Cantina Teimosa

O nome Cantina Teimosa surgiu, segundo o dono, por conta da persistência que foi necessária para que o lugar existisse. Nascido no Piauí, Antenor vive em São Paulo há mais de 30 anos. Veio a trabalho. Ao sair do emprego em uma fábrica de vidros em São Bernardo do Campo, decidiu que abriria uma banca de jornal. Porém, por insistência de um amigo, acabou abrindo um restaurante de comida nordestina caseira, localizado na entrada do Jardim Limpão, um bairro construído por trabalhadores vindos do Nordeste do país, que prestavam serviço nas fábricas dos municípios do ABC paulista.

O restaurante Cantina Teimosa, ou Teimosinha, como é conhecido, foi inaugurado em 2012 e já tem uma clientela bem fiel, atraindo moradores do centro de São Bernardo e de municípios vizinhos, como Mauá e Santo André.

Antenor conta que, ao vir para São Paulo, não imaginava abrir um comércio relacionado a comida, apesar de algum conhecimento na área. Em seus empregos anteriores, participava de palestras sobre alimentação e agregou esse saber à culinária oferecida no restaurante.

Pratos como frango à passarinho, feijão tropeiro, carne de panela e galinha caipira são os mais pedidos. A feijoada, que a mãe costumava fazer no Piauí, também está incluída no cardápio com muita variedade de sabores do nordeste e faz sucesso às quartas e sábados. Como todos os pratos, o modo de preparo da feijoada é artesanal: é feita com alho frito e picado na hora e preparada pela manhã, para tirar o excesso de sal do jabá e cozinhar bem todo feijão.

As carnes são escolhidas pela qualidade, ainda que sejam mais caras. A galinha caipira, por exemplo, é comprada em uma granja que Antenor conhece e, por isso, consegue verificar de perto a higiene do local.

Entre uma pergunta e outra, são várias as interrupções de clientes e conterrâneos que fazem questão de cumprimentar Seu Antenor e receber em troca um forte aperto de mão acompanhado de um sorriso largo. Simpatia, cheiro de comida de vó de dar água na boca, cadeiras e mesas de madeira e sossego compõem esse restaurante que celebra os sabores do Nordeste.

Duas Marias Pães

Foi pra sobreviver à crise que Maria de Lourdes e Ana Maria juntaram as massas que costumavam fazer casualmente e decidiram se aventurar, no começo de 2017, no mundo das vendas de comida. Coxinhas, esfihas, bolos e doces – tudo é preparado artesanalmente – mas os pães são o carro-chefe do Duas Marias Pães.

O sorriso no rosto enquanto quebram os ovos, acompanhado do cantarolar de Vila do Sossego, de Zé Ramalho, personificam um ingrediente precioso desse pão caseiro: o amor por fazer comida. Elas deixam claro o tempo todo que tudo deve ser feito manualmente pra ser o pão das Duas Marias. A mistura da farinha, óleo e leite é feita pelas mãos de Ana; o formato dos pães, pelas de Lourdes. “É o que dá o gostinho do ‘caseiro’”, dizem.

De fato, não há coisa igual. A massa fofa e macia entrelaçada com recheios variados e protegidos pela crocância da superfície do pão deixam um leve gosto adocicado no final de cada mordida. Calabresa com requeijão, frango com catupiry e presunto e queijo são algumas das combinações mais pedidas, mas a dupla faz o recheio de acordo com o gosto dos clientes – são cerca de 100 pedidos por semana.

Eles pagam R$ 15 mais o frete (de R$ 5 a R$ 15) por quase 1 kg do melhor pão caseiro de São Bernardo, de acordo com os próprios clientes – e que alimenta bem seis pessoas. “Fazemos o pão grande para as pessoas comerem juntas”, diz Ana Maria. Pedido por telefone ou direto no balcão, chega a toda a região do ABC – e logo mais devem chegar a São Paulo.

Há indícios de que, além de ser deliciosa, a massa tem ainda o poder de criar laços. Laços afetivos, que conectam pessoas. Como aconteceu com o seu Carlos e o seu José, que viraram muito amigos depois de dividir o café e o pão preparados por dona Ana. E tem também o poder de resolver conflitos. Como foi com o sobrinho de Lourdes que, após quase dois meses sem falar com ela por um desentendimento, voltou para elogiar o pão.

Por mais impossível que pareça um simples pão ter este poder, o fato é que as duas Marias inventaram algo único na região. Não sei dizer se no céu tem pão, mas no Montanhão, em São Bernardo do Campo, tem, e dos bons. Talvez, a melhor definição seja mesmo “pão do céu”.

Publicado em agosto/2018. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

Esfihas Dozza

Osasco, cidade próxima à zona Oeste, na região metropolitana de São Paulo, é um lugar historicamente conhecido pela quantidade de imigrantes que acolheu em seus primeiros anos. Tanto pelo fato de ter sido fundada por um imigrante italiano (Antônio Agú), quanto pela abundância de imigrantes armênios que chegaram ao município em 1920, especifi camente no bairro de Presidente Altino (o estado de São Paulo possui cerca de 130.000 deles).

Entre esses imigrantes de origem árabe estavam os pais do senhor Dozza e da senhora Isabel, casal que inaugurou em 1956 um humilde comércio de esfihas e quibes pra viagem. O local era o mais tradicional e familiar que poderia ser: salgados típicos da cultura dos donos, feitos num local pequeno, com a cozinha aberta, negócio de fi lhos de imigrantes que leva o nome do primeiro dono.

No final dos anos 1990 e início dos anos 2000, com o falecimento dos fundadores, as fi lhas, genros e netos de seu Dozza e da senhora Isabel assumiram o negócio e o expandiram. De uma simples lanchonete árabe, o Esfi has Dozza se tornou um elegante e tradicional restaurante.

O cardápio, puramente árabe, inclui: esfi has com bastermã (carne seca armênia) e o creme tahine, quibes típicos armênios, michui de frango, espeto de kafta, arroz armênio, ninho de damasco e nozes, dolmá, tabule e chancliche. Os nomes podem ser difíceis de pronunciar mas são facilmente aceitos pela comunidade do bairro de Presidente Altino. As pessoas de lá adoram ir ao restaurante desfrutar das iguarias árabes e conversar com os donos, que estão sempre disponíveis.

O público do Dozza é tão fi el e apaixonado pelas esfihas que apenas comer no ambiente não era suficiente – comprar pra viagem também não. Por isso, ali mesmo são feitas as esfi has para serem vendidas congeladas.

“A ideia é fazer com que o cliente possa ele mesmo ter suas esfi has Dozza em casa”, diz Vanessa Aguileia, representante comercial do restaurante. Além da decisão de lançar as esfi has congeladas, Vanessa explica também o porquê de não haver opções mais brasileiras no cardápio. “Aqui, nós somos tradicionais.”

Por mais que peçam a inclusão de pudim de leite no cardápio de sobremesas, ou a presença de uma televisão no restaurante para que os clientes não percam um jogo do time do coração, o Dozza insiste em proteger sua identidade exclusivamente árabe em defesa do seu diferencial – a tradição.

Rock It

O município de Itapevi (na Grande São Paulo) tem vários bares, mas desde 2015 o Rock It supera em originalidade muitos bares de lá e tantos outros da capital paulista.

Quem entra no bar itapeviense se depara com discos de vinil nas paredes, sofás e chão xadrez, lustre de fitas cassete, mesas de sinuca e pôsteres de Elvis e de pin-ups. Parece um bar de rockabilly ou rock clássico. Mas não é só isso.

Francine Motta, a proprietária, afirma que, desde o começo, a ideia era abrigar todas as tribos, algo que ela mesma buscava. “Se quiséssemos fugir da rotina, as opções eram ir pra Barueri ou para o centro de São Paulo. E é um saco ter que ir pra longe para se divertir.”

Quem reclama de mesmice não tem problemas no Rock It. Cansou de rock? A próxima noite é de reggae. Tá a fim de dançar? Tem a de pop.

Não está no clima para ouvir música? Tem sinuca e fliperama. Quer só conversar e comer com a galera? O Rock It também serve pra isso – e muito bem.

A comida é tão caprichada quanto a sua decoração e programação musical: tem porções, pastéis e lanches, quase todos com opções veganas. Até a comida é ideológica, como tudo no bar que tem Primeiramente, Fora Temer em descrição de evento no Facebook e festas girl power só com mulheres discotecando. “Como muita gente se torna vegetariano ou vegano por questões ideológicas – em defesa dos animais ou da natureza –, a gente optou por oferecer a opção de substituir a carne em qualquer item do nosso cardápio”, explica Francine. Dá para pedir pastel, quibe, coxinha e qualquer um dos lanches de hambúrguer artesanal na versão soja – o preço é o mesmo.

Quem fica na cozinha é a mãe de Francine. No começo, Dona Edna achou estranha a ideia de largar o emprego para abrir um bar, conta a filha. Hoje conhece toda a galera que cola lá eprepara os lanches nas noites de festa ou em eventos, como os Flash Days de tatuagem, saraus, bazares e encontros de carros antigos.

E, se ainda não estiver convencido de que vale a pena atravessar São Paulo pra curtir o Rock It, Flávia Teodoro, moradora da Brasilândia, diz que faz mais sentido fazer uma viagem de 26 km até lá do que uma de 8 km até a Vila Madalena. “Tô de saco cheio de bar blasé.”

O bar, criado para evitar ter que ir para o Centro se divertir, está trazendo gente de toda São Paulo para Itapevi.

Mundi Batataria

Quando alguém para de comer carne, um dos maiores desafios é comer em fast-food. Não dá para ir aonde todo mundo vai e, ainda assim, comer muito. Nada de McDonald’s, Burger King ou KFC. Mas na Mundi tudo é possível. O foco deles é a batata. A Mundi Batataria é uma marca criada em Itapevi (município a oeste de São Paulo) pelo empreendedor Wellington Rabelo, quando este percebeu, junto a seus sócios, que faltava algo gostoso, barato, chamativo e que funcionasse para todos os públicos gastronômicos.

“O nosso público vai desde criança pequena até idoso. Todo mundo gosta de batata frita”, foram as palavras do fundador da marca, orgulhoso ao dizer que o primeiro quiosque da Mundi, inaugurado em 2011, fez muito sucesso logo no primeiro mês. A primeira lanchonete Mundi disputa a atenção dos fregueses com pastelarias, sorveterias e até mesmo um Subway (que em 2010 se tornou a maior rede de fast-food do mundo), e é um dos poucos lugares que nunca está vazio. Das 10h30 às 22h30, sempre tem alguém fazendo seu pedido e desfrutando das batatas Mundi.

Quadrados e com a aparência de uma casinha de desenho animado e com o mascote da marca (uma batata frita com chapéu de chef) no telhado arroxeado, os quiosques já viraram pontos de referência. Seja pelos folhetos com imagens de batatas com rosto, pelas bandeirinhas colocadas nas porções, ou até mesmo pelo jingle que vez ou outra toca na rádio dos quiosques da batataria, existe muita identidade envolvendo a marca Mundi.

São três tipos de batata – palito, rústica e xadrez. Você ainda pode escolher entre nove coberturas para as batatas (ou, se quiser, comer as nove todas de uma vez): molho barbecue, cheddar cremoso, alho e ervas, molho caseiro, mostarda com mel, bacon, mussarela, catupiry e calabresa. Toda essa variedade também está disponível para cobrir outras porções de salgados.

“As batatas ainda são nosso foco”, diz Wellington defendendo o nome e a proposta original da marca. “Tanto que adicionamos coxinhas e açaí ao cardápio, mas junto vieram dois novos tipos de batata.”

O que a batata da Mundi tem de diferente das batatas de tantos restaurantes fast-food e bares que existem pela cidade? Eles usam a batata europeia com a coloração da polpa e o sabor mais fortes. O especialista explica que a maioria dos restaurantes preza por batatas de sabor menos acentuado e de corte mais fino porque, nesses lugares, elas são o acompanhamento de um lanche ou prato. Lá, elas são o prato principal.

Samambaia Bar & Lanches

Quem caminha à noite pelo Tatuapé já deve ter notado a quantidade de barzinhos na região, que mais parecem cópias dos da Vila Madalena e do centro expandido. Esses bares atendem ao público jovem da região, que sofreu um boom imobiliário e tem atraído cada vez mais pessoas de outros lugares.

Aparentemente despretensioso, o Samambaia Bar & Lanches é a união do saudosismo bairrista com as paixões de Carol e Tiago, ambos criados no Tatuapé. A dupla decidiu abrir um negócio após terminar a faculdade de ciências sociais. Tiago queria ver no bairro o antigo movimento, com pessoas que se conhecem e estabelecimentos que fortalecem a cultura local.

O som ambiente é gerado por uma vitrola, alimentada pelos mais de 300 discos que eles têm na casa. “Aqui não tem reprodução automática. Nós temos que parar o que estamos fazendo e ir trocar. E isso acaba nos trazendo de volta pra realidade”, falou Carol. “Para nós, os algoritmos não servem para nada. Preferimos o fator humano”. Sempre que possível o bar promove “atividades extracurriculares”, como flash tattoos e projeções de filmes independentes.

A casa tem um cuidado especial com as bebidas, privilegiando a variedade e os pequenos produtores. Há muitas opções de cachaças, separadas por regiões do Brasil. Se preferir algo gelado, aposte nos chopes. Sempre com pelo menos duas opções, as bebidas são trocadas semanalmente, oferecendo maior variedade e marcas menos conhecidas. Tiago pode dar uma aula sobre cervejas, basta solicitar. Toda segunda-feira tem chope em dobro.

Para comer, o carro-chefe é um clássico de boteco: moela. Comprada da avícola mais antiga do bairro, é cozida na cerveja preta, temperada com especiarias e servida em uma cumbuquinha com salsinha (colhida da horta do próprio bar) e uma cesta de pães. “A ideia é servir um prato que é muito conhecido entre os mais velhos, mas com uma cara nova para a geração atual”, conta Rafael, mestre-cuca do bar e amigo de longa data dos donos. A porção pode ser dividida entre duas pessoas numa boa. A ideia do cardápio é combinar elementos da culinária contemporânea aos gostos dos donos e à proposta do ambiente. Entre as opções estão desde ovos coloridos a pratos mais sofisticados.

Um dos resultados dessa mistura – e o preferido de Carol, vegetariana –, é o lanche vegano de legumes marinados no pão ciabatta. O pão, feito com farinha orgânica e com fermentação natural, produzido e entregue no bar por uma amiga da Carol, é recheado com abobrinha e berinjela seladas na chapa, acompanhadas de rúcula e tomate confit. É de lamber os dedos literalmente: você vai lamber o tempero que ficar em seus dedos e rezar para o sabor não ir embora jamais.

Churreria Damac

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

Em 2009, Alice Araújo resolveu colocar na rua um carrinho de churros para complementar a renda de casa. Começou sem inventar muito, vendendo apenas churros doces pelas ruas de Guarulhos, mas conforme foi ganhando experiência passou a receber sugestões dos clientes que sempre pediam algo salgado. “Não podia ser qualquer salgado, aí eu incrementei o churros com queijo, orégano e tomate”, conta. Mas Alice não parou por aí: o cardápio salgado inclui sabores como pizza, camarão, três queijos e carne seca com cheddar.

A ousadia deu certo e, depois de dois anos perambulando entre pontos estratégicos do bairro Pimentas, um cliente a alertou sobre a possibilidade de alugar um box dentro do Supermercado Seta, um atacadão bem movimentado que estava sendo inaugurado na época e possibilitaria mais comodidade para a crescente clientela. Depois de superar as próprias expectativas com o carrinho de churros, descolar um endereço fixo e inovar o mercado lançando sabores salgados, Alice pensou em incrementar gostos e formatos dessa vez com os doces. E de suas mãos inventivas surgiram churros com frutas caramelizadas, mini-churros e o famigerado churros gelado, que despertou curiosidade em toda redação aqui da Énois e até da TV Câmara – que colou lá para se deliciar com a gente e deixar a Alice ainda mais famosa.

Mas que parada é essa de churros gelado? A gente explica: o churros gelado consiste em uma massa frita que depois de pronta é banhada em chocolate e por cima recebe a benção de um chantilly bem airado e leve que pode ser acompanhado de frutas como morangos, kiwí e outros – a depender do sabor escolhido. Além dessa doce fartura por fora, você pode optar por um dos recheios tradicionais: doce de leite ou chocolate. As possibilidades da casquinha dos churros gelados também oferecem escolha. “Tem da branca e tem da preta”, diz Daniel Sampaio, marido de nossa heroína, que deixou de ser sócio em um negócio mais ou menos para somar ao trampo da esposa.

Outra invenção curiosa de Alice foi o nome do estabelecimento: churreria. “Ao se deparar com uma loja especializada em churros como chamá-la?”, se perguntou. “Procuramos muito e não achamos nada, então, ficou churreria mesmo”, conta a dona do negócio que hoje ostenta mais de 300 sabores criativos de churros e compõem 100% o orçamento da família de Alice e Daniel, que chegam a vender 3.000 churros por mês. O carrinho deu lugar a um pequeno caminhão que leva os famigerados churros à festivais gourmets e outros eventos onde sempre conquista novos corações.

 

Pastelaria Orient

Pés caminham apressados, corpos se esbarram, ônibus passam lotados, bicicletas cruzam frenéticas e o sino da Igreja anuncia: são 18h, na cidade de São Paulo. Em meio a todo caos do horário de pico, no sentido Zona Leste, a Av. João XXIII oferece, além da rota alternativa para Av. Aricanduva, a Pastelaria Orient. Esta, por sua vez, conta com uma cozinha tão acelerada, quanto o ritmo de seus clientes.

O pico é ideal para quem precisa comer algo rápido e saboroso por um preço justo. Não por espaço, o ambiente é bem aconchegante, mas porque a agilidade do atendimento supera qualquer expectativa. Da culinária árabe à brasileira, a pastelaria é famosa pela sua esfiha de carne. Isso mesmo.

Sr. Mauro, nissei, conta que a receita é de família. Uma prima de segundo grau ensinou à mãe dele o preparo que traz à vida uma massa macia de gosto um pouco adocicado que, misturado ao sabor da carne moída bem molhadinha e com tempero fresco, deixa qualquer horário de pico menos odioso.

Apesar de fazer sucesso entre os apressados a pastelaria teve de ampliar a sua recepção para atender famílias, amigos e afins em seu ambiente que se tornou também ponto de encontro, sobretudo, nos finais de semana. A parte mais calórica do cardápio vai de pastéis a risoles, passando por uma coxinha digna de palmas. O segredo, segundo Sr. Mauro está na massa que é feita exclusivamente de batata. Outro diferencial é que os salgados não passam muito tempo na vitrine, já que o fluxo de clientes é bem grande, proporcionando salgados fresquinhos a todo momento. A tristeza é que mesmo tendo tamanhos consideráveis, os salgados da Orient deixam um gostinho de quero mais. Seus preços variam de R$ 4,95 a R$ 9,90. Para lubrificar a goela, eles também oferecem uma limonada cremosa. Limão, leite em pó e alguns “mls” de água formam um creme com gosto azedinho. Outra guloseima que você deve experimentar é o pastel de doce de leite com banana prata. A mistura, que num primeiro momento pode soar insensata, traz por dentro de toda a crocância do pastel um doce com pedaços da fruta que mais combina com essa mistura, por incrível que possa parecer. Sem contar que a massa do pastel é sequinha e não faz os dedos brilharem após a comilança 😉

O estabelecimento que já existe há 40 anos, antes de se tornar uma pastelaria, era a sapataria do pai do Sr. Mauro. Em dado momento da vida, o pai dele resolveu passar o ponto e o Sr. Mauro, que na época vivia a disputa pelo território entre os feirantes, preferiu comprar o ponto do pai e abandonar a vida loka de pasteleiro itinerante. Atualmente, ele emprega cerca de 10 pessoas e alimenta boa parte dos transeuntes da Vila Formosa.

 

Pastel Quero Mais

Desembarquei em Ferraz de Vasconcelos sem mapas ou internet, apenas em busca do famoso “melhor pastel da cidade”. Não encontrei pelo caminho alguém que conhecesse o lugar pelo endereço, mas todos sabiam onde fica o Pastel Quero Mais.

Quando cheguei ao viaduto que liga a rua da estação ao point, pude ver um grande número de pessoas sentadas no entorno do quiosque. Carlos Alberto Barbosa, o dono, sentou comigo em uma das mesinhas onde experimentei as delícias feitas na hora, e contou como se tornou o pasteleiro (e pagodeiro) mais famoso da cidade.

Peguei um pastel mineirinho, invenção da casa, com carne, milho, queijo cheddar, massa crocante, completamente sequinho e com preço justo (R$ 4,50). Para acompanhar, um caldo de cana, batido na hora com uma fruta à sua escolha (400 ml por R$ 4).

Mais jovem, Carlos era músico e montou com três amigos o único grupo de pagode da região: Toque de Amizade. Se apresentaram em bares e abriram shows de grupos maiores, participaram da coletânea Acendendo o Pagode Volume I e ganharam um festival. “Era legal, a gente se divertia com o assédio”, disse enquanto sintonizava um pagode no rádio. “Infelizmente, nem todos pensam da mesma forma, e nós tivemos que terminar.”

Carlos comprou uma Rural (carro da década de 1970 de fácil adaptação para vender comida) que já era usada por outro dono no ponto onde está hoje. Tanto no carro quanto no quiosque, a música está sempre presente: no toca-discos que ele leva para point aos sábados e nos grafites, onde Michael Jackson e Raul Seixas dividem as paredes com Ayrton Senna e Charlie Chaplin. Em breve, artistas nordestinos como Luiz Gonzaga também farão parte do grafite após a pintura anual.

Conversa vai, conversa vem, não me aguentei e pedi o pastel da casa: Especial Quero Mais. Carne, presunto, queijo mussarela, ovo, cheddar, milho e azeitonas (R$ 7 que valem por uma refeição).

Carlos disse tentar usar sua influência para pedir melhorias para a região. “É mentira se eu disser que não sou famoso, eu sou”, disse depois de ser cumprimentado pelo secretário do prefeito. “A minha briga agora é arrumarmos as calçadas dessa região, as pessoas podem se machucar.”

Lá também tem opções de pastéis doces. E é depois de comer um de queijo com goiabada que me despeço de Carlos e de sua história. Volto a São Paulo clamando vida longa ao rei… dos pastéis.

Publicado em agosto/2018. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

Flor de Liz

“O melhor vegetariano de Osasco”, assim me foi apresentado o Restaurante Vegetariano Flor de Liz, localizado no centro comercial da cidade da região oeste da Grande São Paulo. Com tamanha propaganda, decidi que o vegeta de Oz tinha que entrar no nosso guia gastronômico das quebradas e fui conferir a qualidade do seu rango. Colando no local, no entorno da Praça Duque de Caxias, pouco depois das ruas do centro comercial, damos de cara com uma área com mesas ao ar livre, vista para a praça, muitas árvores, pássaros, crianças e alguns senhores(as) mais “experientes”. O restaurante é arejado e espaçoso, tem algumas paredes de madeira e é bem amplo. O ambiente é tranquilo e silencioso, com uma música baixa, quase imperceptível.

E como a parada começou? Lizandra Meira, vegetariana, tinha dificuldade de encontrar bons picos para comer, em Osasco, com preço acessível e que não incluíssem crueldade animal em suas receitas. Para encontrar comida sem carne, fora de casa, ela tinha, invariavelmente, que se deslocar até São Paulo. Se Liz não queria mais ir até a montanha, resolveu fazer a montanha vir até Liz e montou, há 2 anos e 9 meses, seu próprio restaurante, o Flor de Liz, para atender a demanda vegetariana e vegana da cidade.

O esquema no Flor de Liz é o “coma à vontade por valor fixo”. Ele oferece uma variedade de opções em seu serviço, como arroz integral, feijoada vegana, proteína de soja, diversos vegetais, legumes, saladas, pizza vegana e torta vegana. Para sobremesa as opções incluem: bolos, doces e canjica. Faz parte do pacote, ainda, opções de suco que variam durante a semana.

Aos finais de semana o preço é um pouco mais salgado, mas a variedade aumenta: yakisoba, tempurá de legumes, legumes salteados, festival de salgados e kibe de forno são algumas das opções que o consumidor encontra. A comida é fresca, levemente temperada e saborosa. Pra quem come pouco ou quer gastar menos, além do self-service, é possível fazer marmitex.

O Flor de Liz é uma opção para uma refeição completa, agradável, acessível para os vegetarianos/veganos que moram – ou estão de rolê – por Oz.

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