Histórico dos guias
O primeiro guia, publicado em 2016, partiu do questionamento “existe comida boa nas quebradas de São Paulo?” e como contraponto aos guias gastronômicos de jornais tradicionais, que mapeiam locais para comer apenas no centro e bairros de maior poder econômico. De cara, os jovens participantes do Prato Firmeza (PF) mapearam 40 lugares para comer nas periferias paulistanas, valorizando quem movimenta a cultura alimentar local. A publicação foi indicada ao prêmio Jabuti 2016.
Em 2017, na segunda edição, aprofundou o olhar sobre comidas feitas com ingredientes frescos, jogando luz sobre os chamados “desertos alimentares” (no qual é preciso andar mais de 6 quilômetros para encontrar alimentos frescos) e sobre a falta de acesso à comida de verdade. Essa edição, que teve prefácio do chef Rodrigo Oliveira, proprietário dos restaurantes Mocotó (na Vila Medeiros) e Balaio (Avenida Paulista), rendeu uma websérie publicada na Folha de S. Paulo.
O volume 3, em 2019, colocou a comida como central para o lazer e a convivência em família nas quebradas da cidade de São Paulo e ganhou as ruas e os eventos gastronômicos, sendo distribuído no Festival Arte na Rua (no bairro do Bixiga) e décima oitava edição da Feira Preta, no Memorial da América Latina.
Em 2020, nasceu o Prato Firmeza Preto, dedicado a mapear empreendedores negros, decolonizando o imaginário ancorado no racismo, que coloca pessoas pretas na cozinha e brancos como chefs. Feito por uma equipe mais de 90% negra, foi vencedor do Prêmio Jabuti na categoria Economia Criativa.
No mesmo ano, foi sistematizada a metodologia do produção do Prato Firmeza, no Guia Metodológico do PF (disponível aqui no site), para tornar acessível a realização de mapeamentos de serviços em territórios periféricos em qualquer cantinho do Brasil.
Colocando o guia metodológico em prática, em 2021, o Prato Firmeza se expandiu para o Rio de Janeiro, sendo produzido em parceria com o data_labe (conjunto de favelas da Maré – RJ) e Decodifica (ex- Lab Jaca), mapeando comida boa nas favelas do Jacarezinho e Manguinhos. O PF no Rio mostrou que as favelas vão muito além da violência: têm comida boa, cultura e ancestralidade – apesar do guia ter sido produzido em meio a uma chacina que matou 30 pessoas em maio de 2020.
Em 2022, foi a vez de explorar o universo Geek, numa edição voltada principalmente a adolescentes, colocando a cultura nerd como identidade gastronômica nas quebradas e sendo todo ele produzido em linguagem de quadrinhos.
O Prato Firmeza se nacionalizou em 2023, com a edição Campo&Cidade, que articulou organizações de comunicação periférica em 10 capitais, nas 5 regiões do Brasil, para mapear o caminho da comida do campo até a mesa de restaurantes periféricos. Com prefácio de Ana Chã, do coletivo de cultura do MST, esse volume é um manifesto político pelo direito à alimentação saudável e recebeu o Prêmio Sebrae de Jornalismo São Paulo, na categoria podcast, além de ter sido finalista do Prêmio Jabuti, em 2025.
A versão nacional do Pratinho, versão do PF voltada para o público infantil, lançada em 2024, discute a alimentação nas escolas públicas que valorizam produtores locais e a cultura alimentar regional, em diferentes estados. O guia tem o Jogo da Alimentação (um tabuleiro encartado), um vídeo que ensina como fazer uma horta na escola e uma sugestão pedagógica para ser aplicada em salas de aula da Educação Infantil, Fundamental e Ensino Médio (disponíveis junto com a edição, neste site).
O Prato Firmeza Amazônia, lançado em 2025, resgata as raízes tradicionais da alimentação brasileira a partir dos estados do Pará e Amazonas. Realizado em parceria com Tapajós de Fato, Puxirum do Bem Viver, tem termos traduzidos em 9 línguas indígenas, um podcast em parceria com o podcast Pavulagem e mapeia restaurantes, ingredientes e mestras e mestres da comida.