interior de São Paulo, onde vive. Para se aprimorar , Vanessa faz pesquisas, lê livros e assiste a filmes que focam no veganismo – além de alimentação acessível. Seu objetivo é divulgar o simples, que aproxime as pessoas da vida real.

Apesar de morar no interior de São Paulo, suas vendas e entregas acontecem nas diversas estações de metrô da capital. O De Torta em Porta é um meio pelo qual a vegana reafirma suas convicções: a mudança do modo como as pessoas se alimentam para uma existência mais saudável. “Meu corpo foi de um cemitério para um jardim”, conta com um sorriso no rosto.

Publicado em agosto/2018. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

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