Gran Sorbetto

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

A Gran Sorbetto ocupa desde 1994 o mesmo pequeno espaço em frente à praça central da cidade de Jandira, região metropolitana de São Paulo. Ir à sorveteria self-service e se sentar na praça se tornou uma tradição para as famílias da cidade. 

Daniel Gonçalves, de 27 anos, conta que desde que se conhece por gente frequenta o lugar. “Não tinha muita coisa pra fazer na cidade; vir aqui com meu pai era a melhor parte da semana. Aqui, você pode pegar o sorvete, sentar na praça, conversar”, conta.

Mantendo a tradição, agora Daniel leva seu filho à sorveteria. “A gente vinha todo domingo e enquanto eu corria por aqui, meu pai escutava o jogo. Agora posso trazer meu filho de vez em quando”, completa ele. 

A sorveteria tem mais de 24 sabores. O de tapioca é um dos mais marcantes. A textura remete à goma do beiju, mas o sabor surpreende. Ao final da primeira colher, o sorvete faz acreditar que estamos comendo uma verdadeira tapioca com coco e leite condensado, só que geladinha. 

Os outros sabores atendem desde paladares doces até os mais azedinhos. Também existem 18 opções de caldas frias e quentes, e a variedade não para por aí: o estabelecimento ainda conta com mais de 23 opções de acompanhamentos que variam entre balas de goma e amendoim fresco, salgadinho e crocante. Nas opções de palito, experimente o irreverente sabor de maçã-verde.

Apenas aos domingos, a sorveteria atende cerca de quatrocentas pessoas. Mas espaço não é uma preocupação. Localizada na Praça Anielo, uma das principais de Jandira, e com uma larga calçada, o estabelecimento tem o privilégio de fazer da cidade a extensão de seu negócio.

Restaurante da Camila / Espaço da Onça

“O sonho era estar perto do meu filho”, conta Camila Feitosa, 48 anos, nascida e crescida no bairro do Campo Limpo, periferia de São Paulo. Seu filho Davi é uma pessoa com deficiência (PCD) intelectual. “Eu tive vários problemas na infância. Violência doméstica agressões, isso me fez sair de casa cedo’’, diz Camia. Depois de um casamento que não deu certo e já com o filho, ela trabalhou em um supermercado por 8 anos e depois foi faxineira doméstica. Ralando muito, percebeu que valia muito mais a pena ser autônoma e voltou a estudar, mas não conseguia estar perto do filho como gostaria.

A guerreira queria fazer algo diferente, que transformasse sua vida, mas a dúvida se conseguiria estabilidade fazia com que não arriscasse. Então, um amigo que tinha uma lanchonete malsucedida no bairro do Campo Limpo, soube do desejo de Camila de abrir um negócio e ofereceu a ela um trabalho na tal lanchonete, ganhando R$ 800 por mês. “Para mim não compensava, eu tirava muito mais fazendo faxina’’. No dia seguinte, em uma palestra de aperfeiçoamento da carreira profissional, refletiu sobre os conselhos da especialista Ana Raia: “Ela disse que a gente precisava acreditar nos nossos sonhos. Eu não tive dúvidas’’.

Camila é extremamente grata por aquela palestra até hoje. Ao sair da escola, foi conversar com o dono da lanchonete fazendo uma contra proposta: que cedesse o espaço pelo aluguel no valor dos mesmos R$ 800. O espaço era bem pequeno e ficou menor ainda para o número de clientes já do primeiro mês. Após o sucesso, vendeu sua casa no bairro Vila das Belezas e logo encontrou um lugar adequado. “Eu estava realizando o meu sonho, podia tocar o meu negócio perto do meu filho’’.

A casa é modesta. Na parte da antiga garagem, mesas e cadeiras. No corredor, o espaço do self-service, uma TV e uma mesa de vidro redonda. À direita, o banheiro, masculino e feminino, que também serve para a família da Camila. Um pouco mais à frente, a cozinha da Camila; uma cozinha domestica, que conta com um fogão de 8 bocas, um pequeno forno, uma pia e muito amor.

“Eu começo a cozinhar às 06h e às 10h tem que estar tudo pronto, porque começam os pedidos via delivery’’. O almoço inclui arroz, feijão, salada, farinha e alguns molhos. Após o prato montado pelo próprio cliente, à vontade, ele mesmo solicita a mistura, que vem em um pratinho separado. As opções são: contra filé, filé de frango ou linguiça na cerveja. Em média saem 110 refeições por dia. Nas opções de sobremesa, o que faz sucesso é o pudim, preparado pela própria Camila. No local trabalham 3 pessoas, um entregador, um garçom e a chefe.

Camila acredita que seu sucesso na região do Campo Limpo deve-se muito ao amor pelo filho: “Eu acredito no amor que coloco na refeição’’.

Flor de Liz

“O melhor vegetariano de Osasco”, assim me foi apresentado o Restaurante Vegetariano Flor de Liz, localizado no centro comercial da cidade da região oeste da Grande São Paulo. Com tamanha propaganda, decidi que o vegeta de Oz tinha que entrar no nosso guia gastronômico das quebradas e fui conferir a qualidade do seu rango. Colando no local, no entorno da Praça Duque de Caxias, pouco depois das ruas do centro comercial, damos de cara com uma área com mesas ao ar livre, vista para a praça, muitas árvores, pássaros, crianças e alguns senhores(as) mais “experientes”. O restaurante é arejado e espaçoso, tem algumas paredes de madeira e é bem amplo. O ambiente é tranquilo e silencioso, com uma música baixa, quase imperceptível.

E como a parada começou? Lizandra Meira, vegetariana, tinha dificuldade de encontrar bons picos para comer, em Osasco, com preço acessível e que não incluíssem crueldade animal em suas receitas. Para encontrar comida sem carne, fora de casa, ela tinha, invariavelmente, que se deslocar até São Paulo. Se Liz não queria mais ir até a montanha, resolveu fazer a montanha vir até Liz e montou, há 2 anos e 9 meses, seu próprio restaurante, o Flor de Liz, para atender a demanda vegetariana e vegana da cidade.

O esquema no Flor de Liz é o “coma à vontade por valor fixo”. Ele oferece uma variedade de opções em seu serviço, como arroz integral, feijoada vegana, proteína de soja, diversos vegetais, legumes, saladas, pizza vegana e torta vegana. Para sobremesa as opções incluem: bolos, doces e canjica. Faz parte do pacote, ainda, opções de suco que variam durante a semana.

Aos finais de semana o preço é um pouco mais salgado, mas a variedade aumenta: yakisoba, tempurá de legumes, legumes salteados, festival de salgados e kibe de forno são algumas das opções que o consumidor encontra. A comida é fresca, levemente temperada e saborosa. Pra quem come pouco ou quer gastar menos, além do self-service, é possível fazer marmitex.

O Flor de Liz é uma opção para uma refeição completa, agradável, acessível para os vegetarianos/veganos que moram – ou estão de rolê – por Oz.

Restaurante da Marlene

Cambuci: a palavra que nomeia o bairro do Centro de São Paulo veio de uma fruta nativa da Mata Atlântica. Sua origem é o termo “kãmu-si”, ou “pote d’água” em tupi-guarani, devido à sua semelhança com o formato dos vasos de cerâmica que os índios produziam. O fruto – da família das goiabas e jabuticabas – está diretamente ligado à história do estado de São Paulo, pois, originalmente consumido pelos índios, passou a ser consumido pelos bandeirantes curtido na cachaça.

Apesar da importância histórica e ambiental, pouca gente conhece a fruta e a espécie chegou a ser ameaçada de extinção. Hoje esse quadro vem mudando e o cambuci se tornou um símbolo de preservação da Mata Atlântica, graças a estratégias como a Rota do Cambuci, um festival que teve sua primeira edição em 2009. Parelheiros, no extremo sul da capital, faz parte dessa rota. A 37km de distância do Marco Zero da cidade, na Sé, a região, com seu clima de interior e cercada por toda parte pelo verde da Mata Atlântica, foge completamente do perfil caótico e cinza do resto de São Paulo. É lá que estão localizadas as duas unidades do Restaurante e Pizzaria Marlene, que certamente possuem a melhor e mais sustentável comida caseira da região.

Aberta em 1989, pela Dona Marlene, a primeira casa era inicialmente um bar. Em 2006, ela passou a desenvolver receitas com frutas nativas, que deram tão certo que três anos depois passaram a fazer parte da Rota do Cambuci. O restaurante self-service muda o cardápio todos os dias, de acordo com a qualidade e preço dos produtos na semana. Ainda assim, alguns pratos são verdadeiros clássicos, como a moqueca de peixe, o peixe à milanesa e a espetacular costelinha de porco no molho agridoce de cambuci, que desmancha na boca e combina perfeitamente com o sabor ácido e adocicado da fruta. Vale ressaltar também que todas as ervas e folhas são orgânicas, compradas de produtores da região. O preço é muito camarada e para acompanhar a comida, nada melhor que o suco de cambuci, também ácido e adocicado na medida certa. Uma paleta de cambuci com leite condensado é perfeita para fechar o almoço. Outras delícias caseiras feitas com a fruta também podem ser encontradas no restaurante, como geleias, musses e cachaças.

“Quando comecei, Parelheiros era bem menor, mas não cresceu tanto econômica e culturalmente falando. É preciso de muito trabalho para que os moradores daqui tenham mais contato com as nossas frutas”, diz a simpática Dona Marlene, que abriu a segunda unidade do restaurante em 2015 e também dá oficinas culinárias sobre as frutas nativas em diversos pontos da cidade. Com sua rica simplicidade transmitida tanto na fala, quanto na comida, ela se tornou uma figura importante na divulgação da região. É daquelas pessoas com um jeito gostoso, que dá vontade de colocar dentro de um potinho, ou de uma compota, e levar para casa.

 

 

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