(FECHADO) O Mestre do Pastel

Existem mais de 230 pastelarias no município de São Paulo. Ao menos são essas as contabilizadas até agora pelo site GuiaMais, isso se não contarmos as outras 129 que o site aponta haver em municípios vizinhos. Mesmo assim, há quem atravesse 35 km a partir do marco zero do Centro da cidade pra comer pastel em Itapevi, cidade próxima à zona Oeste da capital paulista.

A maioria das pastelarias da cidade não chama muito a atenção com seus pastéis tradicionais e pouco mais de quatro opções de recheios. O que fazer se eu gostar de frango, mas não de catupiry, ou de presunto, mas não de queijo, no bauru? E se eu quiser um pastel de pizza, mas não curtir tomate? E se eu gostar de todos os recheios de pastel, mas estiver enjoado do sabor da massa? A resposta para todas essas perguntas está no Mestre do Pastel, que serve opções de pastéis até então inéditas no município, e com um preço acessível.

Você pode pedir um pastel tradicional com cinco opções de recheios adicionais, um molho e dois temperos extras – tudo isso por R$ 7,90. Achou barato? Se, ao invés dessa opção, você preferir um pastel com um dos recheios especiais (bacalhau, camarão ou carne seca), o preço só aumenta R$ 1.

Mas caso queira tudo isso em uma massa inusitada, você precisa pedir o maior diferencial da casa. A pastelaria tem massas especiais nos sabores ervas finas, parmesão, apimentada e chocolate. As massas não se diferenciam apenas no paladar, mas também na visão: elas são coloridas! Tem pastel verde, amarelo, vermelho e marrom. “E não é corante!”, afirma Renan Barbosa – dono do local – ao contar que as cores das massas, encomendadas por um fornecedor exclusivo, vem dos próprios ingredientes.

Renan e sua esposa Joice, ambos empreendedores, abriram o restaurante em dezembro de 2016 com apenas três mesas, mas logo precisaram expandir para mais cinco mesas, além de oferecer a opção de delivery.

“Com o espaço menor, a casa lotava, ficava gente em pé. Já fui até na esquina da pastelaria pra atender cliente. Em menos de cinco meses, já tivemos condições de tornar o espaço maior para atender melhor o nosso público.” O dono explica o sucesso instantâneo que a pastelaria alcançou. “Não existe crise pra comida.”

Com tantas opções de pastel, o dono afirma que não pretende adicionar outras opções ao cardápio. Nada de lanches, sanduíches ou sorvetes. Nem bebida alcóolica. O Mestre do Pastel tem um único foco: do recheio à massa, “Somos especialistas em pastel”.

Mundi Batataria

Quando alguém para de comer carne, um dos maiores desafios é comer em fast-food. Não dá para ir aonde todo mundo vai e, ainda assim, comer muito. Nada de McDonald’s, Burger King ou KFC. Mas na Mundi tudo é possível. O foco deles é a batata. A Mundi Batataria é uma marca criada em Itapevi (município a oeste de São Paulo) pelo empreendedor Wellington Rabelo, quando este percebeu, junto a seus sócios, que faltava algo gostoso, barato, chamativo e que funcionasse para todos os públicos gastronômicos.

“O nosso público vai desde criança pequena até idoso. Todo mundo gosta de batata frita”, foram as palavras do fundador da marca, orgulhoso ao dizer que o primeiro quiosque da Mundi, inaugurado em 2011, fez muito sucesso logo no primeiro mês. A primeira lanchonete Mundi disputa a atenção dos fregueses com pastelarias, sorveterias e até mesmo um Subway (que em 2010 se tornou a maior rede de fast-food do mundo), e é um dos poucos lugares que nunca está vazio. Das 10h30 às 22h30, sempre tem alguém fazendo seu pedido e desfrutando das batatas Mundi.

Quadrados e com a aparência de uma casinha de desenho animado e com o mascote da marca (uma batata frita com chapéu de chef) no telhado arroxeado, os quiosques já viraram pontos de referência. Seja pelos folhetos com imagens de batatas com rosto, pelas bandeirinhas colocadas nas porções, ou até mesmo pelo jingle que vez ou outra toca na rádio dos quiosques da batataria, existe muita identidade envolvendo a marca Mundi.

São três tipos de batata – palito, rústica e xadrez. Você ainda pode escolher entre nove coberturas para as batatas (ou, se quiser, comer as nove todas de uma vez): molho barbecue, cheddar cremoso, alho e ervas, molho caseiro, mostarda com mel, bacon, mussarela, catupiry e calabresa. Toda essa variedade também está disponível para cobrir outras porções de salgados.

“As batatas ainda são nosso foco”, diz Wellington defendendo o nome e a proposta original da marca. “Tanto que adicionamos coxinhas e açaí ao cardápio, mas junto vieram dois novos tipos de batata.”

O que a batata da Mundi tem de diferente das batatas de tantos restaurantes fast-food e bares que existem pela cidade? Eles usam a batata europeia com a coloração da polpa e o sabor mais fortes. O especialista explica que a maioria dos restaurantes preza por batatas de sabor menos acentuado e de corte mais fino porque, nesses lugares, elas são o acompanhamento de um lanche ou prato. Lá, elas são o prato principal.

Samambaia Bar & Lanches

Quem caminha à noite pelo Tatuapé já deve ter notado a quantidade de barzinhos na região, que mais parecem cópias dos da Vila Madalena e do centro expandido. Esses bares atendem ao público jovem da região, que sofreu um boom imobiliário e tem atraído cada vez mais pessoas de outros lugares.

Aparentemente despretensioso, o Samambaia Bar & Lanches é a união do saudosismo bairrista com as paixões de Carol e Tiago, ambos criados no Tatuapé. A dupla decidiu abrir um negócio após terminar a faculdade de ciências sociais. Tiago queria ver no bairro o antigo movimento, com pessoas que se conhecem e estabelecimentos que fortalecem a cultura local.

O som ambiente é gerado por uma vitrola, alimentada pelos mais de 300 discos que eles têm na casa. “Aqui não tem reprodução automática. Nós temos que parar o que estamos fazendo e ir trocar. E isso acaba nos trazendo de volta pra realidade”, falou Carol. “Para nós, os algoritmos não servem para nada. Preferimos o fator humano”. Sempre que possível o bar promove “atividades extracurriculares”, como flash tattoos e projeções de filmes independentes.

A casa tem um cuidado especial com as bebidas, privilegiando a variedade e os pequenos produtores. Há muitas opções de cachaças, separadas por regiões do Brasil. Se preferir algo gelado, aposte nos chopes. Sempre com pelo menos duas opções, as bebidas são trocadas semanalmente, oferecendo maior variedade e marcas menos conhecidas. Tiago pode dar uma aula sobre cervejas, basta solicitar. Toda segunda-feira tem chope em dobro.

Para comer, o carro-chefe é um clássico de boteco: moela. Comprada da avícola mais antiga do bairro, é cozida na cerveja preta, temperada com especiarias e servida em uma cumbuquinha com salsinha (colhida da horta do próprio bar) e uma cesta de pães. “A ideia é servir um prato que é muito conhecido entre os mais velhos, mas com uma cara nova para a geração atual”, conta Rafael, mestre-cuca do bar e amigo de longa data dos donos. A porção pode ser dividida entre duas pessoas numa boa. A ideia do cardápio é combinar elementos da culinária contemporânea aos gostos dos donos e à proposta do ambiente. Entre as opções estão desde ovos coloridos a pratos mais sofisticados.

Um dos resultados dessa mistura – e o preferido de Carol, vegetariana –, é o lanche vegano de legumes marinados no pão ciabatta. O pão, feito com farinha orgânica e com fermentação natural, produzido e entregue no bar por uma amiga da Carol, é recheado com abobrinha e berinjela seladas na chapa, acompanhadas de rúcula e tomate confit. É de lamber os dedos literalmente: você vai lamber o tempero que ficar em seus dedos e rezar para o sabor não ir embora jamais.

Churreria Damac

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

Em 2009, Alice Araújo resolveu colocar na rua um carrinho de churros para complementar a renda de casa. Começou sem inventar muito, vendendo apenas churros doces pelas ruas de Guarulhos, mas conforme foi ganhando experiência passou a receber sugestões dos clientes que sempre pediam algo salgado. “Não podia ser qualquer salgado, aí eu incrementei o churros com queijo, orégano e tomate”, conta. Mas Alice não parou por aí: o cardápio salgado inclui sabores como pizza, camarão, três queijos e carne seca com cheddar.

A ousadia deu certo e, depois de dois anos perambulando entre pontos estratégicos do bairro Pimentas, um cliente a alertou sobre a possibilidade de alugar um box dentro do Supermercado Seta, um atacadão bem movimentado que estava sendo inaugurado na época e possibilitaria mais comodidade para a crescente clientela. Depois de superar as próprias expectativas com o carrinho de churros, descolar um endereço fixo e inovar o mercado lançando sabores salgados, Alice pensou em incrementar gostos e formatos dessa vez com os doces. E de suas mãos inventivas surgiram churros com frutas caramelizadas, mini-churros e o famigerado churros gelado, que despertou curiosidade em toda redação aqui da Énois e até da TV Câmara – que colou lá para se deliciar com a gente e deixar a Alice ainda mais famosa.

Mas que parada é essa de churros gelado? A gente explica: o churros gelado consiste em uma massa frita que depois de pronta é banhada em chocolate e por cima recebe a benção de um chantilly bem airado e leve que pode ser acompanhado de frutas como morangos, kiwí e outros – a depender do sabor escolhido. Além dessa doce fartura por fora, você pode optar por um dos recheios tradicionais: doce de leite ou chocolate. As possibilidades da casquinha dos churros gelados também oferecem escolha. “Tem da branca e tem da preta”, diz Daniel Sampaio, marido de nossa heroína, que deixou de ser sócio em um negócio mais ou menos para somar ao trampo da esposa.

Outra invenção curiosa de Alice foi o nome do estabelecimento: churreria. “Ao se deparar com uma loja especializada em churros como chamá-la?”, se perguntou. “Procuramos muito e não achamos nada, então, ficou churreria mesmo”, conta a dona do negócio que hoje ostenta mais de 300 sabores criativos de churros e compõem 100% o orçamento da família de Alice e Daniel, que chegam a vender 3.000 churros por mês. O carrinho deu lugar a um pequeno caminhão que leva os famigerados churros à festivais gourmets e outros eventos onde sempre conquista novos corações.

 

Mocofava do Cazuza

Oito horas da noite, eu e mais dois camaradas estávamos andando pela Brasilândia. Nas ruas escuras e num bairro em que não conhecíamos; o silêncio reinava e só era interrompido por algumas reclamações minhas do tipo “Onde que a gente tá?” ou “Acho que errei o caminho.” Após alguns minutos de caminhada, meu nariz percebe alguma coisa. É um cheiro de comida, mas eu nunca havia sentido aquilo. Todos se entreolham e seguiram correndo para onde o cheiro apontava. Estávamos, finalmente, no Mocofava do Cazuza.

O nome travalinguístico do lugar me deixou bastante curioso. Eu não fazia a mínima ideia do que diabos era uma mocofava e me senti totalmente atraído pelo título deste estabelecimento, que me proporcionaria uma nova experiência de rango. Poderia ser uma desgraça, poderia ser uma delícia, eu não sabia. Mas queria muito descobrir.

Ao entrar no restaurante, estávamos numa atmosfera sensorial de nordeste. O cheiros das carnes, o calor, o sotaque dos atendentes. A novidade era muita e acabamos meio confusos sobre o que fazer. Colocamos as bolsas nas mesas, trocamos ideias com os garçons, pedimos a tal da Mocofava. Acompanhada de pão, o prato é um mix de carneseca, fava (uma espécie de feijão nordestino), linguiça e caldo de mocotó; além de salsinha e cebolinha. A mistura, servida numa cumbuquinha, parecia uma sopinha a priori. Quando enfiei a colher no prato e senti a viscosidade do caldo, que envolvia todos os ingredientes, a leveza aparente do prato já tinha ido por água abaixo. Nesse mesmo momento, descobri quem comandava o cheiro que vinha lá de fora: cominho. A especiaria tomou, de súbito, o meu nariz e agora tudo fazia sentido.

Quando mergulhei de cabeça no mar sertanejo da mocofava do Cazuza, provei nas papilas gustativas uma deliciosa linguiça calabresa, alguns pedaços de carne-seca e também grandes favas (deliciosamente macias). Apesar disso, percebe-se que o ingrediente mais forte e mais vistoso do prato é o caldo de mocotó, que reúne todos os imersos e torna a combinação não somente possível, mas essencialmente nordestina e única.

Após eu devorar cada um dos ingredientes com fome e com a devida atenção, me surpreendi com a sensação de sustância que a iguaria me deu. Talvez pelo peso de seus ingredientes, o rango consegue sustentar qualquer um por um bom tempo. E o preço é justo: 12 mangos na mocofava pequena (a que comi) e 20 na mocofava grande, que dá pra rachar. A experiência gastronômica que tive no restaurante foi o meu primeiro contato com uma comida essencialmente nordestina. Os sabores que permeavam minha boca naquele restaurante me levaram direto daqui para o sertão do Brasil… Pra uma primeira vez, acho que valeu a pena se enrolar falando “Mocofava do Cazuza” e indo pra Cachoeirinha, no fundão da Zona Norte, pra experimentar as delícias que o restaurante nos serve.

Restaurante da Camila / Espaço da Onça

“O sonho era estar perto do meu filho”, conta Camila Feitosa, 48 anos, nascida e crescida no bairro do Campo Limpo, periferia de São Paulo. Seu filho Davi é uma pessoa com deficiência (PCD) intelectual. “Eu tive vários problemas na infância. Violência doméstica agressões, isso me fez sair de casa cedo’’, diz Camia. Depois de um casamento que não deu certo e já com o filho, ela trabalhou em um supermercado por 8 anos e depois foi faxineira doméstica. Ralando muito, percebeu que valia muito mais a pena ser autônoma e voltou a estudar, mas não conseguia estar perto do filho como gostaria.

A guerreira queria fazer algo diferente, que transformasse sua vida, mas a dúvida se conseguiria estabilidade fazia com que não arriscasse. Então, um amigo que tinha uma lanchonete malsucedida no bairro do Campo Limpo, soube do desejo de Camila de abrir um negócio e ofereceu a ela um trabalho na tal lanchonete, ganhando R$ 800 por mês. “Para mim não compensava, eu tirava muito mais fazendo faxina’’. No dia seguinte, em uma palestra de aperfeiçoamento da carreira profissional, refletiu sobre os conselhos da especialista Ana Raia: “Ela disse que a gente precisava acreditar nos nossos sonhos. Eu não tive dúvidas’’.

Camila é extremamente grata por aquela palestra até hoje. Ao sair da escola, foi conversar com o dono da lanchonete fazendo uma contra proposta: que cedesse o espaço pelo aluguel no valor dos mesmos R$ 800. O espaço era bem pequeno e ficou menor ainda para o número de clientes já do primeiro mês. Após o sucesso, vendeu sua casa no bairro Vila das Belezas e logo encontrou um lugar adequado. “Eu estava realizando o meu sonho, podia tocar o meu negócio perto do meu filho’’.

A casa é modesta. Na parte da antiga garagem, mesas e cadeiras. No corredor, o espaço do self-service, uma TV e uma mesa de vidro redonda. À direita, o banheiro, masculino e feminino, que também serve para a família da Camila. Um pouco mais à frente, a cozinha da Camila; uma cozinha domestica, que conta com um fogão de 8 bocas, um pequeno forno, uma pia e muito amor.

“Eu começo a cozinhar às 06h e às 10h tem que estar tudo pronto, porque começam os pedidos via delivery’’. O almoço inclui arroz, feijão, salada, farinha e alguns molhos. Após o prato montado pelo próprio cliente, à vontade, ele mesmo solicita a mistura, que vem em um pratinho separado. As opções são: contra filé, filé de frango ou linguiça na cerveja. Em média saem 110 refeições por dia. Nas opções de sobremesa, o que faz sucesso é o pudim, preparado pela própria Camila. No local trabalham 3 pessoas, um entregador, um garçom e a chefe.

Camila acredita que seu sucesso na região do Campo Limpo deve-se muito ao amor pelo filho: “Eu acredito no amor que coloco na refeição’’.

Casa do Norte Nova Mandacaru

O restaurante Casa do Norte Nova Mandacaru fica no meio de uma das avenidas mais movimentadas da quebrada, a Avenida Itaberaba, no número 4629. A região é cheia de carros e busões, já que fica bem no miolo, pertinho do terminal, que faz a liga da quebrada com os centros.

Recém-reformada, a entrada da casa tá bonitona, com um letreiro brilhante, orgulho dos tiozinhos que ficam ali em frente resenhando, quase que o dia todo. Por ser pequeno na medida, dá uma sensação de conforto, e é muito convidativo independente do quanto você tenha para gastar. O rango mais barato do restaurante, o PF, custa R$ 10. O pico é frequentado por pessoas de diferentes idades, de todos os cantos de SP e até de fora, mas os clientes mais fiéis são ali da quebrada mesmo, os tiozinhos da resenha.

Seu Jeová, proprietário, adora chegar na humildade para conversar com os clientes e, numa dessas, foi nos contando que o restaurante, já existe há uns 40 anos. Foi criado, inicialmente, pelo seu Durval, e desde o começo ficou sempre no mesmo local, passando por poucas mudanças. No dia 17 de novembro de 2006, o seu Durval vendeu o estabelecimento para o Jeová. E qualé a do Jeová? Bom, ele sempre trabalhou em padarias, e já manjava fazer uns rangos daora, mas por ser de origem mineira não dominava tão bem a culinária nordestina. O que ele fez, então? Meteu o loco e vendeu uns rangos ruins? Não! Ele foi até o Centro de Tradições Nordestinas, contratou uma consultoria para as receitas que ele começaria a vender e procurou fazê-las com excelência. Jeová acabou acertando em cheio em uma receita depois da consultoria, e consolidou o prato como especialidade da casa: o famigerado baião de dois.

Incrivelmente tudo ali parece ser leve, incluindo o preço; R$ 38 o pequeno (serve 2 pessoas) e R$ 75 o grande (o mais caro do cardápio, que serve 4 pessoas de boa). Você pode escolher dois acompanhamentos entre filé de frango, pernil assado, carne seca ou carne de sol. Seguindo a especialidade da casa, o baião com as carnes seca e de sol (artesanal) são chave! O prato é acompanhado por uma mandioca perfeita, crocante por fora e molinha por dentro, e os grandes pedaços de queijo derretidos entre o feijão de corda e o arroz te darão um abraço!

Todos os pratos da casa são muito saborosos, e sempre ornam bem com a boa e velha pinga de alambique. Além das pingas, o drinque mais pedido é o Kariri com mel e limão, por R$ 5. A Casa do Norte Nova Mandacaru tem como di ferencial o grande seu Jeová e o melhor baião de dois que você vai comer na vida. A Casa do Norte Nova Mandacaru, sem dúvidas, é dona de um prato firmeza!

(FECHADO) Churrasquinho do Seu Domingos

Em uma quebrada tão distante, fora do município de São Paulo, o ex-presidente da cooperativa de churrasco da cidade de Diadema, Seu Domingos, estaciona seu carrinho de churrasco bem no meio da Praça da Rua Treze de Maio, número 228 – localizada no Jardim Canhema, em Diadema. E é exatamente lá que você encontra o melhor churrasquinho desse mundão.

A praça da Rua Treze de Maio é um ambiente pra você se sentar, jogar conversa fora, apreciar um bom churrasco e reparar em como as pessoas estão sempre correndo. Um ambiente tranquilo, em um ponto estratégico do bairro. Tem gente que atravessa Diadema inteira atrás das iguarias de carne e faz questão de levar os churrasquinhos para casa. São pessoas das mais variadas, desde criancinhas comprando pro pai até senhoras de idade que compram o churrasco para comer no jantar.

Em 2002, Seu Domingos, ex-segurança de bancos, ficou desempregado por meses e precisava levantar uma grana para sobreviver. Foi aí que resolveu vender churrasco. Sem experiência alguma, começou como uma aventura que foi sendo vivida juntamente com um curso de cabeleireiro. Quê?! Ex-segurança de banco, churrasqueiro e cabeleireiro? Calma, que quanto mais a vida fica loka, mais ela fica daora. Bem no comecinho, ainda participando do curso de cabeleireiro, comentou com um dos professores que teria que largar as aulas para fazer uma grana, trabalhando integralmente como churrasqueiro. O professor quis ajudar; disse que manjava de churrasco e que tinha umas dicas que poderiam fazer o Seu Domingos ter um diferencial em seu carrinho. E realmente o ajudou. Passou receitas, modos de preparo, o tipo de carne e, em especial, o tempero secreto que faz a carne ficar suculenta de uma maneira única. As vendas foram um sucesso! Mesmo assim, Seu Domingos não se contentou. Além de ter melhorado a qualidade das carnes com processamentos e cortes, resolveu mexer no tempero do professor.

Por já ter sido motivo de longas brigas que dariam um livro, o segredo do tempero é guardado a sete chaves, e as únicas informações que obtivemos é que o churrasco é feito de “fraldinha maturada”, comprada de um fornecedor desde 2002, cortada e processada diariamente por Seu Domingos e sua esposa.

A especialidade da casa é o churrasco de carne e o diferencial é o já citado tempero secreto. O churrasquinho é tão bem feito que até as gorduras que ficam no espeto são temperadas. Lindimais! Depois de um tempo, aquele professor foi comer um espetinho e ficou surpreso. Ele notou uma grande diferença do tempero original que havia ensinado ao Seu Domingos. O mestre quis saber o segredo e, segundo o churrasqueiro, hoje, somente ele, o professor e sua esposa dominam essa arte do espetinho sagrado. Seu Domingos é rua até umas horas!

 

Bomboniere Bom Doce

O sino da igreja soa, os ponteiros acusam meio-dia: hora da saída na maioria das escolas da Vila Formosa. Aos poucos, os estudantes passam a se aglomerar no estabelecimento de esquina da Av. Renata com a Rua Carlito. “Cuidado com o cruzamento”, ouço minha vó falar enquanto me olha atravessar a rua – cena recorrente de uma memória distante e saudosista.

Brigadeiro é o nome da magia que faz gente grande voltar à Bomboniere Bom Doce só para apreciar: [piada ruim] o doce mais brasileiríssimo da cidade. Os ingredientes são cacau em pó, leite condensado e manteiga. “Só isso, dona Fátima?”, pergunto. Ela ri e afirma com ar de deboche: “Só isso”. Há com certeza um quarto ingrediente que jamais será revelado para minha tristeza e das possíveis próximas gerações. Porém, enquanto der pra adquirir a simpática bolinha marrom envolta por finas raspas de chocolate a R$2,50, o gosto da infância estará a salvo.

Mas nem sempre foi assim. Quando a Dona Fátima Dias ganhou essa receita de um antigo fornecedor, os primeiros exemplares tinham a consistência de uma pedra, segundo ela, que ainda complementa a “autozoação” ao contar que eles eram ótimos em caso de assalto, porque poderiam servir como arma para defesa. O mais louco de tudo isso é que a história do brigadeiro está intimamente ligada à proteção do patrimônio. O doce brasileiro ganhou fama em 1945, na campanha do milico brigadeiro Eduardo Gomes à presidência do Brasil. As mulheres passaram a trocar a guloseima por doações à campanha do candidato que não ganhou as eleições, mas propagou a receita do doce incrementado da Dona Fátima. O tempo passou, a receita foi sendo aprimorada e hoje, junto à outras especiarias como quindins, doces árabe e canudinhos de doce de leite, faz a renda da dona Fátima e mais duas funcionárias, a Antônia e a Cristina.

Outro sucesso da Bomboniere é o sorvete, sendo o sabor mais famoso o de leite ninho trufado. Existem outros 19 sabores, todos produzidos pelas mãos da senhora de 70 anos, e que, segundo a clientela, deixam no chinelo a massa de marcas tradicionais. Produzido com frutas frescas trazidas pelo filho da dona Fátima, Valdemir, a receita quase se perdeu quando uma franquia da Jundiá abriu as portas na mesma boa e velha Av. Renata. Desanimada. Dona Fátima chegou a ter um comprador firmado para o seu negócio e conta que só não vendeu porque Deus revelou: “A porta que eu abro ninguém fecha”. E assim se fez, após 1 ano e 6 meses, a franquia fechou e a Bomboniere lá ficou para nossa alegria. Amém! Ou melhor, Awoman – salve a Dona Fátima!

 

Pastelaria Orient

Pés caminham apressados, corpos se esbarram, ônibus passam lotados, bicicletas cruzam frenéticas e o sino da Igreja anuncia: são 18h, na cidade de São Paulo. Em meio a todo caos do horário de pico, no sentido Zona Leste, a Av. João XXIII oferece, além da rota alternativa para Av. Aricanduva, a Pastelaria Orient. Esta, por sua vez, conta com uma cozinha tão acelerada, quanto o ritmo de seus clientes.

O pico é ideal para quem precisa comer algo rápido e saboroso por um preço justo. Não por espaço, o ambiente é bem aconchegante, mas porque a agilidade do atendimento supera qualquer expectativa. Da culinária árabe à brasileira, a pastelaria é famosa pela sua esfiha de carne. Isso mesmo.

Sr. Mauro, nissei, conta que a receita é de família. Uma prima de segundo grau ensinou à mãe dele o preparo que traz à vida uma massa macia de gosto um pouco adocicado que, misturado ao sabor da carne moída bem molhadinha e com tempero fresco, deixa qualquer horário de pico menos odioso.

Apesar de fazer sucesso entre os apressados a pastelaria teve de ampliar a sua recepção para atender famílias, amigos e afins em seu ambiente que se tornou também ponto de encontro, sobretudo, nos finais de semana. A parte mais calórica do cardápio vai de pastéis a risoles, passando por uma coxinha digna de palmas. O segredo, segundo Sr. Mauro está na massa que é feita exclusivamente de batata. Outro diferencial é que os salgados não passam muito tempo na vitrine, já que o fluxo de clientes é bem grande, proporcionando salgados fresquinhos a todo momento. A tristeza é que mesmo tendo tamanhos consideráveis, os salgados da Orient deixam um gostinho de quero mais. Seus preços variam de R$ 4,95 a R$ 9,90. Para lubrificar a goela, eles também oferecem uma limonada cremosa. Limão, leite em pó e alguns “mls” de água formam um creme com gosto azedinho. Outra guloseima que você deve experimentar é o pastel de doce de leite com banana prata. A mistura, que num primeiro momento pode soar insensata, traz por dentro de toda a crocância do pastel um doce com pedaços da fruta que mais combina com essa mistura, por incrível que possa parecer. Sem contar que a massa do pastel é sequinha e não faz os dedos brilharem após a comilança 😉

O estabelecimento que já existe há 40 anos, antes de se tornar uma pastelaria, era a sapataria do pai do Sr. Mauro. Em dado momento da vida, o pai dele resolveu passar o ponto e o Sr. Mauro, que na época vivia a disputa pelo território entre os feirantes, preferiu comprar o ponto do pai e abandonar a vida loka de pasteleiro itinerante. Atualmente, ele emprega cerca de 10 pessoas e alimenta boa parte dos transeuntes da Vila Formosa.

 

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