Bar do Almir

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

Se você for até a Vila São José, em Diadema, atrás de um lugar para comer e se divertir, todos os moradores saberão te indicar a localização do Bar do Almir, o maior ponto de encontro da região.

Paralela à avenida Fagundes de Oliveira fica a rua dos Jasmins, e é ali onde você encontra Almir, o baiano que prepara o melhor churrasquinho que você respeita. Devido às dificuldades em arrumar trampo onde morava, Almir foi pra São Paulo tentar se estabelecer financeiramente. Foi morar em Diadema, onde virou metalúrgico. Porém, sabe aquela vontade de largar tudo para fazer o que gosta? Almir fez isso e abandonou sua profissão para preparar o espetinho que conquistou o bairro todo. Do trailer ao boteco, do boteco ao bar – ascensão conquistada graças aos 25 anos no ramo do churrasco.

O local vende uma ampla variedade de espetinhos, como os de carne, frango, queijo, kafta e calabresa, além de muitos rótulos de cervejas e cachaças. Com as próprias mãos, Almir e sua mulher preparam tudo: o corte da carne, o tempero, o molho verde que serve de acompanhamento, o vinagrete e o pãozinho.

E já na primeira mordida, a carne suculenta e bem tostada, misturada ao molho verde, quase vicia instantaneamente. Se preferir, o espetinho de queijo crocante por fora e derretendo por dentro faz seu paladar explodir de sabor. Há também a opção do espetinho de frango dourado e crocante, que dá aquela sensação gostosa de “almoço de domingo”.

Mas, se ainda não ficou claro o diferencial do churrasco do Almir, ele mesmo responde com muita modéstia: “Não tem muita diferença de qualquer outro espetinho. Às vezes um temperinho a mais, um lugar legal e muita conversa boa”.

Temperinho a mais significa uma carne bem maturada, imersa em água e vinagre com salsa, alho e sal e o ingrediente secreto do chefe, que o chama de realçador. Os espetinhos ganham o título de “os melhores de São Paulo” pelo Seu Geraldo, que ignora a distância e atravessa duas cidades só para saboreá-los.

Atualmente, o Bar do Almir vende cerca de 500 espetinhos por semana, e tem também shows ao vivo e encontros de futebol. O objetivo continua sendo o mesmo que o do início: “Reunir os amigos, aproximar as pessoas para comer um bom churrasco e se divertir”, diz.

Para curtir um bom pagode ou ver o jogo do Corinthians, o Bar do Almir é, com certeza, a melhor escolha. Pôr o papo em dia, ouvir uma boa música ao vivo e comer essa delícia de churrasco nutre qualquer corpo de bons sentimentos. E com certeza fará seu estômago sorrir.

Rock It

O município de Itapevi (na Grande São Paulo) tem vários bares, mas desde 2015 o Rock It supera em originalidade muitos bares de lá e tantos outros da capital paulista.

Quem entra no bar itapeviense se depara com discos de vinil nas paredes, sofás e chão xadrez, lustre de fitas cassete, mesas de sinuca e pôsteres de Elvis e de pin-ups. Parece um bar de rockabilly ou rock clássico. Mas não é só isso.

Francine Motta, a proprietária, afirma que, desde o começo, a ideia era abrigar todas as tribos, algo que ela mesma buscava. “Se quiséssemos fugir da rotina, as opções eram ir pra Barueri ou para o centro de São Paulo. E é um saco ter que ir pra longe para se divertir.”

Quem reclama de mesmice não tem problemas no Rock It. Cansou de rock? A próxima noite é de reggae. Tá a fim de dançar? Tem a de pop.

Não está no clima para ouvir música? Tem sinuca e fliperama. Quer só conversar e comer com a galera? O Rock It também serve pra isso – e muito bem.

A comida é tão caprichada quanto a sua decoração e programação musical: tem porções, pastéis e lanches, quase todos com opções veganas. Até a comida é ideológica, como tudo no bar que tem Primeiramente, Fora Temer em descrição de evento no Facebook e festas girl power só com mulheres discotecando. “Como muita gente se torna vegetariano ou vegano por questões ideológicas – em defesa dos animais ou da natureza –, a gente optou por oferecer a opção de substituir a carne em qualquer item do nosso cardápio”, explica Francine. Dá para pedir pastel, quibe, coxinha e qualquer um dos lanches de hambúrguer artesanal na versão soja – o preço é o mesmo.

Quem fica na cozinha é a mãe de Francine. No começo, Dona Edna achou estranha a ideia de largar o emprego para abrir um bar, conta a filha. Hoje conhece toda a galera que cola lá eprepara os lanches nas noites de festa ou em eventos, como os Flash Days de tatuagem, saraus, bazares e encontros de carros antigos.

E, se ainda não estiver convencido de que vale a pena atravessar São Paulo pra curtir o Rock It, Flávia Teodoro, moradora da Brasilândia, diz que faz mais sentido fazer uma viagem de 26 km até lá do que uma de 8 km até a Vila Madalena. “Tô de saco cheio de bar blasé.”

O bar, criado para evitar ter que ir para o Centro se divertir, está trazendo gente de toda São Paulo para Itapevi.

Samambaia Bar & Lanches

Quem caminha à noite pelo Tatuapé já deve ter notado a quantidade de barzinhos na região, que mais parecem cópias dos da Vila Madalena e do centro expandido. Esses bares atendem ao público jovem da região, que sofreu um boom imobiliário e tem atraído cada vez mais pessoas de outros lugares.

Aparentemente despretensioso, o Samambaia Bar & Lanches é a união do saudosismo bairrista com as paixões de Carol e Tiago, ambos criados no Tatuapé. A dupla decidiu abrir um negócio após terminar a faculdade de ciências sociais. Tiago queria ver no bairro o antigo movimento, com pessoas que se conhecem e estabelecimentos que fortalecem a cultura local.

O som ambiente é gerado por uma vitrola, alimentada pelos mais de 300 discos que eles têm na casa. “Aqui não tem reprodução automática. Nós temos que parar o que estamos fazendo e ir trocar. E isso acaba nos trazendo de volta pra realidade”, falou Carol. “Para nós, os algoritmos não servem para nada. Preferimos o fator humano”. Sempre que possível o bar promove “atividades extracurriculares”, como flash tattoos e projeções de filmes independentes.

A casa tem um cuidado especial com as bebidas, privilegiando a variedade e os pequenos produtores. Há muitas opções de cachaças, separadas por regiões do Brasil. Se preferir algo gelado, aposte nos chopes. Sempre com pelo menos duas opções, as bebidas são trocadas semanalmente, oferecendo maior variedade e marcas menos conhecidas. Tiago pode dar uma aula sobre cervejas, basta solicitar. Toda segunda-feira tem chope em dobro.

Para comer, o carro-chefe é um clássico de boteco: moela. Comprada da avícola mais antiga do bairro, é cozida na cerveja preta, temperada com especiarias e servida em uma cumbuquinha com salsinha (colhida da horta do próprio bar) e uma cesta de pães. “A ideia é servir um prato que é muito conhecido entre os mais velhos, mas com uma cara nova para a geração atual”, conta Rafael, mestre-cuca do bar e amigo de longa data dos donos. A porção pode ser dividida entre duas pessoas numa boa. A ideia do cardápio é combinar elementos da culinária contemporânea aos gostos dos donos e à proposta do ambiente. Entre as opções estão desde ovos coloridos a pratos mais sofisticados.

Um dos resultados dessa mistura – e o preferido de Carol, vegetariana –, é o lanche vegano de legumes marinados no pão ciabatta. O pão, feito com farinha orgânica e com fermentação natural, produzido e entregue no bar por uma amiga da Carol, é recheado com abobrinha e berinjela seladas na chapa, acompanhadas de rúcula e tomate confit. É de lamber os dedos literalmente: você vai lamber o tempero que ficar em seus dedos e rezar para o sabor não ir embora jamais.

Bar do Ari e Miriam

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

Desde criança, o alviverde imponente sempre foi minha paixão – e isso não largo de jeito nenhum. Num certo domingo, como torcedor assíduo, decidi ver o jogo fora de casa. Palmeiras e Fluminense, quatro horas da tarde. O local escolhido foi o famoso Bar do Ari e Miriam, um curioso lugar no bairro do Tremembé, Zona Norte de São Paulo.

Antes de tudo, preciso contar o que é o estabelecimento: fundado há 10 anos pelos sócios que dão nome ao boteco, é um ponto de encontro de toda a galera da região da Av. Cel. Sezefredo Fagundes e da Av. Mário Pernambuco. Bem, a pergunta que não quer calar é por que diabos ele se diferencia de qualquer outro “Bar & Lanches” da região? Então, o Ari é palmeirense. A Miriam, corintiana. São casados há 24 anos. Quando precisaram – e quiseram – abrir um negócio próprio, observaram a rivalidade e resolveram abrir um estabelecimento que unisse a Barra Funda com Itaquera. Surgiu assim o único bar de São Paulo que junta alvinegros e alviverdes.

Quando me sentei na mesa do boteco, o Ari Filho logo se apresentou e perguntou o que eu queria. Com uma camisa da Mancha Verde, já pudemos ver que o membro mais novo da família puxou o pai. Pedi um litrão e uma recomendação de rango. A porpeta foi a escolha. Alguns minutos depois, bola rolando! O Felipe, que é o garçom oficial do bar e são-paulino, me traz uma gelada e avisa que o belisco já está chegando.

Quando a porpeta aterrissou na minha mesa, reparei que as mesas eram divididas entre fotos da Gaviões da Fiel e da Mancha Alviverde. Os adornos e penduricalhos em todo o bar eram de ambos os clubes e os uniformes de cada um dos donos era bordado com seu time do coração. O salgado veio num pratinho acompanhado de um vinagrete, com uma deliciosa cebola roxa. Fatiadinho em quatro pedaços, pra dividir com os amigos, a receita da Rosa, pilota da cozinha do bar, tem uma casquinha crocante e de-li-ci-osa, além da carne no meio estar bem rosadinha, estilo “no ponto”, do jeito que eu curto. Se você der uma temperadinha no miolinho da porpeta com o molhinho, vai ficar difícil prestar atenção no jogo.

Enquanto todos estavam de olhos grudados no jogo, comecei a observar as pessoas que ficavam de olhos grudados na TV: crianças, mulheres, adolescentes, velhos: todo tipo de gente estava ali. Gente com camisa do Corinthians, do Santos, do Palmeiras, é claro, e do São Paulo. As mesas iam até a calçada do outro lado da rua e vários pais estavam brincando com seus filhos na rua em que raramente carros passavam – e, se passavam, paravam no bar para ver o jogo ou comer alguma coisa. Uma boa parte da galera mandava pra dentro a porção de frango à passarinho que sai aproximadamente 9 mangos por pessoa e serve até 5 fanáticos por futebol.

Esse clima de convivência e de paz entre as torcidas é na verdade um reflexo de grande parte das famílias paulistas, divididas em tricolores, alviverdes e alvinegros que se amam muito além das rivalidades. E é por isso que o Bar do Ari e Miriam acaba por unir as famílias e se torna esse ambiente tão gostoso para os moradores da Zona Norte.

 

Casa da Árvore – Bar e Cultura

Atualização em junho/2020: Este lugar está fechado temporariamente devido à pandemia de COVID-19.

“Casa humilde de maderite/Mansão e os grafite/Tudo misturado/ Isso é Piritubacity!”. Essa música do Pollo, que estourou em 2011, era a única referência que eu tinha a respeito do bairro, localizado entre a zona Norte e a zona Oeste, antes do jornalismo me fazer atravessar a cidade e pegar pela primeira vez a Linha 7 – Rubi da CPTM para conhecer a Casa da Árvore, em Pirituba.

A primeira impressão do jornalista que vinha de longe era de que estava chegando na casa de um amigo. O climão leve e descontraído era ditado pela trilha que ia de Emicida a Planet Hemp e pela decoração viva e urbana, a começar pelo grande muro grafitado, com suas formas e cores saltando aos olhos e às lentes da minha câmera. Não podia esquecer que ainda era o jornalista e fotógrafo que vinha de longe para fazer um trabalho naquele lugar. E que lugar grande! Ao contrário de uma casa de árvore, espaço era o que não faltava ali.

Os três ambientes confortáveis já viram dias mais decrépitos. Quando Marcelo Mota, dono do pico, abriu o negócio em outubro de 2015, o lugar estava abandonado e esquecido. Com a ajuda de amigos, ele transformou a Casa da Árvore em um espaço onde poderiam ter uma comida boa e um ambiente cultural para confraternizar perto de casa. Deu tão certo que muita gente das redondezas e de fora passou a frequentar a casa, que ainda contará com duas pistas de skate gratuitas e um estúdio de música, que estão em construção. Enquanto o estúdio não fica pronto, o palco da área externa segura bem a parte musical, que recebe artistas de quebradas dos mais diversos estilos, todos os dias, valorizando ainda mais a cultura periférica.

Indo para o cardápio; o jornalista, fotógrafo e especialista em gastronomia que vinha de longe precisava provar e avaliar tecnicamente algumas das receitas principais da casa. Dentre lanches, porções e pratos propriamente ditos, fui na clássica combinação hambúrguer e Coca-Cola. Os hambúrgueres de 110g e 220g não trazem toda aquela firula gourmet das hamburguerias artesanais, apesar de serem preparados lá mesmo. Ainda bem, pois isso não combinaria com o clima. O que chega à mesa é um hambúrguer no ponto, macio, muito bem temperado e suculento, com acompanhamentos que cumprem o seu papel, complementando perfeitamente o sabor. Roots, extremamente honesto e apetitoso, é daqueles lanches que dá vontade de cair de boca sem garfo, faca ou cerimônia, como fazemos entre amigos.

O jornalista, fotógrafo e especialista em gastronomia que vinha de longe saiu de lá se sentindo apenas Guilherme e não vê a hora de levar os amigos para atravessarem a cidade e se sentirem em casa também.

Paraíso da Cachaça

Encontrar o Paraíso da Cachaça não é uma missão muito difícil. Ao caminhar pela Avenida Direitos Humanos, na região do Lauzane Paulista, você pode ver, à distância, mesas na calçada, gente tatuada, maços de cigarro nas mesas, cerveja, jovens e velhos barbados. Conforme vai rolando uma aproximação, não terá certeza se realmente está na Zona Norte de São Paulo ou em plena Califórnia, num bar de motoqueiros dos anos 60. A trilha sonora é composta pelo rock ‘n’ roll e o burburinho de seus frequentadores na calçada da rua.

Como as poucas mesas dentro do bar estão sempre cheias, você terá de sentar lá fora: a música não é alta, dá pra conversar em bom tom, sem precisar gritar, exceto quando você for chamar o garçom: o único cara que fica atendendo a galera é muito gente fina, mas precisa cuidar de muitas mesas, portanto, pra chamar o mestre, você vai ter que elevar a voz.

O mestre Bola irá lhe dar algumas recomendações de cervejas: realmente, a carta da casa é bastante variada, com brejas nacionais, holandesas, inglesas, alemãs… Você pode encontrar Lagers, Weisses, IPAs e Pilsens geladas e muito saborosas. Comparativamente, os preços são mais justos do que os encontrados em qualquer bar descolado no centro da capital.

Para forrar o estômago, o bolinho de carne é uma delicia. Além de combinar muito com as brejas, vem sempre quentinho. A carne é temperada com cheiro verde, sal, cebola e pimenta do reino. A massa é bem macia e a casquinha bem crocante… O preço fica em 4 mangos. E, segundo o Carlão, dono do bar, a receita é de sua vó, que só entregou o passo a passo para ele. Não adianta insistir, você não vai conseguir a receita.

Se você não estiver a fim de beber uma breja e prefere um drink, a especialidade da casa é a gengibrina. Feita com cachaça artesanal e raspas de gengibre (o resto da receita é segredo de estado!), ela é servida trincando de gelada e esquenta a alma de qualquer um que prová-la. Para experimentar a deliciosa bebida, você paga apenas 6 dinheiros em um copo americano de 300ml e 3 reais num “shot”.

Pra combinar com a bebida de raiz, a dica é que você peça uma porção de bolinho de carne seca, desenvolvido por Carlão, em busca de uma variedade maior para os salgados do seu estabelecimento. “Curtimos inovar”, resume minimalista.

“Venho aqui pra experimentar as cachaças, tem (envelhecida no) carvalho, (na) umburana… Cada coisa”, diz Daniel, frequentador assíduo do estabelecimento e dono de um lava-rápido da região. Sem barba, jaqueta de couro ou óculos aviador, ele conta: “Fui no Rock in Rio 1991, eu curto rock, Guns, Metallica, tá ligado?”. Conhecer o Carlão, o Bola e pessoas novas faz parte do rolê. E não se pode ir lá somente para os drinks deliciosos ou pros rangos diferenciados, mas também pela experiência rústica de colar na casa mais pauleira da Zona Norte.

O Mocofava

O senhor Gercino de Almeida saiu de Mulungu, cidade de Pernambuco que fica a 280 quilômetros de Recife, e veio para São Paulo com seu irmãos, José Oliveira de Almeida e Gilvan de Almeida. Eles fundaram uma das primeiras casas do norte de São Paulo, localizada na Vila Aurora, Zona Norte de São Paulo.

Em 1974, seu irmão “Zé de Almeida” fundou seu próprio bar na Vila Medeiros, que resultaria no hoje premiado e famoso Mocotó. Em 1976, o Sr. Gercino fundou o seu bar na região do Lauzane Paulista e começou a desenvolver um dos poucos lugares que vendia produtos do nordeste na região: rapadura, farinha, pimenta, fava, carne seca, entre outros. Aos poucos a Casa do Norte foi se tornando um bar e restaurante. Gercino mudou de nome, acabou virando o “Bigode” e a Casa do Norte Irmãos Almeida foi virando “Bar do Bigode”. “Isso aqui era um boteco pé sujo, mudou muito”, conta Júlio, frequentador do bar, 52 anos. O ambiente em que hoje se situa o bar é bastante amplo e fica no mesmo endereço em que o Bigode o fundou, lá em 1976. O atual dono, Anderson, filho do Bigode, conta que a cozinha do restaurante e o ambiente para os clientes era a sua própria casa. Em 2008, ele expandiu o bar e acabou tendo que utilizar os espaços de seu antigo lar para dar espaço ao sonho de continuar e crescer com o Mocofava.

Segundo Anderson, seu pai inventou a mocofava – prato que reúne o clássico caldo de mocotó com os ingredientes da favada, composta de fava, carne de sol e linguiça. Além disso, eles também são os criadores da Catubeba, uma mistura meio amarga que reúne o vinho de catuaba com o suco de jurubeba.

Para comer, vale aproveitar o prato que dá nome ao local, que possui grandes pedaços de carne de sol, de linguiça e de mocotó. Mas não deixe de provar o bolinho de carne de sol: sua massa tem uma consistência mais amolecida e o sabor da carne é bastante presente. Acompanhado do molho de ervas finas que lhe é servido no prato, o salgado acaba sendo a melhor opção para quem quer comer uma coisa rápida no bar.

Para beber, você vai encontrar uma grande variedade de cachaças de quase todos os estados da nação. A catubeba é uma boa pedida, porque, além de possuir um sabor totalmente brasileiro, sai por apenas cinco mangos. Para a sobremesa, o Rapatudo é a pedida: sorvete de rapadura, com raspas e melaço do doce sertanejo, pelo preço de 12 dinheiros. O que você acha? “É um puta de um ambiente família”, disse o Júlio, o cliente que trocou uma ideia com a gente.

Seu Gercino continua trabalhando lá, mas quem chefia todo o funcionamento do restaurante é o Anderson. Essa relação pai e filho mantém a tradição que segura um dos mais saborosos restaurantes da região. É, de fato, um puta de um ambiente família.

 

Bar do Berinjela

O Bar do Berinjela teve início em 1964, quando o pai do Zé Berinjela (atual proprietário), decidiu trocar sua barraca na feira, onde vendia berinjelas, por um bar tradicional. Zé Berinjela herdou de seu pai, o apelido, o bar e toda a tradição no cuidado com o preparo das receitas. Tradição que vai desde as entregas vindas do Ceasa, trazendo as berinjelas e outros produtos frescos ao menos duas vezes por semana, até o momento em que o cliente saboreia seu prato e recebe a atenção dos próprios donos, que além de preparar os pedidos, conversam e querem sempre saber se realmente gostamos ou não do que foi servido. São usados em torno de 100 a 120 kg do legume por semana no preparo dos pratos, que incluem os bolinhos de berinjela e também uma berinjela à parmegiana feita na chapa.

Dentro de suas paredes roxas – mais uma homenagem ao ingrediente principal do lugar – o Bar do Berinjela propicia um ambiente familiar aconchegante com música ambiente baixa e decorado por bandeiras de times de futebol e recortes de jornais e revistas onde o restaurante foi destaque. “Aqui é pra trazer a vó, não tem barulho”, explica Dona Débora, esposa do Zé e companheira de trabalho no bar desde 1991. Ela é quem prepara os pedidos e também elabora receitas para renovar o cardápio ou para algumas ocasiões especias como feiras ou concursos. Foi ela quem criou a receita do destaque Surpresa do Berinjela, um bolinho de berinjela e calabresa com recheio de parmesão. A delícia tem tamanho generoso, em comparação aos bolinhos vendidos em outros estabelecimentos, com uma crosta fina e crocante, massa equilibrada com o sabor característico da berinjela e um tempero leve. Completam a receita a calabresa, acrescentando suculência, e o parmesão derretido no meio.

São servidos com um picante molho caseiro de pimenta. Essa receita, aliás, venceu o concurso Comida de Boteco em 2013 – o que aumentou bastante o movimento do pico. Outra receita original do bar, é o quibe de berinjela, feita por Lívia, filha do casal. Além da berinjela, é possível experimentar uma diversidade de bolinhos, como o bolinho de arroz, de carne, de bacalhau, de alheira (um embutido da culinária portuguesa) e de camarão.

A imagem que o bar deixa é de algo preparado, pensado e administrado por uma família que te convidou para conhecer suas receitas tradicionais em casa. “Nós gostamos mesmo do que fazemos!” garante o casal Dona Débora e Zé Berinjela.

 

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