Salsichão

Na calçada do maior cemitério da América Latina, Cemitério da Vila Formosa, fica a famosa lanchonete Salsichão. O nome sugestivo é mais uma das peculiaridades do local. O restaurante nunca produziu iguarias da culinária alemã, tampouco vendeu dogão. Na real, o nome vem de uma história bizarra contada por Manuel Basílio, sócio da lanchonete: no antigo endereço, quando ele e Wagner Sebonchine ainda não eram sócios, a Vila Carrão conheceu sua primeira hamburgueria há 50 anos.

O rolê era ideal para a larica da madrugada, especialmente quando exigia carne suculenta, bem temperada, acompanhada de bacon e ovos delicadamente batidos compondo o sabor suave de uma boa maionese caseira. O cenário do lugar contava com uma tubulação extensa de cor alaranjada que chamava atenção e lembrava uma enorme salsicha de Itu. Os clientes, que sempre tiveram uma relação de parceiragem com os cozinheiros, apelidaram o local escrevendo em cima da tubulação inspiradora: Salsichão. Na mão dos novos sócios, a lanchonete já assoprou 24 velinhas e as tubulações laranjas ficaram no antigo endereço, que não suportou a demanda de clientes que a lanchonete atingiu.

Todos os lanches – cerca de 8.000 vendidos por mês – incluem carne e outros derivados de origem animal, mas, para os vegetarianos, boas notícias: o Wagner sempre encontra um jeitinho de satisfazê-los substituindo ingredientes ou criando receitas exclusivas com o famoso “o que tem pra hoje”. O diferencial é revelado pelo o chefe da cozinha: “tem que ser amigo, parceiro do cliente” e é isso que se percebe ao olhar o clima da galera trabalhando, uma piada aqui e outra ali e nem se percebe que o Salsichão atende até a 1 da manhã todo final de semana.

O cardápio varia de R$10 a R$30, sendo o valor mais alto destinado a pratos mais elaborados como os beirutes que, além de seguir as características tradicionais dos cardápio, tem o toque especial das iguarias salsichanoenses – a receita de hambúrguer caseiro e a maionese. Quanto ao tamanho das guloseimas, todos os pratos fazem juz ao aumentativo “SalsichÃO”, o beirute servindo facilmente duas pessoas.

Experimentamos o X-Bacon e a porção de batata canoa, ambos acompanhados da maionese exclusiva da casa, que é feita com pó de ovo, num esquema kilo a kilo para não correr o risco de estragar e ser consumido no mesmo dia, como pede a recomendação da Anvisa. O hambúrguer é feito por Wagner que se recusa a usar outra carne que não seja o coxão mole: “Carne aqui, só a de primeira”. Tudo no ponto: bacon por todos os lados, gema meio a meio [durinha por fora, cremosa por dentro], queijo prato derretido e o hambúrguer temperadinho como almôndega de vó. Para fechar a conta, o melhor pedido é a torta holandesa da Regina Cacau, uma fornecedora de sobremesas do Salsichão. Cremosa e com um chocolatinho meio amargo bem distribuído sobre o creme de baunilha, a torta contem ainda bolachas que levam o nome daquela banda que mistura os melhores ritmos do Pará.

Pastel Quero Mais

Desembarquei em Ferraz de Vasconcelos sem mapas ou internet, apenas em busca do famoso “melhor pastel da cidade”. Não encontrei pelo caminho alguém que conhecesse o lugar pelo endereço, mas todos sabiam onde fica o Pastel Quero Mais.

Quando cheguei ao viaduto que liga a rua da estação ao point, pude ver um grande número de pessoas sentadas no entorno do quiosque. Carlos Alberto Barbosa, o dono, sentou comigo em uma das mesinhas onde experimentei as delícias feitas na hora, e contou como se tornou o pasteleiro (e pagodeiro) mais famoso da cidade.

Peguei um pastel mineirinho, invenção da casa, com carne, milho, queijo cheddar, massa crocante, completamente sequinho e com preço justo (R$ 4,50). Para acompanhar, um caldo de cana, batido na hora com uma fruta à sua escolha (400 ml por R$ 4).

Mais jovem, Carlos era músico e montou com três amigos o único grupo de pagode da região: Toque de Amizade. Se apresentaram em bares e abriram shows de grupos maiores, participaram da coletânea Acendendo o Pagode Volume I e ganharam um festival. “Era legal, a gente se divertia com o assédio”, disse enquanto sintonizava um pagode no rádio. “Infelizmente, nem todos pensam da mesma forma, e nós tivemos que terminar.”

Carlos comprou uma Rural (carro da década de 1970 de fácil adaptação para vender comida) que já era usada por outro dono no ponto onde está hoje. Tanto no carro quanto no quiosque, a música está sempre presente: no toca-discos que ele leva para point aos sábados e nos grafites, onde Michael Jackson e Raul Seixas dividem as paredes com Ayrton Senna e Charlie Chaplin. Em breve, artistas nordestinos como Luiz Gonzaga também farão parte do grafite após a pintura anual.

Conversa vai, conversa vem, não me aguentei e pedi o pastel da casa: Especial Quero Mais. Carne, presunto, queijo mussarela, ovo, cheddar, milho e azeitonas (R$ 7 que valem por uma refeição).

Carlos disse tentar usar sua influência para pedir melhorias para a região. “É mentira se eu disser que não sou famoso, eu sou”, disse depois de ser cumprimentado pelo secretário do prefeito. “A minha briga agora é arrumarmos as calçadas dessa região, as pessoas podem se machucar.”

Lá também tem opções de pastéis doces. E é depois de comer um de queijo com goiabada que me despeço de Carlos e de sua história. Volto a São Paulo clamando vida longa ao rei… dos pastéis.

Publicado em agosto/2018. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

Bar do Ari e Miriam

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

Desde criança, o alviverde imponente sempre foi minha paixão – e isso não largo de jeito nenhum. Num certo domingo, como torcedor assíduo, decidi ver o jogo fora de casa. Palmeiras e Fluminense, quatro horas da tarde. O local escolhido foi o famoso Bar do Ari e Miriam, um curioso lugar no bairro do Tremembé, Zona Norte de São Paulo.

Antes de tudo, preciso contar o que é o estabelecimento: fundado há 10 anos pelos sócios que dão nome ao boteco, é um ponto de encontro de toda a galera da região da Av. Cel. Sezefredo Fagundes e da Av. Mário Pernambuco. Bem, a pergunta que não quer calar é por que diabos ele se diferencia de qualquer outro “Bar & Lanches” da região? Então, o Ari é palmeirense. A Miriam, corintiana. São casados há 24 anos. Quando precisaram – e quiseram – abrir um negócio próprio, observaram a rivalidade e resolveram abrir um estabelecimento que unisse a Barra Funda com Itaquera. Surgiu assim o único bar de São Paulo que junta alvinegros e alviverdes.

Quando me sentei na mesa do boteco, o Ari Filho logo se apresentou e perguntou o que eu queria. Com uma camisa da Mancha Verde, já pudemos ver que o membro mais novo da família puxou o pai. Pedi um litrão e uma recomendação de rango. A porpeta foi a escolha. Alguns minutos depois, bola rolando! O Felipe, que é o garçom oficial do bar e são-paulino, me traz uma gelada e avisa que o belisco já está chegando.

Quando a porpeta aterrissou na minha mesa, reparei que as mesas eram divididas entre fotos da Gaviões da Fiel e da Mancha Alviverde. Os adornos e penduricalhos em todo o bar eram de ambos os clubes e os uniformes de cada um dos donos era bordado com seu time do coração. O salgado veio num pratinho acompanhado de um vinagrete, com uma deliciosa cebola roxa. Fatiadinho em quatro pedaços, pra dividir com os amigos, a receita da Rosa, pilota da cozinha do bar, tem uma casquinha crocante e de-li-ci-osa, além da carne no meio estar bem rosadinha, estilo “no ponto”, do jeito que eu curto. Se você der uma temperadinha no miolinho da porpeta com o molhinho, vai ficar difícil prestar atenção no jogo.

Enquanto todos estavam de olhos grudados no jogo, comecei a observar as pessoas que ficavam de olhos grudados na TV: crianças, mulheres, adolescentes, velhos: todo tipo de gente estava ali. Gente com camisa do Corinthians, do Santos, do Palmeiras, é claro, e do São Paulo. As mesas iam até a calçada do outro lado da rua e vários pais estavam brincando com seus filhos na rua em que raramente carros passavam – e, se passavam, paravam no bar para ver o jogo ou comer alguma coisa. Uma boa parte da galera mandava pra dentro a porção de frango à passarinho que sai aproximadamente 9 mangos por pessoa e serve até 5 fanáticos por futebol.

Esse clima de convivência e de paz entre as torcidas é na verdade um reflexo de grande parte das famílias paulistas, divididas em tricolores, alviverdes e alvinegros que se amam muito além das rivalidades. E é por isso que o Bar do Ari e Miriam acaba por unir as famílias e se torna esse ambiente tão gostoso para os moradores da Zona Norte.

 

Casa da Árvore – Bar e Cultura

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

“Casa humilde de maderite/Mansão e os grafite/Tudo misturado/ Isso é Piritubacity!”. Essa música do Pollo, que estourou em 2011, era a única referência que eu tinha a respeito do bairro, localizado entre a zona Norte e a zona Oeste, antes do jornalismo me fazer atravessar a cidade e pegar pela primeira vez a Linha 7 – Rubi da CPTM para conhecer a Casa da Árvore, em Pirituba.

A primeira impressão do jornalista que vinha de longe era de que estava chegando na casa de um amigo. O climão leve e descontraído era ditado pela trilha que ia de Emicida a Planet Hemp e pela decoração viva e urbana, a começar pelo grande muro grafitado, com suas formas e cores saltando aos olhos e às lentes da minha câmera. Não podia esquecer que ainda era o jornalista e fotógrafo que vinha de longe para fazer um trabalho naquele lugar. E que lugar grande! Ao contrário de uma casa de árvore, espaço era o que não faltava ali.

Os três ambientes confortáveis já viram dias mais decrépitos. Quando Marcelo Mota, dono do pico, abriu o negócio em outubro de 2015, o lugar estava abandonado e esquecido. Com a ajuda de amigos, ele transformou a Casa da Árvore em um espaço onde poderiam ter uma comida boa e um ambiente cultural para confraternizar perto de casa. Deu tão certo que muita gente das redondezas e de fora passou a frequentar a casa, que ainda contará com duas pistas de skate gratuitas e um estúdio de música, que estão em construção. Enquanto o estúdio não fica pronto, o palco da área externa segura bem a parte musical, que recebe artistas de quebradas dos mais diversos estilos, todos os dias, valorizando ainda mais a cultura periférica.

Indo para o cardápio; o jornalista, fotógrafo e especialista em gastronomia que vinha de longe precisava provar e avaliar tecnicamente algumas das receitas principais da casa. Dentre lanches, porções e pratos propriamente ditos, fui na clássica combinação hambúrguer e Coca-Cola. Os hambúrgueres de 110g e 220g não trazem toda aquela firula gourmet das hamburguerias artesanais, apesar de serem preparados lá mesmo. Ainda bem, pois isso não combinaria com o clima. O que chega à mesa é um hambúrguer no ponto, macio, muito bem temperado e suculento, com acompanhamentos que cumprem o seu papel, complementando perfeitamente o sabor. Roots, extremamente honesto e apetitoso, é daqueles lanches que dá vontade de cair de boca sem garfo, faca ou cerimônia, como fazemos entre amigos.

O jornalista, fotógrafo e especialista em gastronomia que vinha de longe saiu de lá se sentindo apenas Guilherme e não vê a hora de levar os amigos para atravessarem a cidade e se sentirem em casa também.

Doce Feitiço Rotisseria

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

É bem ali, na Rua Moraes de Apocalipse nº 129, entre uma UBS e um piscinão cheio de nada, que você vai encontrar a rotisseria com os bolos mais delicinha desse brasilsão véio e sem porteira. Em um ambiente pequeno, que chama a atenção pela beleza e cuidado com os detalhes, mesmo que sem lugares pra sentar, a diversificada clientela da região dá uma pausa na rotina do corre-corre e pede aquele pedaço de bolo, que na real mesmo, mais parece um sonho.

A Doce Feitiço Rotisseria, no auge dos seus 19 anos de história, começou com vendas casuais. As receitas, com um toque especial da família, sempre foram feitas pelas irmãs Rosana e Lena, e eram vendidas unicamente para amigos e familiares. Os bolos eram tão bons, que na primeira oportunidade de expandir essas vendas para além do círculo mais próximo, elas apostaram todas suas fichas em um negócio. Compraram a antiga loja de doces, deram um tapa no visual e estão na rua há quase duas décadas.

Para quem vai lá para lá pegar algo salgado, a rotisseria conta com um cardápio muito amplo: arroz, saladas, aves, carnes, massas…. Mas o principal são as sobremesas, que se destacam pelas receitas próprias e por nenhum uso de produto industrializado. Os preços são a maioria por quilo, variando de R$22 até R$68,80 e o produto mais barato é o cuscuz, por R$14 o quilo.

As receitas de bolos das irmãs variam em mais de 35 sabores. Diamante Negro, bem-casado e brigadeiro saem bastante, mas a especialidade da casa é o fofíneo bolo de ameixa. 100 gramas do delicioso bolo custam R$ 4,30, e o bicho é tão lindão, que antes de morder, dá vontade de fazer umas fotos. Mas aí quando você morde… Malandro… Aquela massa branca macia, juntinha do doce de leite, do coco ralado, da leve camada de açúcar de confeiteiro e com o toque final do gosto de ameixa, te dão uma calorosa sensação de que um bom bolo pode facilmente resolver qualquer guerra. O mundo livre s/a cantava “Deixe esse bolo de ameixa e vem mexer comigo”. No caso desse bolo, não dá pra deixar.

 

Paraíso da Cachaça

Encontrar o Paraíso da Cachaça não é uma missão muito difícil. Ao caminhar pela Avenida Direitos Humanos, na região do Lauzane Paulista, você pode ver, à distância, mesas na calçada, gente tatuada, maços de cigarro nas mesas, cerveja, jovens e velhos barbados. Conforme vai rolando uma aproximação, não terá certeza se realmente está na Zona Norte de São Paulo ou em plena Califórnia, num bar de motoqueiros dos anos 60. A trilha sonora é composta pelo rock ‘n’ roll e o burburinho de seus frequentadores na calçada da rua.

Como as poucas mesas dentro do bar estão sempre cheias, você terá de sentar lá fora: a música não é alta, dá pra conversar em bom tom, sem precisar gritar, exceto quando você for chamar o garçom: o único cara que fica atendendo a galera é muito gente fina, mas precisa cuidar de muitas mesas, portanto, pra chamar o mestre, você vai ter que elevar a voz.

O mestre Bola irá lhe dar algumas recomendações de cervejas: realmente, a carta da casa é bastante variada, com brejas nacionais, holandesas, inglesas, alemãs… Você pode encontrar Lagers, Weisses, IPAs e Pilsens geladas e muito saborosas. Comparativamente, os preços são mais justos do que os encontrados em qualquer bar descolado no centro da capital.

Para forrar o estômago, o bolinho de carne é uma delicia. Além de combinar muito com as brejas, vem sempre quentinho. A carne é temperada com cheiro verde, sal, cebola e pimenta do reino. A massa é bem macia e a casquinha bem crocante… O preço fica em 4 mangos. E, segundo o Carlão, dono do bar, a receita é de sua vó, que só entregou o passo a passo para ele. Não adianta insistir, você não vai conseguir a receita.

Se você não estiver a fim de beber uma breja e prefere um drink, a especialidade da casa é a gengibrina. Feita com cachaça artesanal e raspas de gengibre (o resto da receita é segredo de estado!), ela é servida trincando de gelada e esquenta a alma de qualquer um que prová-la. Para experimentar a deliciosa bebida, você paga apenas 6 dinheiros em um copo americano de 300ml e 3 reais num “shot”.

Pra combinar com a bebida de raiz, a dica é que você peça uma porção de bolinho de carne seca, desenvolvido por Carlão, em busca de uma variedade maior para os salgados do seu estabelecimento. “Curtimos inovar”, resume minimalista.

“Venho aqui pra experimentar as cachaças, tem (envelhecida no) carvalho, (na) umburana… Cada coisa”, diz Daniel, frequentador assíduo do estabelecimento e dono de um lava-rápido da região. Sem barba, jaqueta de couro ou óculos aviador, ele conta: “Fui no Rock in Rio 1991, eu curto rock, Guns, Metallica, tá ligado?”. Conhecer o Carlão, o Bola e pessoas novas faz parte do rolê. E não se pode ir lá somente para os drinks deliciosos ou pros rangos diferenciados, mas também pela experiência rústica de colar na casa mais pauleira da Zona Norte.

Point do Acarajé

“Daria um filme…”

Se você nasceu da ponte pra cá, certamente leu essa frase com a voz do Mano Brown e ‘mil fita’ na mente. E, realmente, poderia até ser um Mano Brown ali, escrevendo sua história, no meio da selva de concreto e aço, marcada por tanta desigualdade. Mas não. Quem manda, desmanda e escreve uma nova história com sabores e delícias diferentes das impostas por aí é a queridíssima Teomila, dona do Point do Acarajé. Mulher e negra é ela quem semeia a única coisa que resiste no meio de todo esse caos: o amor.

O Point fica na Av. Hebe Camargo, na altura do número 6, que fica exatamente de frente para o cruzamento da Rua Herbert Spencer. Cruzamento esse que, curiosamente, representa muito bem a pluralidade dos clientes, moradores e transeuntes da quebrada de Paraisópolis. Da parte direita do cruzamento, só partem carros caros, pilotados por motoristas apressados; e da parte esquerda, carros econômicos andando lentamente, com o som estralando.

Antes vendedora de acarajé na Bahia, Teomila chegou em SP em 2012, mas somente em 2014 conseguiu abrir o Point do Acarajé. No começo, ela ficava em uma esquina ali perto e, depois de investir em suas receitas e até dar miniacarajés de graça, ela expandiu a clientela e a barraca para o novo point.

A expansão tem um motivo evidente: a singularidade da receita do prato principal de Teomila: seu exaltado Acarajé. A cozinheira segue atentamente as fórmulas ancestrais de sua tia, que diz que o prato tem que ser feita de puro feijão fradinho, com a massa preparada na cebola e frita no azeite. Esses passos deixam a massa única; crocante na medida, temperada minuciosamente, e em harmonia substancial com o recheio – que se mistura no céu da boca, e dá a exata sensação de, ao invés de só estar mordendo um pedaço de acarajé, estar vivendo o lado mais belo de toda a Bahia.

De cara, aquela ideia do amor, meio vazia, pode até parecer um papo bem boroca. Mas a real é que o Point do Acarajé, antes de ser o pico do melhor acarajé de São Paulo, é uma referencia cultural para a vida. Isso porque, segundo a própria Teomila, o diferencial desse acarajé, para qualquer outro, é o amor depositado no trabalho que ela faz. E quando o amor é combustível para algo, meus amigos, aí é que ninguém pode brecar.

Novos Veganos

Inaugurada em 26 de agosto de 2016, a hamburgueria Novos Veganos chegou na zona leste de São Paulo para atender uma demanda de veganos-vegetarianos-simpatizantes carente na região. O local fica perto de uma Avenida movimentada e seu entorno é animado e cheio de gente atraída por diversas opções de comida e bebida vendidas na mesma rua.

Trazer essa opção de comida sem crueldade animal para a quebrada se tornou a missão dos proprietários-namorados-veganos jornalistas Natalia Cirillo e João Steves, quando perceberam que não havia algo do tipo na ZL. As opções de vegetarianos que eles conheciam, como consumidores, não eram acessíveis nem em matéria de local, nem de preço. Criativos, batizaram cada lanche com um trocadilho, em menção a algumas personalidades que lutam ou lutaram por causas sociais ou pelo divulgação do vegetarianismo. Como por exemplo, o Eddie Vegger – em homenagem ao cantor vegetariano e líder do Pearl Jam, Eddie Vedder.

Para a criação das receitas e opções dos lanches, eles reuniram um grupo de, nas palavras do João, “monstros da culinária”. Cada um ficou encarregado de criar um sabor de hambúrguer, de pão ou queijo (lembrando que eles trabalham com opções de queijos vegetais). Todos estes “monstros sagrados” são pequenas empresas, como o Morrones, um food truck de comida vegana a preços acessíveis.

O preparo dos pedidos é revezado entre João e Natália, alternando os dias. Um dos mais pedidos é o Grande Vegano, monstro com três hambúrgueres de quinoa com soja, catupisalsa, vegarela, catupiveg, rúcula, alface, tomate, cebola roxa, bacon vegetal tudo servido no pão de cebola. Outra opção um pouco menor é o Bnegrão de Bico. De acompanhamento, você encontra no Novos Veganos batata frita tradicional e uma batata frita da casa, com
queijo e bacon de soja, e também as onion rings – cebolas empanadas e fritas. O combo vem com refrigerante e quem quiser ficar alegrinho pode experimentar as opções de cervejas artesanais.

O ambiente é jovem e ativista, com público composto de grupos de amigos ou famílias e casais preocupados com questões ambientais, sociais e políticas. O clima da casa é descontraído, com música alta, de preferência rock. O atendimento e serviço ainda está em processo de adaptação, por conta do pouco tempo de funcionamento, mas os dois sócios-namorados, João e a Natallia, são atenciosos e comunicativos. Como João me disse, “todas as pessoas envolvidas no projeto Novos Veganos, não querem apenas vender lanches, mas fazer do mundo um lugar melhor, sem crueldade ao animais. Fazer do veganismo algo acessível a mais gente”.

 

Como chegar

Contato
Tel: 
Facebook

Horário de funcionamento

Destaque 

Preço médio 
R$30

Formas de pagamento 
Dinheiro, cartões de débito, crédito e VR

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Flor de Liz

“O melhor vegetariano de Osasco”, assim me foi apresentado o Restaurante Vegetariano Flor de Liz, localizado no centro comercial da cidade da região oeste da Grande São Paulo. Com tamanha propaganda, decidi que o vegeta de Oz tinha que entrar no nosso guia gastronômico das quebradas e fui conferir a qualidade do seu rango. Colando no local, no entorno da Praça Duque de Caxias, pouco depois das ruas do centro comercial, damos de cara com uma área com mesas ao ar livre, vista para a praça, muitas árvores, pássaros, crianças e alguns senhores(as) mais “experientes”. O restaurante é arejado e espaçoso, tem algumas paredes de madeira e é bem amplo. O ambiente é tranquilo e silencioso, com uma música baixa, quase imperceptível.

E como a parada começou? Lizandra Meira, vegetariana, tinha dificuldade de encontrar bons picos para comer, em Osasco, com preço acessível e que não incluíssem crueldade animal em suas receitas. Para encontrar comida sem carne, fora de casa, ela tinha, invariavelmente, que se deslocar até São Paulo. Se Liz não queria mais ir até a montanha, resolveu fazer a montanha vir até Liz e montou, há 2 anos e 9 meses, seu próprio restaurante, o Flor de Liz, para atender a demanda vegetariana e vegana da cidade.

O esquema no Flor de Liz é o “coma à vontade por valor fixo”. Ele oferece uma variedade de opções em seu serviço, como arroz integral, feijoada vegana, proteína de soja, diversos vegetais, legumes, saladas, pizza vegana e torta vegana. Para sobremesa as opções incluem: bolos, doces e canjica. Faz parte do pacote, ainda, opções de suco que variam durante a semana.

Aos finais de semana o preço é um pouco mais salgado, mas a variedade aumenta: yakisoba, tempurá de legumes, legumes salteados, festival de salgados e kibe de forno são algumas das opções que o consumidor encontra. A comida é fresca, levemente temperada e saborosa. Pra quem come pouco ou quer gastar menos, além do self-service, é possível fazer marmitex.

O Flor de Liz é uma opção para uma refeição completa, agradável, acessível para os vegetarianos/veganos que moram – ou estão de rolê – por Oz.

Mary Hamburgueria

Um dos mais novos empreendimentos de sucesso em Diadema, muito bem estruturado, e comandado por mulheres inteligentíssimas. A Mary Hamburgueria é um estabelecimento relativamente novo e carrega consigo a beleza da trajetória de uma mulher guerreira e criativa. A história de Maristela das Neves Reis, também conhecida como Mary, foi enraizada em muito trabalho, suor e dedicação que nem sempre foram investidos no próprio sonho. Moradora do Canhema há 23 anos, labutou muitos anos em trabalhos formais, passando por empresas e cozinhas. Até que, em 2012, resolveu quebrar o ciclo de uma história repetitiva, e quis escrever um novo capítulo no livro da vida, dando início a uma das histórias de sucesso mais marcantes do Jd. Canhema.

Desde sempre, foi a única proprietária, enfrentando diversos desafios, desde descrenças até dificuldades para administrar tamanho sucesso. Felizmente, pôde contar a ajuda da filha, Mayara, principalmente na reinvenção do seu modo de operação e criação de novas receitas além dos lanches já consagrados. Lanches como “Especialidade Mary” (pão baguete, peito de peru, pepperoni, presunto, mussarela, azeitona, pimentão, cebola, tomate, alface maionese) e o “Triplo Picanha” (pão de 120g, 3 hambúrgueres de picanha de 90g, queijo prato, onion rings, bacon, salada, molho especial e maionese) foram unanimidade desde a sua criação. O que dá um toque especial são os molhos de acompanhamento, especialmente pensados para ornar com os sabores que essas misturam proporcionam.

Os preços do cardápio variam entre R$ 4,50 (X-Burguer Pequeno,) a R$ 20 (Beirute). O lanche mais pedido, um dos carros chefe da casa, é o “Mr. Bacon” (pão de 120g, 3 hambúrgueres de picanha de 90g, bacon, cheddar, mussarela, presunto, batata palha, salada de alface e maionese). Dá pra dividir entre duas pessoas fácil e, se bobear, até entre três, dadas as proporções. Nem cabe na mão direito! Esse maravilhoso lanche que mistura de tudo que a gente procura em uma mordida custa só R$ 17.

Definitivamente, Mary Hamburgueria é uma boa pedida para quem procura se alimentar bem, e não gastar o olho da cara. A melhor parte disso tudo é que toda as informações bonitas citadas acima ficam pertinho de gente real, que trabalha com sorriso no rosto, vive a vida enfrentando as dificuldades, e não precisa de nenhum selo gourmet para ser autêntica. É de ‘noiz pra noiz’, gente humilde – os pobre ‘loko’. Uma hamburgueria em que você se sente bem e vai querer voltar depois.

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