Restaurante Lu e Boy

Lu e Boy reformaram os cômodos da própria casa para receber, semanalmente, moradores da Vila Aurora, na Zona Noroeste, para o famoso espetinho de churrasco. O restaurante de Lúcia Helena da Silva, 52 anos, e de seu companheiro, Elson Martins, 44 anos, ferve aos fins de semana. E a casa, que conta com três cômodos, se adapta para receber a clientela.

Na garagem, uma mesa de sinuca convida grupos maiores a se reunirem para comer, jogar e ouvir música. Na sala, um espaço para quem prefere um encontro mais reservado. Já a área superior da casa se transforma em um point para quem quer paquerar ou não está a fim de burburinho.

Boy cuida dos espetinhos de churrasco e Lu, dos acompanhamentos. Os espetos são assados no ponto que o freguês desejar. A carne é macia, suculenta e bem-temperada. Além de carne bovina, o local serve espetinhos de asinhas e coxas de frango, lombo assado e linguiça. Para vegetarianos, há a opção de espetinhos de queijo.

Lu conta que a sua maior preocupação é fazer pratos com preços acessíveis e de qualidade. Por isso, todas as refeições custam até R$ 12,99. Os espetos são acompanhados por uma porção de arroz, feijão-carioca, farofa com pedaços de linguiça e bacon e uma deliciosa maionese caseira feita pela própria Lu

Se espetinho não for a sua praia, o restaurante também oferece pastéis e pizzas (médias e grandes) − feitas por Boy. Se não quiser comer no estabelecimento, o restaurante vende marmitex. Elas podem ser entregues em casa ou retiradas no local.

Sushi Jaraguá

Está à procura de um lugar para levar o(a) crush na Zona Noroeste de São Paulo? Vá ao Sushi Jaraguá. Está à procura de um lugar para sair com toda a família, inclusive com as crianças, com conforto e segurança para os pequenos e também para os adultos? Vá ao Sushi Jaraguá. Agora, se você só quer curtir o aniversário com os amigos e ouvir música ao vivo… vá ao Sushi Jaraguá. Mas se quiser apenas degustar comidas japonesa e chinesa deliciosas… bom, você já sabe aonde ir.

O Sushi Jaraguá é um restaurante e delivery inaugurado em 2018 que já atrai muitas famílias e amigos dessa região de São Paulo. O ambiente recebe, aos fins de semana, artistas que performam ao vivo. O estilo é variado: de MPB a sertanejo. Priscilla Fernandes Nunes, de 36 anos, uma das clientes que vai com a família e amigos, diz que a música deixa o ambiente animado. “Não é só um lugar para comer. É um lugar muito agradável, um lugar para confraternizar”, comenta.

O restaurante tem uma enorme variedade de pratos. Quem chega recebe para petiscar uma cortesia que mistura as culinárias japonesa e mexicana. Um nacho – biscoito feito de farinha de milho e água – com uma peça de salmão (cru ou grelhado), cream cheese, molho tarê e, para fechar, batata palha. Uma combinação inusitada, porém muito saborosa e ótima para abrir o apetite.

Um dos pratos mais pedidos é o Combinado Jaraguá, uma barca com cinco sashimis, dois niguiris, dois uramakis, dois sushis jhow, quatro hossomakis, dois hot rolls e um temaki de salmão (cru ou grelhado). Tudo muito fresco e acompanhado dos molhos tarê e shoyu.

Além do menu à la carte, o restaurante oferece rodízio de segunda a domingo. O rodízio é mais caro, então vale a pena levar a turma toda para poder aproveitar ao máximo. Com inúmeras opções de pratos, é para comer até dizer chega!

Oh! Glória Artesanal Burguers

Desde muito novo, Marcelo Vicente trabalhou em lanchonetes, restaurantes e hamburguerias famosas do Centro como a Hamburgueria Nacional e a Lanchonete da Cidade, mas sempre quis ter o próprio negócio.

Depois de trabalhar com diferentes tipos de comida, ele teve a ideia de vender hambúrgueres na sua casa. Um investimento de R$ 500 deu conta da chapa e dos utensílios necessários. Logo depois, um amigo lhe ofereceu um espaço, ele aceitou e, já no dia da inauguração, as vendas bombaram. Com mais grana, ele alugou um espaço melhor, caprichou na decoração e inaugurou o Oh! Glória Burguers. O nome é em homenagem a Deus e o logotipo tem a imagem de uma figueira (símbolo de prosperidade), já que Marcelo é evangélico.

Desde que abriu, o Oh! Glória tem chamado a atenção em Paraisópolis – ali a comida é de primeira. O hambúrguer é caseiro, os pães são artesanais (ele compra diretamente de fornecedores especiais) e a lanchonete faz a própria maionese. Ele conta que decidiu fazer os próprios hambúrgueres porque é um diferencial – o gosto é diferente daqueles que são comprados no mercado. Além disso, Marcelo prefere fazer tudo o mais natural possível: além de ser mais saudável, é uma novidade deliciosa.

Todos os lanches de 200 g são acompanhados de batata e o cardápio também conta com 15 complementos opcionais diferentes. O mais pedido é o Big Pig, que leva cheddar, cebola e bacon. Além dos hambúrgueres tradicionais, há também os lanches especiais como o hambúrguer de costela e a costela ribs. Para refrescar,  há sucos naturais, milk-shake, açaí na barca e outras opções. O local só não vende álcool.

O Oh! Glória fica no coração da quebrada, mas seus hambúrgueres vão muito além através do delivery. O sabor, portanto, pode chegar a muitos lugares, mas são produtos de Paraisópolis, mostrando que na periferia também tem comida (muito) boa.

AlibaBar

Em 2001, a novela O Clone, de Glória Perez, popularizou no Brasil a temática árabe. A história do amor impossível entre a muçulmana Jade e o brasileiro Lucas levou para o horário nobre as roupas, as músicas e o modo de vida típico do mundo árabe.

Descendente de libaneses, Bil Rajab resolveu pegar carona no sucesso da novela. Ele abriu em 2002 a primeira casa noturna com a temática árabe, a Aliba Bar. Deu certo: com foco no entretenimento com danças típicas, a casa se manteve por dez anos. Acabou fechando em 2012, por conta das mudanças provocadas pela Lei Seca.

Em março de 2016, o Aliba Bar voltou à ativa. Desta vez, no entanto, repaginado: transformou-se em um restaurante, também na zona Norte, que mantém a temática com paredes desenhadas, tecidos no teto, narguilés e cores vibrantes. Às sextas e aos sábados, ocorrem apresentações de dança de ventre.

Para comer, há opções bem brasileiras como bobó de camarão e também adaptações como a feijoada com carne de carneiro, mas o destaque mesmo são os pratos típicos. O cardápio foi elaborado pela mãe de Bil, libanesa também
encarregada de ensinar pessoalmente todas as receitas aos funcionários. Aos sábados, o cardápio é 100% árabe.

O shawarma (R$ 15), um sanduíche de carne envolta em um pão sírio, é enorme e pode ser dividido. Ele agrada até mesmo os paladares mais exigentes, com temperos árabes. No buffet há arroz com lentilha, charutos, kafta e outros pratos típicos. Cada 100g custa R$ 4,49. As esfihas saem por R$ 4,50 cada.

Ari do Caldo

A história do baiano Ariosvaldo Barbosa é a mesma de tantos migrantes nordestinos: ele veio para São Paulo em 1989 em busca de emprego e melhores condições de vida. Logo que chegou à cidade, conseguiu emprego em um restaurante na região central, o que o fez morar no bairro da Liberdade. Dois anos depois, foi trabalhar em um restaurante na região do Tremembé, na zona Norte.

E foi aí que ele conheceu a Vila Albertina, o bairro que fica entre duas grandes colinas que são a entrada para a serra da Cantareira. Ali o clima é serrano, mas as opções para tomar sopa eram escassas. Inspirado por um amigo, Ari aproveitou que já tinha trabalhado em um restaurante que tinha buffet de caldos e resolveu testar algumas receitas.

Comprou uma bolsa térmica pequena e, aos finais de semana, dias em que não trabalhava, começou a produzir em casa cerca de 30 potinhos com vários sabores de caldos. Saía vendendo pelas ruas do bairro. O sucesso foi tão grande que, depois de um tempo, ele largou o emprego e comprou um carrinho. As vendas subiram para 70 potinhos por dia, e, aos finais de semana, o triplo disso.

Com o tempo, Ari conseguiu alugar um pequeno espaço onde realizou o sonho de abrir um negócio próprio: surgia, em 2014, o Ari do Caldo. O espaço é modesto e suas poucas mesas ficam na calçada. O diferencial é o entorno: localizado em um ponto estratégico do começo da subida da serra, o lugar oferece uma linda vista.

São oito sabores de caldos, como mocotó, frango com legumes e caldo verde (R$ 8 cada). Em alguns dias da semana, há opções com peixe e camarão. Além das sopas, há pratos como estrogonofe, picadinho, panquecas e parmegiana. Aos sábados, feijoada. Os pratos variam entre R$ 15 e R$ 19. Como o espaço é limitado, a maior parte dos pedidos sai por delivery.

Responsável pela cozinha, Ari conta que procura usar apenas produtos frescos para seus pratos. Os ingredientes vêm da feira que ele faz semanalmente. E as opções do cardápio também se adequam ao público: Ari garante que qualquer mudança que o freguês peça, ele faz.

Ceará Porções

Ao sair do terminal João Dias, não é difícil encontrar a rua do Ceará Porções. Agora, achar o bar já são outros quinhentos. A rua é uma ladeira e a cada passo tem um bar (é sério!). Contei oito bares ao longo da subida e, ao olhar dentro de cada um, minha expectativa aumentava junto com os meus passos. Enquanto o pensamento já estava na comida que iria saborear, olhava o ambiente ao redor e o pessoal dentro dos outros bares. Mas e o Ceará? Pedi informações para moradores e eles: “logo ali…”, “a tenda azul…” e, no fim da rua, encontrei. Com garrafas de pinga de decoração, o cheirinho do tempero do Nordeste, música típica e o que a gente sempre vê em bares de bairro: pessoal na mesa tomando uma e jogando conversa fora.

De Orós para a cidade grande, José Ferreira Júnior, mais conhecido como Ceará, veio para São Paulo em 1993 em busca de uma vida melhor. A história dele é a mesma de outros 1,5 milhão de nordestinos que vieram para São Paulo na década de 1990. É um costume bem paulistano chamar a pessoa pelo nome de seu estado de origem. Mas Júnior, nosso Ceará, não deixa de mostrar sua singularidade.

Ele mora na mesma rua desde que chegou. E foi lá que abriu seu estabelecimento em 2012. Em sua cidade natal, trabalhava na terra e sonhava em vir para a capital paulistana para trabalhar com comida. Durante 20 anos, ele e a esposa Marineide, que aprendeu a cozinhar com a mãe desde pequena, trabalharam em diferentes restaurantes até abrirem o seu próprio negócio.

“Vou abrir pra fechar”, pensava Ceará, sem fé. Acreditava que não aguentaria nem seis meses no local. Começaram com uma loja de salgados.

Hoje, depois de alguns anos, oferecem um amplo cardápio de comida nordestina com direito a galinha caipira, carne seca com mandioca e baião de dois todos os dias, além de mais de 30 opções de porção. O bar é tão conhecido na região que, mesmo sem fazer entregas, os clientes encomendam e fazem questão de buscar seus famosos pratos. Seu carro-chefe é o peixe: a tilápia frita e empanada servida com baião de dois. “Se faltar peixe eu nem posso abrir”, brinca Ceará. O tempero de Marineide é famoso, mesmo sem muito segredo: cebola, alho, coentro e cheiro-verde.

O casal faz o máximo para todos saírem dali satisfeitos. Não só em relação à comida, mas também aos serviços. “Fiz o bar que gostaria que fosse copiado”, relembra Ceará. Ele montou um lugar aconchegante onde não fez só clientes fiéis, mas também amigos. Quando fecha seu bar, vai em outro na mesma rua para beber com eles. Os clientes são reunidos em um grupo no WhatsApp, onde recebem cardápio, preço e horário de funcionamento
para ninguém ficar desapontado. “Agente tá aí, na luta”, define Ceará.

Comida di Rei

Da janela da cozinha, que dá para o salão do restaurante, o cozinheiro Rodrigo Silva observa a primeira garfada que os clientes dão em sua feijoada. Ele gosta de ver a reação das pessoas ao provar a especialidade da casa. Quando
não observa pela janelinha, faz questão de ir às mesas para saber a opinião de quem comeu. O cuidado de Rodrigo com a satisfação dos clientes começa na escolha dos ingredientes. São sempre frescos – e nenhum tempero é industrializado. Alho, salsinha, coentro, três dias para marinar as carnes da feijoada, cebola flambada na cachaça e vinho para refogar. “Eu não cozinho por obrigação, o meu segredo é fazer tudo com amor!”, fala Rodrigo orgulhoso e com sorriso no rosto.

Rodrigo é irmão de Reinilson Silva, o Rei, que dá nome ao restaurante dos dois irmãos apaixonados por comida. Até se casar, Reinilson não sabia cozinhar. E quando morava na casa da mãe, recebia a comida já no prato. Começou a cozinhar para desestressar. Foi pegando gosto e construiu uma cozinha só para si na parte de trás da sua casa. Com bastante alho e cebola, o negócio começou em 2014, com a venda de marmitas. “Como conheço muita gente e sempre
quis trabalhar com pessoas, comecei logo a cozinhar para os outros e pensei: vou tirar proveito disso”, lembra sorrindo. As marmitas que fazia depois do trabalho de bancário eram entregues, aos finais de semana, no Horto do Ypê, um conjunto de condomínios no Campo Limpo. Depois de dois anos no negócio de delivery, o Rei fez uma proposta para alugar uma lanchonete ali perto do Horto, onde também mora. Conseguiu o ponto, fez uma baita reforma (de maio a setembro), conversou com o irmão e decidiram abrir o próprio negócio.

Hoje, o Comida Di Rei serve cerca de 60 refeições por dia. E são 190 marmitas por semana sendo 150 só de feijoada aos sábados. Elas seguem personalizadas com o nome de quem vai comer escrito na tampa. Rodrigo se dedica à cozinha durante a semana e, aos sábados e domingos, é a vez de Reinilson fazer o que tanto ama.

O cardápio é como o de qualquer restaurante paulistano, com feijoada às quartas e sábados. Mas a dedicação da dupla é o diferencial. “Criei aqui um lugarzinho aconchegante como se fosse a Vila Madalena. Mas quero mesmo é ter um Comida di Rei em toda a periferia da cidade”, afirma orgulhoso.

Sonego Bistrô / C-Burguer

A paixão de Matheus pela cozinha começou aos 12 anos. Quando fez seu primeiro pão, ficou maravilhado com a alquimia que existe entre a farinha de trigo e a água, que separados nunca poderiam levar sustento para ninguém, mas juntos, podem salvar e nutrir.

Como praticamente toda criança, Matheus Gregorius cresceu devorando besteiras açucaradas e recusando verduras. Mas, aos 17 anos, durante as ocupações das escolas públicas – quando assumiu a cozinha da E.E. José Lins do Rego, no Jardim das Flores, zona Sul, onde estudava –, percebeu o poder que a comida tinha de unir as pessoas em torno de uma causa. “Desde a arrecadação dos alimentos, grande parte deles orgânicos, até a hora do preparo, todos botavam a mão na massa para alimentar os estudantes que protestavam contra o roubo nas merendas”, conta.

Matheus já acompanhava a luta do chef inglês Jamie Oliver para melhorar as merendas das escolas públicas de seu país quando percebeu a precarização da comida na sua própria escola. “Sempre que podia, eu evitava comer, porque eu tinha condição de ter uma janta em casa. Mas ficava imaginando as pessoas que dependiam do suco de caixinha – que é um néctar com água, açúcar e um toque de casca de laranja – e de uns biscoitinhos”, afirma.

Da ocupação, o jovem se engajou na construção do que hoje é a C-Burguer, uma hamburgueria artesanal que tem como missão substituir a química dos lanches fast-food – que são sucesso entre seus amigos – por ingredientes frescos e temperos saudáveis. A lanchonete foi aposta do pai, Damião, que investiu suas economias e hoje é quem atende os clientes do filho.

“O segredo do hambúrguer é misturar os cortes de acém, patinho, fraldinha e músculo, que garantem um sabor único”, afirma Matheus. Os lanches ganham destaque com os molhos caseiros, feitos com maionese, como o molho verde – temperado com ceboulette, tomilho, salsa, cebolinha fresca, picles e limão. Já o molho de pimenta é preparado com pimenta jalapeño, pimenta do reino, páprica defumada e pimenta chipotle.

Os pães eram artesanais. Matheus fez um curso de panificação na Fundação Julita, onde teve seu primeiro contato com uma cozinha industrial, aos 15 anos. Mas com a demanda crescente, a produção não deu conta. “Estamos nos organizando pra voltar a fazê-los”, garante. A qualidade, no entanto, é mantida. “Compramos ingredientes cinco vezes por semana pra ter tudo fresco. Comer é o ato de prazer mais rotineiro que temos. Acredito que seja possível mudar nossa relação como sociedade a partir de como a gente se relaciona com aquilo que come”, diz Matheus, certeiro.

Atualização em junho/2020: Matheus passou a cozinhar no Sonego Bistrô, na mesma região. As informações de endereço, valores e contato foram atualizadas 🙂

“Sônego Bitrô é um (bar-restaurante) negócio de impacto social da ONG ORPAS – Obras Recreativas, Profissionais, Artísticas e Sociais que ajuda a melhorar a vida de muita gente no Brasil. O cardápio é criado por jovens capacitados pela Gastronomia Periférica, escola de alta gastronomia na região, e a cozinha tem pratos conceituais e cervejas artesanais feitas até com PANCs (plantas alimentícias não convencionais). Na comunidade, tem engajamento e articulação com diferentes projetos sociais.”

Vita Alimentos

TV ligada no canal 13. A cozinha maravilhosa da Ofélia era o programa de lei em todas as manhãs de Vita dos Santos, aos 10 anos de idade. Sua mãe, que era cozinheira e também confeiteira, saía para trabalhar e a deixava responsável por cuidar dos quatro irmãos mais novos e também de cozinhar para eles. Depois de assistir ao programa, imitava tudo enquanto fazia o almoço. “Agora você vai colocar o alho, depois a cebola, refogue em fogo baixo… Me divertia!”,
relembra.

Aos 13 anos, começou a trabalhar em casas de família e só parou em 2013, quando resolveu abrir seu próprio negócio: um carrinho de hot dog que não deu certo. Mas Vita não desistiu, voltou para o fogão e investiu em marmitex. Cozinhava na sua cozinha e depois vendia aos vizinhos. O sábado era o mais esperado pela clientela porque era dia de feijoada.

Só que as pessoas não queriam mais pegar a marmita no portão e simplesmente ir embora. Elas queriam ficar ali, conversar com Vita e outros clientes. Aos sábados, Vita começou então a servir sua feijoada na cozinha. Convidava o pessoal para entrar e pronto, e a tarde era de imensa alegria.

“Depois de um desses sábados, decidi conversar com meu marido. Disse que precisávamos reformar a garagem e transformá-la num salão. E fizemos”, conta. De pouco em pouco, ela foi comprando mesas e cadeiras. Juntando os utensílios que já existiam em sua casa, a garagem se transformou em um restaurante que serve comida bem caseira de segunda a sábado.

Bife à parmegiana, costela com mandioca, refogado de verduras e legumes – como opção vegetariana –, Vita faz o prato ao gosto do cliente, a maior parte deles de longa data. A milanesa, por exemplo, tem massa bem sequinha e crocante e é acompanhada por um arroz soltinho e feijão com caldo de casa de vó. “Não abuso do sal, pois sei que há clientes que têm hipertensão, nem da pimenta porque outros têm problemas estomacais”, diz. “Você cria o prato, transforma o alimento e depois satisfaz as pessoas, trazendo união, felicidade. Isso me renova. Não é só comer que é um dos prazeres da vida, cozinhar também é”, sorri Vita.

Chubiba Bar

Quem passa pela avenida Hebe Camargo, principal via de Paraisópolis, logo repara nas pessoas circulando em suas calçadas, que fazem da avenida um verdadeiro local de lazer e ponto de encontro. Um dos principais points da região para saborear deliciosas refeições é o Chubiba Bar, bar e cozinha que tem trazido o sabor nordestino à comunidade. Luiz Pereira, 45 anos, e Evandro Bezerra, 38, são sócios desde 2016. Juntos, decidiram abrir um bar e servir comida nordestina.

Luiz é cearense, trabalhava como porteiro, mas como sempre gostou de cozinhar, assumiu a parte de fazer os pratos que seus clientes adoram. Evandro, pernambucano, passou a vida toda trabalhando de garçom, outras vezes de ajudante cozinha; como não poderia deixar de ser, ele é o responsável por atender e servir os clientes. Uma das refeições mais pedidas é a tilápia frita inteira, acompanhada de salada e baião de dois, que custa apenas R$ 30. Também há sarapatel por R$ 15 além de outras opções como a galinha caipira temperada com sabor baiano, marinada no vinho. Seu principal segredo é deixar a galinha descansando nos temperos de um dia para o outro ainda congelada e, para ficar mais saborosa e com o sabor da roça, é servida acompanhada de pirão.

Atualmente, Luiz também trabalha como jardineiro na parte da manhã, pois o atendimento no Chubiba Bar só começa, de segunda a sexta, às 17h e, nos finais de semana, com a rotina mais  pesada, inicia às 10h. As entregas são feitas somente aos sábados e domingos, no bairro de Paraisópolis e arredores.

Ele conta que, em um dia, vende em média 60 peixes e que, de vez em quando, surgem surpresas, como uma família com cerca de 30 pessoas que, após um batizado, foi comemorar lá por saber da comida deliciosa. Sem aviso prévio, ele teve que se virar para atender as 30 pessoas e mais as entregas que não paravam. O local da alimentação é ao ar livre, com mesas e cadeiras em frente ao estabelecimento. A cozinha é aberta para que todos os clientes vejam como a comida é preparada. O perfil dos fregueses é, em sua maioria, de famílias que se reúnem a fim de comer uma boa refeição. Amigos também se encontram depois do trampo para beber uma breja, jogar papo fora e, claro, aproveitar as refeições e porções generosas.

Luiz e Evandro gostam do que fazem. E fazem com o aprendizado que ganharam na época em que viveram no Ceará e em Pernambuco, estados que têm em comum o sabor da típica comida nordestina.

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