Maia Salgadinhos

Quem entra, num dia da semana qualquer, normalmente no horário de saída das escolas da região, entre 12:20h e 13:00h, na primeira quadra do Maia, Vila Iolanda II, vê uma aglomeração de jovens e adultos, em uma rua estreita e pouco movimentada. Se a pessoa segue se aproximando, consegue ouvir os gritos famintos de: “Ô, moçaaaaaa!”, jeito como a galera costuma chamar a Ana Paula, dona do estabelecimento. Com suas senhas na mão, todo aquele povo aguarda ansiosamente o momento em que a “moça” irá trazer seus salgados e churros quentinhos e recém-fritos.

A primeira quadra do Maia, antes era conhecido por um antigo e já fechado estabelecimento, a Tia Carmem da Fogaça, e hoje carrega o peso de ter outro cantinho popular entre os moradores: O Maia Salgadinhos. “Agora vem gente de escola, professora, diretora, vem gente até de Suzano, de Mogi, só pra comprar aqui. Você tem noção disso?”, se espanta Ana Paula sobre a fama de seu PRÓPRIO estabelecimento. A Dona Ana Paula, de 55 anos, teve que deixar seu apartamento e ir para a 1ª quadra do Maia vender seus famosos mini-salgados, há 3 anos. “Ficou pequeno pra tanta demanda!”, conta.

A fama de seus quitutes começou quando o seu filho, Rai Eduardo, na época com 9 anos, saiu de casa com um saquinho de salgados, que seriam servidos na festa de aniversário dele, que não aconteceu por dificuldade financeiras. Ele dividiu os salgados com os amigos e eles ficaram maravilhados com a qualidade e pediram para a Ana Paula começar a vender. Quando esgotaram todos os salgados que eles tinham na geladeira, Ana Paula começou a fazer mais, tudo manualmente, e sem ter noção do sucesso e do impacto que aquele simples ato teria em sua vida. Hoje a cozinheira mora em um casa alugada e o Maia Salgadinhos ocupa o primeiro andar inteiro da casa. Lá, ela possui 5 máquinas que empanam os alimentos, fazem a massa e modelam até 2 mil salgadinhos por hora. Ela trabalha com duas funcionárias fixas: sua neta e sua filha.

Os mais vendidos são as coxinhas, que custam R$1,00 a quinzena, e os churros, com os sabores de doce de leite, chocolate e goiabada, que são vendidos por R$2,00 a quinzena. “Não é qualquer pessoa que é capacitada para isso,
não, porque muita gente fala assim: eu vou comprar uma máquina dessa e vender também’. Mas se for assim achando que já ganhou, vai quebrar a cara. Você tem que ter perseverança, pique e acreditar. Tem que ter aquilo no sangue”, diz Ana Paula. Ela até deixa dicas para quem quer começar nesse ramo: “Muita gente faz salgados, né? Você tem que ter o diferencial, ir atrás de novos sabores e estar sempre aberta para mudar”.

Publicado em janeiro/2017. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

JLV Doces e Salgados

Pertão do Terminal de Ônibus do Campo Limpo, bem próximo do Projeto Arrastão e de frente para a Praça do Campo Limpo, é onde você pode comer ou encomendar os salgados mais saborosos de todos esse multiverso. Mais precisamente na Rua Joviano Pacheco de Aguirre, 235, a JLV Doces e Salgados se reinventa há 14 anos. Hoje, mesmo ali no meio de tanta informação e corre-corre, a pequena lanchonete sem muito destaque na rua surpreende pelo número de clientes.

Frequentada por pessoas das mais diversas, a JLV é um dos patrimônios históricos da quebrada. O ambiente pequeno da lanchonete já acolheu gerações e gerações de moradores da região. Exatamente por isso, crianças, adolescentes, adultos e idosos se relacionam ali, sempre com um sorriso no rosto.

O casal Valdemir e Luci, fundadores do lugar, trabalhou durante muitos anos em um buffet em Moema – buffet este que distribuía salgados para praticamente toda a grande São Paulo. Aprenderam as receitas da massa, dos temperos e principalmente como não ser generosos nos recheios, traço tipico dos pratos NÃO firmeza. Em pouco tempo a ideia de empreender foi tirada da gaveta e colocaram a mão na massa, lembrando da generosidade que faltava no antigo trampo. Na troca de ideia com a clientela e com o seu Valdemir, descobrimos que a história dos salgados, foi consolidada unanimemente pela mistura da massa leve e crocante, com a grande quantidade de recheio, forte e suculento. Todos custam a incrível e talvez mais atraente fortuna de R$3.

A especialidade da casa e o que de fato sai mais é a esfirra de carne. A esfirra é feita uma a uma, de maneira totalmente artesanal, e é extremamente importante que ao assar, a massa esteja sempre fofinha por dentro e crocante por fora. O melhor do recheio é que o tomate é colocado em excesso. Mas excessivamente com perfeição, porque dá um aspecto de frescor naquele montão de recheio, que faz da mistura, uma leveza divina. O salgado é tão bom, que botar ketchup ali seria heresia.

Na variedade do cardápio, além dos salgados você encontra bolo de brigadeiro, bolo trufado, torta de maracujá, bomba de chocolate, suco de goiaba, e outros iguarias. O produto mais barato são os sucos naturais, que custam R$ 2 cada garrafa de 200ml, e o produto mais caro é o quilo do bolo trufado, que custa R$47. Agora, imagina… Se o produto mais caro custa R$ 4,70/100g, o quanto você não pode comer com vintão? Se você quer ganhar uns quilinhos, de sorrisos e de histórias, sem dúvida alguma a lanchonete JLV vai te proporcionar as melhores.

Publicado em janeiro/2017. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

A Coxinharia

Enquanto eu pensava no meu pedido, as atendentes da Coxinharia começaram a cochichar sobre a minha presença, suspeitando que eu fosse uma dessas pessoas contratadas para avaliar o atendimento e responder questões predefinidas pelo proprietário de restaurantes – provavelmente, pelo caderninho de anotações e pela grande quantidade de perguntas que fiz para confirmar as informações do estabelecimento. Peço por recomendações, elas me sugerem um “cone misto”, que eu aceitei e esperei ficar pronto. Quando o recebi, lhes entreguei a paçoca: Não, não é cliente oculto não. Eu sou jornalista, vim pegar umas informações e tal.

Os olhos das duas cresceram e elas começaram a me entrevistar: queriam saber de onde eu era, pra quem eu trabalhava, se eu fazia faculdade, onde… Senti que o jogo tinha virado e questionei por que aquele interesse
tão grande: “A gente quer aparecer, ué!”, “Nunca saiu a gente no jornal”, “Só a loja de Pinheiros aparece, faz a matéria aqui com a gente!”

Enquanto conversávamos, o rango chegou. O que Maiara e Lara me entregam é um cone que vem com doze pequenas coxinhas de sabores variados. Experimentei a coxinha de frango, a de pizza, a de queijo, a de calabresa, a de carne e o quibe. Outros sabores estão disponíveis, como carne louca e milho, mas naquela terça-feira, bem perto do final do expediente, esses dois sabores já estavam esgotados.

As meninas me contaram que, por se localizar na avenida central do bairro Tucuruvi, a maioria dos clientes são estudantes das escolas dos arredores, afinal, o preço é firmeza e a quantidade de coxinhas é grande – além do ambiente, meio retrô, ser aconchegante para se recostar no balcão e trocar uma ideia sobre os tititis da vida escolar. Se você curtir uma opção doce, os mini-churros de doce de leite são muito saborosos, e, cobertos de açúcar, lembram aqueles bolinhos de chuva da vovó que eram fritos na hora, no final de tarde. Os mini-churros saem também pelo mesmo preço das coxinhas: R$ 4 por 12 unidades, R$ 8 por 30. A Coxinharia é um fast-food da quebrada, suas iguarias saborosas e quentinhas rapidamente estarão em suas mãos para seu deleite – ali ou no rolê. Um sucesso entre os jovens da região e com fartas porções para todas as idades, a rede Coxinharia cresce bastante. Sua primeira filial foi inaugurada, também, bem próxima do metrô Tucuruvi, na Rua dos Ferroviários. Como o negócio anda acelerado, Márcio, criador da ideia, já está expandido o negócio da quebrada para Pinheiros, região mais central da capital.

Quando eu deixei a loja e segui o caminho de casa, não só levei comigo a barriga cheia e o sabor das coxinhas na memória, mas também o sorriso que a Maiara e a Lara me deram por, finalmente, aparecerem em uma reportagem.

Publicado em janeiro/2017. Estamos trabalhando para atualizar as informações do local 🙂

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