(FECHADO) Korova Music Bar

“É um momento de descontração só nosso”, descreve Célio Andrade, 31 anos, ao relembrar as vezes em que sai com sua esposa Daphne Sousa, 21, para passar o fim de semana no Korova Music Bar – um bar de rock em Ferraz de Vasconcelos, região metropolitana de São Paulo. Daphne é uma mulher trans e se sente confortável em frequentar o local. “Lá não precisamos fingir ser quem não somos por medo de preconceito”, comenta Célio.

O bar oferece shows de bandas covers de rock ao vivo e, na cozinha, os clientes têm sua porção favorita: a mandioca frita. A porção pode vir acompanhada de bacon e queijo derretido. Célio e Daphne pedem sempre a porção mista, com batatas e mandiocas fritas – bem sequinhas – cobertas com queijo derretido e acompanhadas por uma salada de cenoura, pepino, repolho e alface. O local também serve espetinhos variados para quem é fã de carne.

A comida é feita por Bruna Ribeiro, de 28 anos, estudante de nutrição, cozinheira e dona do bar. “O diferencial das porções é o carinho com que elas são feitas. Além de satisfazer a fome, conforta a alma. A galera gosta muito”, diz.

Samba da Ribalta

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

O Samba da Ribalta há seis anos faz seus frequentadores contarem os dias e as horas para as edições do projeto, na Vila Liviero, zona sul de São Paulo. Vânia Loureira Alves, de 46 anos, vai à Ribalta há mais de dois anos e foi ela quem convidou o marido e as três filhas, Gabrielle, 25 anos, Thalita, 20, e Mirelly, 16, para irem pela primeira vez. “O Samba da Ribalta representa muita alegria para minha família, esse lugar nos proporciona a oportunidade de estarmos todos juntos”, diz Vânia. 

Desde sua fundação, o projeto se preocupa com inclusão e acessibilidade. Para Vânia, que é cadeirante, locais que atendem quem tem mobilidade reduzida, em especial no banheiro, são essenciais. No Ribalta, além da rampa de acessibilidade no banheiro, existe também bastante espaço para a locomoção de cadeiras.

A roda de samba toca grandes sucessos, tanto antigos, como atuais. Todo evento também possui duas barraquinhas. Tem a fixa de Churrasquinho (R$ 5 cada espeto), com opções de espetinho de linguiça – o campeão de pedidos –, carne, frango e misto. E tem a “Barraquinha do bem”: a cada edição, um trabalhador autônomo é convidado para vender o seu produto. Em maio, por exemplo, a barraca serviu Yakisoba (R$ 10), bem temperado e com legumes no ponto certo.

“Não estabelecemos um limite de preço para as barraquinhas. Procuramos colocar barracas com o preço mais em conta, e sempre chamamos pessoas que precisam desse dinheiro. Uma amiga nossa estava desempregada e a gente chamou ela pra vender bolo de pote, canudo de chocolate e trufas. Em junho e julho, por exemplo, procuramos pessoas para vender caldo por conta do frio”, diz Rogério Santos, 38 anos, presidente do projeto. 

O evento acontece sempre no segundo domingo do mês. Além de oferecer alimentos para moradores da região, também ajuda diversas instituições locais e incentiva ideias empreendedoras dentro do bairro. O ingresso é substituído pela entrega de 2 quilos de alimentos por pessoa – não sendo aceitos sal e açúcar. 

Além de comidinhas e música de qualidade, o evento conta com brinquedos e monitores responsáveis para olhar as crianças.  “O samba é comunidade. As pessoas estão aqui curtindo e ajudando ao mesmo tempo várias pessoas e entidades. É um evento muito importante”, diz Vânia.

Empório Padre Cícero

O Empório Padre Cícero, restaurante de comida nordestina sertaneja no centro de Jandira, região metropolitana de São Paulo, é a sede de uma cozinha que reúne sabores e famílias. O lugar preserva a memória da cidade por ser uma das primeiras opções de lazer jandirense e por permanecer há 38 anos no mesmo local.

“Faz pouco mais de vinte anos que me mudei pra cá. Sou de Santa Catarina e vim com meus filhos pequenos. Agora eles moram em Campinas, e nos últimos anos temos nos reunido aqui. Mesmo quando meus irmãos vêm me visitar, a gente se reúne no Empório. Não tem gaúcho na minha família que resista”, conta Ivete Corrêa, de 67 anos, cliente fiel do restaurante que, apesar de amar um bom churrasco, não abre mão de se reunir no Empório Padre Cícero para aproveitar uma boa comida do Nordeste.

Para Ivete, o destaque do cardápio é o escondidinho de carne-seca com uma camada de queijo derretido seguida por outra deliciosa de purê cremoso de mandioca com manteiga de garrafa. Por cima, a receita da casa traz conserva de pimenta-biquinho (uma das várias oferecidas) que, além de dar um aroma inconfundível ao prato, não arde a boca. 

A suculência e o vermelho intenso da pimenta-biquinho abrem o paladar para as próximas garfadas. O arroz soltinho, a couve frita na manteiga e o feijão de caldo grosso e bem-temperado não poderiam ser acompanhamentos melhores. Qualquer prato da casa no tamanho pequeno serve até duas pessoas, e os preços variam entre R$ 20 e R$ 40.

O estabelecimento possui ainda um empório onde o cliente pode comprar alguns produtos nordestinos, como rapadura, manteiga de garrafa e doces em conserva. 

“É no fim de semana que aqui fica bom, com música ao vivo. O pessoal se anima e se diverte. Dá para trazer neto, filho, sobrinho. É pequeno, mas sempre tem espaço para mais um”, comenta Ivete sobre os dias mais movimentados, quando o restaurante contrata artistas sertanejos locais para tocar.

Restaurante Lu e Boy

Lu e Boy reformaram os cômodos da própria casa para receber, semanalmente, moradores da Vila Aurora, na Zona Noroeste, para o famoso espetinho de churrasco. O restaurante de Lúcia Helena da Silva, 52 anos, e de seu companheiro, Elson Martins, 44 anos, ferve aos fins de semana. E a casa, que conta com três cômodos, se adapta para receber a clientela.

Na garagem, uma mesa de sinuca convida grupos maiores a se reunirem para comer, jogar e ouvir música. Na sala, um espaço para quem prefere um encontro mais reservado. Já a área superior da casa se transforma em um point para quem quer paquerar ou não está a fim de burburinho.

Boy cuida dos espetinhos de churrasco e Lu, dos acompanhamentos. Os espetos são assados no ponto que o freguês desejar. A carne é macia, suculenta e bem-temperada. Além de carne bovina, o local serve espetinhos de asinhas e coxas de frango, lombo assado e linguiça. Para vegetarianos, há a opção de espetinhos de queijo.

Lu conta que a sua maior preocupação é fazer pratos com preços acessíveis e de qualidade. Por isso, todas as refeições custam até R$ 12,99. Os espetos são acompanhados por uma porção de arroz, feijão-carioca, farofa com pedaços de linguiça e bacon e uma deliciosa maionese caseira feita pela própria Lu

Se espetinho não for a sua praia, o restaurante também oferece pastéis e pizzas (médias e grandes) − feitas por Boy. Se não quiser comer no estabelecimento, o restaurante vende marmitex. Elas podem ser entregues em casa ou retiradas no local.

Espetinho Heliópolis

Alagoano, Leandro Santos saiu do Nordeste em 1998, aos 18 anos, com o desejo de vencer na vida. Chegou em São Paulo sem dinheiro, mas com vontade de trabalhar. “Quando a gente sai do Nordeste, sai para vencer e ganhar dinheiro… ser empresário”, conta. Mas o início não foi fácil.

Leandro trabalhou em diferentes restaurantes da cidade. Houve dias em que não tinha dinheiro para pagar uma passagem de ônibus e já precisou caminhar 10 km para chegar ao trabalho. Passou por dificuldades até para provar sua honestidade, quando foi acusado de roubo por uma cliente.

Mas todos os problemas que enfrentou não foram capazes de impedi-lo de caminhar com as próprias pernas.

No último restaurante em que trabalhou, antes de se tornar um empreendedor, Leandro encontrou um antigo amigo do interior de Alagoas, Cícero Costa, 40, hoje seu sócio. Juntos adquiriram experiência para que pudessem alçar voo. E, assim, aos 25 anos, ele sabia que estava pronto para gerir o próprio negócio.

Muitos desacreditaram por ser uma aposta na periferia, mas em um intervalo de quatro anos ele precisou mudar para um espaço maior. E foi no novo restaurante que aplicaram o padrão de qualidade que tanto prezavam.

“Para você ser empreendedor, não é só ter dinheiro, tem que saber trabalhar”, diz Leandro, que está atento a todos os aspectos envolvendo o Espetinho Heliópolis, desde a limpeza dos banheiros à qualidade do produto final. A ideia dele é levar para a periferia o padrão de qualidade dos restaurantes do Centro – e tem dado certo.

O bar-restaurante oferece 16 opções de espetinhos entre tradicionais e especiais: salmão, carne de sol, chuleta gaúcha, picanha e três tipos de costelas (todos com acompanhamento). Também há oito opções de pratos rápidos que servem de uma a três pessoas, caldos, saladas, porções, petiscos, guarnições e sobremesas. Para beber, cervejas 600 ml (R$ 9) ou long neck, sucos, refrigerantes e outros drinques.

“Nós temos o essencial para o cliente vir, gostar e voltar”, diz Leandro com orgulho.

Bar do Almir

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

Se você for até a Vila São José, em Diadema, atrás de um lugar para comer e se divertir, todos os moradores saberão te indicar a localização do Bar do Almir, o maior ponto de encontro da região.

Paralela à avenida Fagundes de Oliveira fica a rua dos Jasmins, e é ali onde você encontra Almir, o baiano que prepara o melhor churrasquinho que você respeita. Devido às dificuldades em arrumar trampo onde morava, Almir foi pra São Paulo tentar se estabelecer financeiramente. Foi morar em Diadema, onde virou metalúrgico. Porém, sabe aquela vontade de largar tudo para fazer o que gosta? Almir fez isso e abandonou sua profissão para preparar o espetinho que conquistou o bairro todo. Do trailer ao boteco, do boteco ao bar – ascensão conquistada graças aos 25 anos no ramo do churrasco.

O local vende uma ampla variedade de espetinhos, como os de carne, frango, queijo, kafta e calabresa, além de muitos rótulos de cervejas e cachaças. Com as próprias mãos, Almir e sua mulher preparam tudo: o corte da carne, o tempero, o molho verde que serve de acompanhamento, o vinagrete e o pãozinho.

E já na primeira mordida, a carne suculenta e bem tostada, misturada ao molho verde, quase vicia instantaneamente. Se preferir, o espetinho de queijo crocante por fora e derretendo por dentro faz seu paladar explodir de sabor. Há também a opção do espetinho de frango dourado e crocante, que dá aquela sensação gostosa de “almoço de domingo”.

Mas, se ainda não ficou claro o diferencial do churrasco do Almir, ele mesmo responde com muita modéstia: “Não tem muita diferença de qualquer outro espetinho. Às vezes um temperinho a mais, um lugar legal e muita conversa boa”.

Temperinho a mais significa uma carne bem maturada, imersa em água e vinagre com salsa, alho e sal e o ingrediente secreto do chefe, que o chama de realçador. Os espetinhos ganham o título de “os melhores de São Paulo” pelo Seu Geraldo, que ignora a distância e atravessa duas cidades só para saboreá-los.

Atualmente, o Bar do Almir vende cerca de 500 espetinhos por semana, e tem também shows ao vivo e encontros de futebol. O objetivo continua sendo o mesmo que o do início: “Reunir os amigos, aproximar as pessoas para comer um bom churrasco e se divertir”, diz.

Para curtir um bom pagode ou ver o jogo do Corinthians, o Bar do Almir é, com certeza, a melhor escolha. Pôr o papo em dia, ouvir uma boa música ao vivo e comer essa delícia de churrasco nutre qualquer corpo de bons sentimentos. E com certeza fará seu estômago sorrir.

Salsichão

Na calçada do maior cemitério da América Latina, Cemitério da Vila Formosa, fica a famosa lanchonete Salsichão. O nome sugestivo é mais uma das peculiaridades do local. O restaurante nunca produziu iguarias da culinária alemã, tampouco vendeu dogão. Na real, o nome vem de uma história bizarra contada por Manuel Basílio, sócio da lanchonete: no antigo endereço, quando ele e Wagner Sebonchine ainda não eram sócios, a Vila Carrão conheceu sua primeira hamburgueria há 50 anos.

O rolê era ideal para a larica da madrugada, especialmente quando exigia carne suculenta, bem temperada, acompanhada de bacon e ovos delicadamente batidos compondo o sabor suave de uma boa maionese caseira. O cenário do lugar contava com uma tubulação extensa de cor alaranjada que chamava atenção e lembrava uma enorme salsicha de Itu. Os clientes, que sempre tiveram uma relação de parceiragem com os cozinheiros, apelidaram o local escrevendo em cima da tubulação inspiradora: Salsichão. Na mão dos novos sócios, a lanchonete já assoprou 24 velinhas e as tubulações laranjas ficaram no antigo endereço, que não suportou a demanda de clientes que a lanchonete atingiu.

Todos os lanches – cerca de 8.000 vendidos por mês – incluem carne e outros derivados de origem animal, mas, para os vegetarianos, boas notícias: o Wagner sempre encontra um jeitinho de satisfazê-los substituindo ingredientes ou criando receitas exclusivas com o famoso “o que tem pra hoje”. O diferencial é revelado pelo o chefe da cozinha: “tem que ser amigo, parceiro do cliente” e é isso que se percebe ao olhar o clima da galera trabalhando, uma piada aqui e outra ali e nem se percebe que o Salsichão atende até a 1 da manhã todo final de semana.

O cardápio varia de R$10 a R$30, sendo o valor mais alto destinado a pratos mais elaborados como os beirutes que, além de seguir as características tradicionais dos cardápio, tem o toque especial das iguarias salsichanoenses – a receita de hambúrguer caseiro e a maionese. Quanto ao tamanho das guloseimas, todos os pratos fazem juz ao aumentativo “SalsichÃO”, o beirute servindo facilmente duas pessoas.

Experimentamos o X-Bacon e a porção de batata canoa, ambos acompanhados da maionese exclusiva da casa, que é feita com pó de ovo, num esquema kilo a kilo para não correr o risco de estragar e ser consumido no mesmo dia, como pede a recomendação da Anvisa. O hambúrguer é feito por Wagner que se recusa a usar outra carne que não seja o coxão mole: “Carne aqui, só a de primeira”. Tudo no ponto: bacon por todos os lados, gema meio a meio [durinha por fora, cremosa por dentro], queijo prato derretido e o hambúrguer temperadinho como almôndega de vó. Para fechar a conta, o melhor pedido é a torta holandesa da Regina Cacau, uma fornecedora de sobremesas do Salsichão. Cremosa e com um chocolatinho meio amargo bem distribuído sobre o creme de baunilha, a torta contem ainda bolachas que levam o nome daquela banda que mistura os melhores ritmos do Pará.

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