Tradição nordestina no restaurante que inventou a mistura de caldo de mocotó com favada
Texto e fotos por: Yuri Ferreira
- Bar
- Comida nordestina
- Delivery
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O senhor Gercino de Almeida saiu de Mulungu, cidade de Pernambuco que fica a 280 quilômetros de Recife, e veio para São Paulo com seu irmãos, José Oliveira de Almeida e Gilvan de Almeida. Eles fundaram uma das primeiras casas do norte de São Paulo, localizada na Vila Aurora, Zona Norte de São Paulo.
Em 1974, seu irmão “Zé de Almeida” fundou seu próprio bar na Vila Medeiros, que resultaria no hoje premiado e famoso Mocotó. Em 1976, o Sr. Gercino fundou o seu bar na região do Lauzane Paulista e começou a desenvolver um dos poucos lugares que vendia produtos do nordeste na região: rapadura, farinha, pimenta, fava, carne seca, entre outros. Aos poucos a Casa do Norte foi se tornando um bar e restaurante. Gercino mudou de nome, acabou virando o “Bigode” e a Casa do Norte Irmãos Almeida foi virando “Bar do Bigode”. “Isso aqui era um boteco pé sujo, mudou muito”, conta Júlio, frequentador do bar, 52 anos. O ambiente em que hoje se situa o bar é bastante amplo e fica no mesmo endereço em que o Bigode o fundou, lá em 1976. O atual dono, Anderson, filho do Bigode, conta que a cozinha do restaurante e o ambiente para os clientes era a sua própria casa. Em 2008, ele expandiu o bar e acabou tendo que utilizar os espaços de seu antigo lar para dar espaço ao sonho de continuar e crescer com o Mocofava.
Segundo Anderson, seu pai inventou a mocofava – prato que reúne o clássico caldo de mocotó com os ingredientes da favada, composta de fava, carne de sol e linguiça. Além disso, eles também são os criadores da Catubeba, uma mistura meio amarga que reúne o vinho de catuaba com o suco de jurubeba.
Para comer, vale aproveitar o prato que dá nome ao local, que possui grandes pedaços de carne de sol, de linguiça e de mocotó. Mas não deixe de provar o bolinho de carne de sol: sua massa tem uma consistência mais amolecida e o sabor da carne é bastante presente. Acompanhado do molho de ervas finas que lhe é servido no prato, o salgado acaba sendo a melhor opção para quem quer comer uma coisa rápida no bar.
Para beber, você vai encontrar uma grande variedade de cachaças de quase todos os estados da nação. A catubeba é uma boa pedida, porque, além de possuir um sabor totalmente brasileiro, sai por apenas cinco mangos. Para a sobremesa, o Rapatudo é a pedida: sorvete de rapadura, com raspas e melaço do doce sertanejo, pelo preço de 12 dinheiros. O que você acha? “É um puta de um ambiente família”, disse o Júlio, o cliente que trocou uma ideia com a gente.
Seu Gercino continua trabalhando lá, mas quem chefia todo o funcionamento do restaurante é o Anderson. Essa relação pai e filho mantém a tradição que segura um dos mais saborosos restaurantes da região. É, de fato, um puta de um ambiente família.
Destaque
Mocofava; Bolinho de carne de sol
Preço Médio
R$30
Como Chegar
De Santana: 118C, 1744 ou 917M: descer no ponto da Guacá e descer a Iris Leonor no sentido Lauzane.