Apaixonado por cozinha desde os 12, Matheus criou a lanchonete após participar das ocupações das escolas públicas
Texto e fotos por: Eduardo Araújo
- Bar
- Comida brasileira
- Panc's (Plantas Alimentícias Não Convencionais)
- Delivery
A paixão de Matheus pela cozinha começou aos 12 anos. Quando fez seu primeiro pão, ficou maravilhado com a alquimia que existe entre a farinha de trigo e a água, que separados nunca poderiam levar sustento para ninguém, mas juntos, podem salvar e nutrir.
Como praticamente toda criança, Matheus Gregorius cresceu devorando besteiras açucaradas e recusando verduras. Mas, aos 17 anos, durante as ocupações das escolas públicas – quando assumiu a cozinha da E.E. José Lins do Rego, no Jardim das Flores, zona Sul, onde estudava –, percebeu o poder que a comida tinha de unir as pessoas em torno de uma causa. “Desde a arrecadação dos alimentos, grande parte deles orgânicos, até a hora do preparo, todos botavam a mão na massa para alimentar os estudantes que protestavam contra o roubo nas merendas”, conta.
Matheus já acompanhava a luta do chef inglês Jamie Oliver para melhorar as merendas das escolas públicas de seu país quando percebeu a precarização da comida na sua própria escola. “Sempre que podia, eu evitava comer, porque eu tinha condição de ter uma janta em casa. Mas ficava imaginando as pessoas que dependiam do suco de caixinha – que é um néctar com água, açúcar e um toque de casca de laranja – e de uns biscoitinhos”, afirma.
Da ocupação, o jovem se engajou na construção do que hoje é a C-Burguer, uma hamburgueria artesanal que tem como missão substituir a química dos lanches fast-food – que são sucesso entre seus amigos – por ingredientes frescos e temperos saudáveis. A lanchonete foi aposta do pai, Damião, que investiu suas economias e hoje é quem atende os clientes do filho.
“O segredo do hambúrguer é misturar os cortes de acém, patinho, fraldinha e músculo, que garantem um sabor único”, afirma Matheus. Os lanches ganham destaque com os molhos caseiros, feitos com maionese, como o molho verde – temperado com ceboulette, tomilho, salsa, cebolinha fresca, picles e limão. Já o molho de pimenta é preparado com pimenta jalapeño, pimenta do reino, páprica defumada e pimenta chipotle.
Os pães eram artesanais. Matheus fez um curso de panificação na Fundação Julita, onde teve seu primeiro contato com uma cozinha industrial, aos 15 anos. Mas com a demanda crescente, a produção não deu conta. “Estamos nos organizando pra voltar a fazê-los”, garante. A qualidade, no entanto, é mantida. “Compramos ingredientes cinco vezes por semana pra ter tudo fresco. Comer é o ato de prazer mais rotineiro que temos. Acredito que seja possível mudar nossa relação como sociedade a partir de como a gente se relaciona com aquilo que come”, diz Matheus, certeiro.
–
Atualização em junho/2020: Matheus passou a cozinhar no Sonego Bistrô, na mesma região. As informações de endereço, valores e contato foram atualizadas 🙂
“Sônego Bitrô é um (bar-restaurante) negócio de impacto social da ONG ORPAS – Obras Recreativas, Profissionais, Artísticas e Sociais que ajuda a melhorar a vida de muita gente no Brasil. O cardápio é criado por jovens capacitados pela Gastronomia Periférica, escola de alta gastronomia na região, e a cozinha tem pratos conceituais e cervejas artesanais feitas até com PANCs (plantas alimentícias não convencionais). Na comunidade, tem engajamento e articulação com diferentes projetos sociais.”
Preço Médio
R$12 a R$50