Pastelaria Orient

Pés caminham apressados, corpos se esbarram, ônibus passam lotados, bicicletas cruzam frenéticas e o sino da Igreja anuncia: são 18h, na cidade de São Paulo. Em meio a todo caos do horário de pico, no sentido Zona Leste, a Av. João XXIII oferece, além da rota alternativa para Av. Aricanduva, a Pastelaria Orient. Esta, por sua vez, conta com uma cozinha tão acelerada, quanto o ritmo de seus clientes.

O pico é ideal para quem precisa comer algo rápido e saboroso por um preço justo. Não por espaço, o ambiente é bem aconchegante, mas porque a agilidade do atendimento supera qualquer expectativa. Da culinária árabe à brasileira, a pastelaria é famosa pela sua esfiha de carne. Isso mesmo.

Sr. Mauro, nissei, conta que a receita é de família. Uma prima de segundo grau ensinou à mãe dele o preparo que traz à vida uma massa macia de gosto um pouco adocicado que, misturado ao sabor da carne moída bem molhadinha e com tempero fresco, deixa qualquer horário de pico menos odioso.

Apesar de fazer sucesso entre os apressados a pastelaria teve de ampliar a sua recepção para atender famílias, amigos e afins em seu ambiente que se tornou também ponto de encontro, sobretudo, nos finais de semana. A parte mais calórica do cardápio vai de pastéis a risoles, passando por uma coxinha digna de palmas. O segredo, segundo Sr. Mauro está na massa que é feita exclusivamente de batata. Outro diferencial é que os salgados não passam muito tempo na vitrine, já que o fluxo de clientes é bem grande, proporcionando salgados fresquinhos a todo momento. A tristeza é que mesmo tendo tamanhos consideráveis, os salgados da Orient deixam um gostinho de quero mais. Seus preços variam de R$ 4,95 a R$ 9,90. Para lubrificar a goela, eles também oferecem uma limonada cremosa. Limão, leite em pó e alguns “mls” de água formam um creme com gosto azedinho. Outra guloseima que você deve experimentar é o pastel de doce de leite com banana prata. A mistura, que num primeiro momento pode soar insensata, traz por dentro de toda a crocância do pastel um doce com pedaços da fruta que mais combina com essa mistura, por incrível que possa parecer. Sem contar que a massa do pastel é sequinha e não faz os dedos brilharem após a comilança 😉

O estabelecimento que já existe há 40 anos, antes de se tornar uma pastelaria, era a sapataria do pai do Sr. Mauro. Em dado momento da vida, o pai dele resolveu passar o ponto e o Sr. Mauro, que na época vivia a disputa pelo território entre os feirantes, preferiu comprar o ponto do pai e abandonar a vida loka de pasteleiro itinerante. Atualmente, ele emprega cerca de 10 pessoas e alimenta boa parte dos transeuntes da Vila Formosa.

 

Salsichão

Na calçada do maior cemitério da América Latina, Cemitério da Vila Formosa, fica a famosa lanchonete Salsichão. O nome sugestivo é mais uma das peculiaridades do local. O restaurante nunca produziu iguarias da culinária alemã, tampouco vendeu dogão. Na real, o nome vem de uma história bizarra contada por Manuel Basílio, sócio da lanchonete: no antigo endereço, quando ele e Wagner Sebonchine ainda não eram sócios, a Vila Carrão conheceu sua primeira hamburgueria há 50 anos.

O rolê era ideal para a larica da madrugada, especialmente quando exigia carne suculenta, bem temperada, acompanhada de bacon e ovos delicadamente batidos compondo o sabor suave de uma boa maionese caseira. O cenário do lugar contava com uma tubulação extensa de cor alaranjada que chamava atenção e lembrava uma enorme salsicha de Itu. Os clientes, que sempre tiveram uma relação de parceiragem com os cozinheiros, apelidaram o local escrevendo em cima da tubulação inspiradora: Salsichão. Na mão dos novos sócios, a lanchonete já assoprou 24 velinhas e as tubulações laranjas ficaram no antigo endereço, que não suportou a demanda de clientes que a lanchonete atingiu.

Todos os lanches – cerca de 8.000 vendidos por mês – incluem carne e outros derivados de origem animal, mas, para os vegetarianos, boas notícias: o Wagner sempre encontra um jeitinho de satisfazê-los substituindo ingredientes ou criando receitas exclusivas com o famoso “o que tem pra hoje”. O diferencial é revelado pelo o chefe da cozinha: “tem que ser amigo, parceiro do cliente” e é isso que se percebe ao olhar o clima da galera trabalhando, uma piada aqui e outra ali e nem se percebe que o Salsichão atende até a 1 da manhã todo final de semana.

O cardápio varia de R$10 a R$30, sendo o valor mais alto destinado a pratos mais elaborados como os beirutes que, além de seguir as características tradicionais dos cardápio, tem o toque especial das iguarias salsichanoenses – a receita de hambúrguer caseiro e a maionese. Quanto ao tamanho das guloseimas, todos os pratos fazem juz ao aumentativo “SalsichÃO”, o beirute servindo facilmente duas pessoas.

Experimentamos o X-Bacon e a porção de batata canoa, ambos acompanhados da maionese exclusiva da casa, que é feita com pó de ovo, num esquema kilo a kilo para não correr o risco de estragar e ser consumido no mesmo dia, como pede a recomendação da Anvisa. O hambúrguer é feito por Wagner que se recusa a usar outra carne que não seja o coxão mole: “Carne aqui, só a de primeira”. Tudo no ponto: bacon por todos os lados, gema meio a meio [durinha por fora, cremosa por dentro], queijo prato derretido e o hambúrguer temperadinho como almôndega de vó. Para fechar a conta, o melhor pedido é a torta holandesa da Regina Cacau, uma fornecedora de sobremesas do Salsichão. Cremosa e com um chocolatinho meio amargo bem distribuído sobre o creme de baunilha, a torta contem ainda bolachas que levam o nome daquela banda que mistura os melhores ritmos do Pará.

(FECHADO) Rei da Batata

Orégano, cheddar, bacon, calabresa, mostarda, ketchup, filé de frango, barbecue, queijo parmesão, Catupiry, churrasco, molho da casa e, como acompanhamento pra tudo isso, funk. É assim que os frequentadores do Rei da Batata podem fazer seus pedidos: combinando um, dois, três ou todos os ingredientes. Se você for vegetariano, pode pedir uma porção com: orégano, cheddar, mostarda, ketchup, barbecue, queijo parmesão, Catupiry e molho da casa. Caso seja vegano, pode tirar os queijos e ainda assim se deliciar com o mar de tempero e molhos.

E se você for com a galera e quiser compartilhar um prato, vale provar a super batata com azeitona, ovo de codorna e camarão. Ela é gigante e serve bem 10 pessoas. Vem inclusive numa caixa de pizza – pra vocês terem uma ideia do tamanha da parada.

Sempre que você for comer por ali, vai notar a presença de um… Menino. O nome dele é Lucas Alves – mas não necessariamente você vai notá-lo, porque ele é um jovem de 18 anos, muito tímido, quase não fala. Anota os pedidos dos clientes com um sorriso leve no rosto e logo vai conversar com o Rato, que é o cara que cuida da chapa. Lucas é, na verdade, o dono do estabelecimento. Foi ele quem, há um ano, pra suprir necessidades financeiras da família, decidiu abrir, no seu bairro, o Jardim Marilu, na Zona Leste de São Paulo, o Rei da Batata. Hoje, o lugar se tornou popular entre os moradores. O estabelecimento fica na antiga garagem da avó de Lucas, dona Albertina, de 60 anos. O lugar foi criado pelo xovem, mas hoje é administrado pela família quase toda. Na garagem do Rei, todo mundo põe a mão na massa. A mãe, a tia e o Lucas fazem de tudo, menos o Rato – o Rato é só o cara da chapa.

Os jovens são clientes fieis. Tem a galera da escola, César Donato Calabrez, a 2 minutos dali, que estuda no período noturno, e que sai 23h e vai direto para o Rei, especialmente às sextas-feiras. Tem também uma turma que vai sempre no final de semana, já que ao lado do Rei da Batata existe o Espeto da Vila, uma tabacaria que complementa o rolê.

O Rei da Batata, com seu cardápio lotado de opções e com um ambiente simples, mudou a cara do quarteirão da Praça William Alexandro Dias Vaz, que é apelidada de rua de lazer pelos próprios moradores. Ao lado do estabelecimento, por exemplo, tem uma praça que antes ficava vazia e hoje, de quarta a sexta, das 17:00h às 01:00h, horário e dias de funcionamento do Rei da Batata, é possível ver famílias reunidas e até crianças usufruindo do parquinho. “Eu gosto desse trabalho porque a gente reúne diversas pessoas de estilos diferentes pra não só comerem, como estarem juntas”, orgulha-se o chapeiro Rato, de 33 anos, que é primo do Lucas.

As batatas simples custam entre R$5,00 e R$25,00 e podem vir acompanhadas de bacon, calabresa e qualquer um dos 13 acompanhamentos listados no inicio do texto. Já as batatas para compartilhar com a galera, custam de R$35,00 e R$50,00 e podem vir com ovo de codorna e camarão. Além das batatas, rolam também lanches com hambúrguer artesanal. Você tem a opção só lanche ou combo, que vem com a batata e refri junto.

Tapiocaria Paladares do Sertão

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

O encontro da Paraíba com a Vila Flórida se deu graças aos irmãos Alves Nogueira, que há 3 anos abriram a Tapiocaria Paladares do Sertão, para compartilhar com a vizinhança a receita mais preciosa da família: a tapioca. A Tapiocaria fica numa rua majoritariamente residencial de Guarulhos, mas o sucesso dos produtos, que não se restringem aos 23 sabores de tapiocas, foi tanto que os empreendedores já pensam em ampliar o espaço.

Além das tapiocas, você pode consumir pratos típicos como o Rubacão (baião de dois), pães, bolos e biscoitos caseiros, cocadas, molhos exclusivos da tapiocaria, como o chutney de abacaxi com pimenta, entre outras especialidades da casa.

Para incorporar ao cardápio o clima arretado de Cidinha e Antônio, todas as receitas são nomeadas por expressões paraibanas que causam um verdadeiro tirinete na cuca do paulistano.

Aprumadas, as massas saem da simplicidade branca da goma de mandioca e ganham cores e sabores através da hidratação com diferentes ingredientes. A técnica tradicional de hidratar a goma com água vem do estado de origem, Paraíba e, aliada a ela, Antônio, que se formou em Gastronomia, agrega elementos da culinária contemporânea, hidratando o subproduto da mandioca com sucos de cenoura, beterraba, couve, limão, além de vinho e café, o que resulta num magote de tapiocas únicas.

Na Tapiocaria Paladares do Sertão é impossível se manter sibita. O bucho tem cores que saltam os zói e cheiros que prendem as venta. Ah, a Sibita Baleada, o sabor mais barato do cardápio (R$5) é perfeito para acompanhar um café. Leva apenas manteiga de garrafa no recheio. É simples e bela, como o cordel e toda a cultura nordestina. O sabor preferido da Cidinha, que prepara tudo com uma alegria tão grande, quanto o tamanho das tapiocas, é o Calango do Nordeste (R$15). Peito de peru, queijo branco, cream cheese, rúcula e pedaços de tomate seco te levam a uma experiência saborosa, de gostos opostos que se complementam, como a cremosidade leve do cream cheese e o sabor acentuado do tomate seco.

Tem também a Cangaceiro, que é uma refeição inteira num prato com tapioca hidratada por cenoura e recheada com carne seca, catupiry, vinagrete e queijo coalho. Ao terminar esse prato, que dividi com outro repórter da Énois, a sensação foi a mesma que eu sinto ao lavar os pratos do almoço do primeiro dia de ano: “Depois dessa, vou deitar e rolar”. (Mas calma, nem toda tapioca vai te engordar loucamente. Na verdade, o que se sabe é que a tapioca é mais light que um pão, por exemplo, pois não tem glúten e não prejudica o andamento de metabolismos mais lentos). Para acompanhar a tapioca Cangaceiro você pode pedir o guaraná Jesus – um refrigerante típico do Maranhão, cor de rosa e de sabor achicletado, com toques de cravo e canela.

Estou para ver tapiocas mais saborosas, criativas e bem-servidas em São Paulo!

 

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