Casa do Norte Nova Mandacaru

O restaurante Casa do Norte Nova Mandacaru fica no meio de uma das avenidas mais movimentadas da quebrada, a Avenida Itaberaba, no número 4629. A região é cheia de carros e busões, já que fica bem no miolo, pertinho do terminal, que faz a liga da quebrada com os centros.

Recém-reformada, a entrada da casa tá bonitona, com um letreiro brilhante, orgulho dos tiozinhos que ficam ali em frente resenhando, quase que o dia todo. Por ser pequeno na medida, dá uma sensação de conforto, e é muito convidativo independente do quanto você tenha para gastar. O rango mais barato do restaurante, o PF, custa R$ 10. O pico é frequentado por pessoas de diferentes idades, de todos os cantos de SP e até de fora, mas os clientes mais fiéis são ali da quebrada mesmo, os tiozinhos da resenha.

Seu Jeová, proprietário, adora chegar na humildade para conversar com os clientes e, numa dessas, foi nos contando que o restaurante, já existe há uns 40 anos. Foi criado, inicialmente, pelo seu Durval, e desde o começo ficou sempre no mesmo local, passando por poucas mudanças. No dia 17 de novembro de 2006, o seu Durval vendeu o estabelecimento para o Jeová. E qualé a do Jeová? Bom, ele sempre trabalhou em padarias, e já manjava fazer uns rangos daora, mas por ser de origem mineira não dominava tão bem a culinária nordestina. O que ele fez, então? Meteu o loco e vendeu uns rangos ruins? Não! Ele foi até o Centro de Tradições Nordestinas, contratou uma consultoria para as receitas que ele começaria a vender e procurou fazê-las com excelência. Jeová acabou acertando em cheio em uma receita depois da consultoria, e consolidou o prato como especialidade da casa: o famigerado baião de dois.

Incrivelmente tudo ali parece ser leve, incluindo o preço; R$ 38 o pequeno (serve 2 pessoas) e R$ 75 o grande (o mais caro do cardápio, que serve 4 pessoas de boa). Você pode escolher dois acompanhamentos entre filé de frango, pernil assado, carne seca ou carne de sol. Seguindo a especialidade da casa, o baião com as carnes seca e de sol (artesanal) são chave! O prato é acompanhado por uma mandioca perfeita, crocante por fora e molinha por dentro, e os grandes pedaços de queijo derretidos entre o feijão de corda e o arroz te darão um abraço!

Todos os pratos da casa são muito saborosos, e sempre ornam bem com a boa e velha pinga de alambique. Além das pingas, o drinque mais pedido é o Kariri com mel e limão, por R$ 5. A Casa do Norte Nova Mandacaru tem como di ferencial o grande seu Jeová e o melhor baião de dois que você vai comer na vida. A Casa do Norte Nova Mandacaru, sem dúvidas, é dona de um prato firmeza!

Salsichão

Na calçada do maior cemitério da América Latina, Cemitério da Vila Formosa, fica a famosa lanchonete Salsichão. O nome sugestivo é mais uma das peculiaridades do local. O restaurante nunca produziu iguarias da culinária alemã, tampouco vendeu dogão. Na real, o nome vem de uma história bizarra contada por Manuel Basílio, sócio da lanchonete: no antigo endereço, quando ele e Wagner Sebonchine ainda não eram sócios, a Vila Carrão conheceu sua primeira hamburgueria há 50 anos.

O rolê era ideal para a larica da madrugada, especialmente quando exigia carne suculenta, bem temperada, acompanhada de bacon e ovos delicadamente batidos compondo o sabor suave de uma boa maionese caseira. O cenário do lugar contava com uma tubulação extensa de cor alaranjada que chamava atenção e lembrava uma enorme salsicha de Itu. Os clientes, que sempre tiveram uma relação de parceiragem com os cozinheiros, apelidaram o local escrevendo em cima da tubulação inspiradora: Salsichão. Na mão dos novos sócios, a lanchonete já assoprou 24 velinhas e as tubulações laranjas ficaram no antigo endereço, que não suportou a demanda de clientes que a lanchonete atingiu.

Todos os lanches – cerca de 8.000 vendidos por mês – incluem carne e outros derivados de origem animal, mas, para os vegetarianos, boas notícias: o Wagner sempre encontra um jeitinho de satisfazê-los substituindo ingredientes ou criando receitas exclusivas com o famoso “o que tem pra hoje”. O diferencial é revelado pelo o chefe da cozinha: “tem que ser amigo, parceiro do cliente” e é isso que se percebe ao olhar o clima da galera trabalhando, uma piada aqui e outra ali e nem se percebe que o Salsichão atende até a 1 da manhã todo final de semana.

O cardápio varia de R$10 a R$30, sendo o valor mais alto destinado a pratos mais elaborados como os beirutes que, além de seguir as características tradicionais dos cardápio, tem o toque especial das iguarias salsichanoenses – a receita de hambúrguer caseiro e a maionese. Quanto ao tamanho das guloseimas, todos os pratos fazem juz ao aumentativo “SalsichÃO”, o beirute servindo facilmente duas pessoas.

Experimentamos o X-Bacon e a porção de batata canoa, ambos acompanhados da maionese exclusiva da casa, que é feita com pó de ovo, num esquema kilo a kilo para não correr o risco de estragar e ser consumido no mesmo dia, como pede a recomendação da Anvisa. O hambúrguer é feito por Wagner que se recusa a usar outra carne que não seja o coxão mole: “Carne aqui, só a de primeira”. Tudo no ponto: bacon por todos os lados, gema meio a meio [durinha por fora, cremosa por dentro], queijo prato derretido e o hambúrguer temperadinho como almôndega de vó. Para fechar a conta, o melhor pedido é a torta holandesa da Regina Cacau, uma fornecedora de sobremesas do Salsichão. Cremosa e com um chocolatinho meio amargo bem distribuído sobre o creme de baunilha, a torta contem ainda bolachas que levam o nome daquela banda que mistura os melhores ritmos do Pará.

Mary Hamburgueria

Um dos mais novos empreendimentos de sucesso em Diadema, muito bem estruturado, e comandado por mulheres inteligentíssimas. A Mary Hamburgueria é um estabelecimento relativamente novo e carrega consigo a beleza da trajetória de uma mulher guerreira e criativa. A história de Maristela das Neves Reis, também conhecida como Mary, foi enraizada em muito trabalho, suor e dedicação que nem sempre foram investidos no próprio sonho. Moradora do Canhema há 23 anos, labutou muitos anos em trabalhos formais, passando por empresas e cozinhas. Até que, em 2012, resolveu quebrar o ciclo de uma história repetitiva, e quis escrever um novo capítulo no livro da vida, dando início a uma das histórias de sucesso mais marcantes do Jd. Canhema.

Desde sempre, foi a única proprietária, enfrentando diversos desafios, desde descrenças até dificuldades para administrar tamanho sucesso. Felizmente, pôde contar a ajuda da filha, Mayara, principalmente na reinvenção do seu modo de operação e criação de novas receitas além dos lanches já consagrados. Lanches como “Especialidade Mary” (pão baguete, peito de peru, pepperoni, presunto, mussarela, azeitona, pimentão, cebola, tomate, alface maionese) e o “Triplo Picanha” (pão de 120g, 3 hambúrgueres de picanha de 90g, queijo prato, onion rings, bacon, salada, molho especial e maionese) foram unanimidade desde a sua criação. O que dá um toque especial são os molhos de acompanhamento, especialmente pensados para ornar com os sabores que essas misturam proporcionam.

Os preços do cardápio variam entre R$ 4,50 (X-Burguer Pequeno,) a R$ 20 (Beirute). O lanche mais pedido, um dos carros chefe da casa, é o “Mr. Bacon” (pão de 120g, 3 hambúrgueres de picanha de 90g, bacon, cheddar, mussarela, presunto, batata palha, salada de alface e maionese). Dá pra dividir entre duas pessoas fácil e, se bobear, até entre três, dadas as proporções. Nem cabe na mão direito! Esse maravilhoso lanche que mistura de tudo que a gente procura em uma mordida custa só R$ 17.

Definitivamente, Mary Hamburgueria é uma boa pedida para quem procura se alimentar bem, e não gastar o olho da cara. A melhor parte disso tudo é que toda as informações bonitas citadas acima ficam pertinho de gente real, que trabalha com sorriso no rosto, vive a vida enfrentando as dificuldades, e não precisa de nenhum selo gourmet para ser autêntica. É de ‘noiz pra noiz’, gente humilde – os pobre ‘loko’. Uma hamburgueria em que você se sente bem e vai querer voltar depois.

Cantinho do Bolo Caseiro

A movimentada região central de Itaquera, bairro da zona leste de São Paulo, tem muitas opções para quem precisa fazer um lanche rápido, mas nada parecido com o que encontramos no Cantinho do Bolo Caseiro. Com recentes 3 anos de existência, o lugar é um diferencial no bairro, com preços acessíveis e sabores de qualidade – uma boa opção de café ou chá da tarde para quem estiver passando pela região ou para quem precisa de um espaço confortável para trabalhar, animado por doses de açúcar e cafeína.

Renata, fundadora do Cantinho do Bolo Caseiro, era fisioterapeuta, mas resolveu mudar de ramo, usando como trunfo algumas receitas de família. Começou preparando, ela mesma, os bolos que vendia e, de um ano pra cá, transformou o lugar numa confeitaria e cafeteria. Hoje, Renata não prepara mais as delícias da casa, mas segue administrando o lugar e vigiando tudo de perto, desde o preparo até o atendimento. As receitas dos bolos, em sua maioria, são de família.

Os destaques são o “Bolo cremoso de milho” e o “Bolo de festa de morango” – que podem ser encomendados inteiros ou comprados em pedaços no salão da loja. O bolo – molhado, cremoso, macio, suavemente doce, com morangos frescos – é o mais pedido para encomendas. Na casa, também são vendidos outros sabores de bolo caseiro como churros, abacaxi e nozes. Eles podem ser levados na hora ou encomendados e entregues até no mesmo dia, dependendo da disponibilidade. Além disso, o local conta com uma lista de bebidas quentes, como café expresso, capuccino e chocolate. Para quem está com fome e precisa de algo salgado, existem as opções de sopa, em determinados horários, e também tortas. Para encomendas de festas, rola a opção de bolo de pasta americana, tudo feito por uma equipe de confeiteiros e ajudantes, ali mesmo – com exceção dos salgados para a festa, que são terceirizados.

O local é arejado, claro e tranquilo. Sua música ambiente quase imperceptível e a disponibilidade de wi-fi livre e tomadas no canto das mesas atrai quem está trabalhando ou em reunião, mas também podem ser encontrados, neste cantinho de Itaquera, casais, grupos de amigos e famílias inteiras.

A decoração é outro diferencial do espaço idealizado por Renata. Existe até um espaço reservado para apresentação e venda de artesanatos como, panos de mesa decorativos e bonecos típicos da cultura mineira. Renata me explica que, pelo menos uma vez ao ano, ela vai até o sul de Minas Gerais para conhecer, conversar e entrar nos ateliês de artesãos locais, de onde traz os produtos para vender, além de usar alguns itens na decoração do salão, trazendo um toque ainda mais caseiro para o Cantinho.

Publicado em janeiro/2017. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

Pantcho’s House Burguer

Cheddar, presunto e anéis de cebola empanada cobertos por molho de mostarda e mel no pão australiano artesanal: esse é o Chico Cheddar, o hambúrguer mais pedido da casa. Na cozinha, os hambúrgueres são feitos pelo Ricardo, o Pantcho, que descobriu ter talento pra coisa depois de muito ao assumir a cozinha nas reuniões entre amigos que fazia em casa, junto com a companheira Regiane.

Entrar no Pantcho’s House Burguer é como estar em um filme do Tarantino. Parece uma lanchonete americana dos anos 80, com luz baixa, sofás, vinis e pop-art. “Vocês estão no lugar errado”, já ouviu Ricardo, certa vez, de um cliente. Mas o casal escolheu abrir seu negócio no Grajaú justamente por perceber que não tinha nada parecido na quebrada onde moram. Os dois tocam o dia-a-dia do lugar e fazem questão de tornar tudo muito pessoal. Todos os nomes dos hambúrgueres são referências aos seus bichinhos de estimação e pessoas importantes para eles. O Chico Cheddar, por exemplo, é uma homenagem ao pai da Regiane. Tem também o Gato Rei, que acompanha carne bovina, uma “exagerância” de bacon, queijo prato, cebola e maionese especial no pão artesanal, e custa.

O Clássico 70 é o mais barato da casa, mas a Regiane garante que não deixa a desejar para os outros: hambúrguer bovino, coberto com fatias de queijo, acompanhado por tomate e cebola sob uma camada de maionese especial no pão artesanal. E, ah, para adicionar fritas ou anéis de cebola empanado ao seu burguer, você paga mais R$ 4,50. Como opção de bebida, o Choco Kit Kat, feito com um sorvete que é receita de uma confeitaria local, têm pedaços de chocolate, palitos de Kit Kat. O atendimento é atencioso e você pode explorar o cardápio pedindo aos funcionários dicas sobre seus lanches e acompanhamentos favoritos. Na trilha sonora não podia faltar Criolo, um dos muitos artistas do Grajaú que fazem parte da identidade da hamburgueria. PS: dê atenção especial ao desenho da capa do cardápio, também, obra de outro artista local.

Aqui, casais jovens, idosos e grupos de amigos se encontram em plena quinta-feira à noite, num clima de conforto e descontração. Muita gente chega ao Pantcho’s por meio da página do Facebook, que tem uma identidade visual profissa. É que a Regiane é designer e aplica muito do que aprendeu pra alavancar o negócio, que antes era delivery e há dois meses tem local fixo na região.

AVISO: A hamburgueria fecha às 23h. Mas existe o risco do Tim Maia no vinil não deixar você querer sair. Os funcionários que me perdoem, mas precisei dançar.

 

 

Pizzaria SP

Um cliente que estava a passeio no Jardim do Colégio, zona Sul de São Paulo, vindo do Rio Grande do Sul, pediu a Alexandre uma pizza que tivesse todos os ingredientes da cozinha. Afeito a desafios, ele foi pra trás do balcão testar. “Não deu pra atender o pedido totalmente porque a pizza ia ficar muito grande, mas garanti o frango, ovos, milho, catupiry, mussarela, peito de peru, calabresa, lombo, parmesão, provolone e o bacon”, conta o dono da Pizzaria SP.

Uma mistura que, a primeira vista, pode até parecer estranha – e por isso que, antes de vender, Alexandre testou de novo a receita com os amigos e os parentes. Mas que cabe direitinho na fome pós-rolê, porque é alta, imponente e dá água na boca. Não só minha, mas da clientela como um todo, que transformou a a X-tudo na mais vendida – e mais cara: R$ 37,00 – pizza da casa.

Alexandre gostou da moda e abriu o radar. Ao ouvir sugestões dos clientes, criou mais quatro sabores novos e que também tem muita saída. A Vilma – de frango, catupiry, palmito e bacon – e a Viviane – com presunto, ovos, ervilha e catupiry. Ambas foram batizadas com os nomes das clientes que sugeriram a combinação e saem por R$ 30,00. Outro destaque da casa é a pizza de strogonoff de frango, com mussarela e batata palha, que sai por R$ 32,00.

Alexandre pré-aquece a massa e conta piadas, descontraído, montando os sabores com ingredientes que a Beth, sua sócia, traz da cozinha, já cortados. A Pizzaria SP abre as portas às 18h, e durante minha visita, numa quinta-feira fria, um cliente já conhecido chega, brincando com a Beth, que já sabe o que ele vai pedir: a pizza Baiana 2, com calabresa, cebola, ovos, pimenta, bacon e tomate. O clima é de amizade entre os clientes e os donos, no lugar que é administrado pelo casal há dois anos. O talento do Alexandre com as pizzas já se mostrou quando ele ainda era funcionário da pizzaria. Certa vez, o antigo dono precisou viajar, e foi ele quem assumiu o forno. De tanto olhar o patrão fazendo, tirou de letra. Os clientes aprovaram e ele não saiu mais de lá. Pra quem tem pouca fome, vale pedir uma brotinho por R$ 20,00, que dependendo da sua galera, dá pra ser dividida entre pelo menos três pessoas. Aliás, se quiser ficar por lá, tem a opção de se aconchegar nas cadeiras, ou pedir por delivery. E não precisa se preocupar: eles não cobram taxa de entrega.

Logo depois de assumirem a direção começaram a renovação do cardápio e continuam abertos a sugestões. Quem sabe você não tem uma receita pra compartilhar?

Publicado em janeiro/2017. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

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